"Educados na hipocrisia e na imoralidade pelo Catolicismo, na resignação e na dependência do Estado pelo Absolutismo e no desprezo pelo trabalho pelas Conquistas, os portugueses não se recomendavam à 'geração de 70'. A 'geração de 70', que veio a público numa época de recessão - provocada pela diminuição das remessas do Brasil -, não encontrava nada de redentor na sociedade que a Regeneração (de 1851) fizera. Para Eça ou para Ramalho, Portugal não passava de uma imitação da França, traduzida em calão ou em vernáculo. A grande obra de Eça, Os Maias, acaba na Avenida da Liberdade, uma triste cópia de um boulevard, com amargas considerações sobre o carácter postiço da civilização indígena e da classe média que se passeia na rua, ociosa e ridícula. (...)
Este paradoxo continua a acompanhar os portugueses. Por um lado, não há um cantinho da nossa vida que não se compare com a Europa e não há triunfo que não consista em encontrar semelhanças entre as coisas de lá e as coisas de cá. Por outro lado, os governos proclamam a nossa singularidade atlântica ou (nos casos de incurável loucura) mundial. O país balança entre um 'papel' na Europa, que não encontrou, e um 'papel"' em Angola, no Brasil ou numa selva qualquer da África ou da Ásia, que manifestamente o excede. De qualquer maneira, como lamentava Eça, nesta apregoada época de 'globalização', Portugal está 'desempregado'. Ninguém precisa dele e ele precisa urgentemente de sair da sua velha irrelevância. Imitando, sem imitar, claro. Como de costume e com os resultados do costume". (VPV)
2 comments:
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Para que nos havemos de preocupar com o papel de Portugal no mundo ?
Que se lixe!
( numa desatenção )
Portugal é um pedaço de terra com pessoas inteligentes dentro.
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