24 September 2011

CLAIM YOUR FITINHA, SI US PLAU!



Abre-se a "Única", do "Expresso", e, colada a uma página de publicidade do Millennium BCP, está uma fitinha ridícula acerca da qual um gebo da bola qualquer nos intima a "ir já" a "uma das 900 sucursais" do banco pedir "as restantes" e nos informa que são "as fitas do orgulho português". Empolgado, explica ainda que "este é o momento de mostrar o orgulho que temos em Portugal. De expressar a nossa identidade e sentimento de nação (...) o orgulho que temos no nosso País, na nossa história e na nossa Portugalidade".

É capaz de não ser fácil, num sábado de manhã, "ir já" a alguma sucursal do Millennium... Por outro lado, não tendo, por natureza, nenhum especial "orgulho em ser português" (nem italiano, nem egípcio, nem uruguaio - "vim ao mundo, por acaso, em Portugal, não tenho pátria, sou sozinho e sou da cama dos meus pais"), não me parece que, em particular, neste momento, abundem razões para esse tipo de manifestações tribais. Até porque aquele "expressar" não ajuda muito... Mas o orgulho que, supostamente, deveríamos ter "no nosso País, na nossa história e na nossa Portugalidade" fica definitivamente de rastos quando a Meios & Publicidade nos informa que isto é apenas "o claim da nova campanha de publicidade do Millennium BCP" - viva Portugal! viva a Portugalidade! viva o claim! -, "com criatividade assinada pela Bassat Ogilvy Barcelona" - viva Portugal! viva a Portugalidade! viva a... err... União Ibérica?! (ok, aqui até gostei) - que não deve ter trabalhado de borla por amor à Portugalidade, para a alegadamente à rasca banca portuguesa.

Confirma-se: é muito triste ser parolo.
(já os gatos - admiráveis criaturas sem pátria - adoraram a fitinha)
(2011)

9 comments:

marta morais said...

Isto fez-me lembrar o último disco / música do B Fachada. Para quem não conhece, pode ouvir aqui ou ler aqui.

João Lisboa said...

Bem lembrado.

Beep Beep said...

A Pulseira do Equilíbrio tem finalmente sucessor à altura!

João Lisboa said...

Esta também tem poderes?

luis manuel gaspar said...

muito bom. os meus gatos também acharam graça à fitinha, mas preferiram esfarrapar um rolo inteiro de papel higiénico que estava ali mesmo à mão.

João Lisboa said...

O papel higiénico está a salvo e a fitinha continua a ser um sucesso. Acho que lhes vou - aos gatos - abrir uma conta no Millennium

Beep Beep said...

"Esta também tem poderes?" - Só se for o da gargalhada alheia!

Será que o pessoal que usa esta tb diz "Mudasti"?

João Lisboa said...

Segunda-feira vou estar muito atento aos pulsos do p.o.v.o.

Anonymous said...

Dois discursos do Dr. Oliveira Salazar:


Num sistema de administração em que predomina a falta de sinceridade e de luz, afirmei, desde a primeira hora, que se impunha uma “política de verdade”. Num sistema de vida social em que só direitos competiam, sem contrapartidas de deveres, em que comodismos e facilidades se apresentavam como a melhor regra de vida, anunciei, como condição necessária de salvamento, uma “política de sacrifício”. Num Estado que nós dividimos ou deixámos dividir em irredutibilidades e em grupos, ameaçando o sentido e a força da unidade da Nação, tenho defendido, sobre os destroços e os perigos que dali derivaram, a necessidade de uma “política nacional”.
Política de verdade, política de sacrifício, política nacional, é o que se há feito, é o que
entendo vós aplaudis na vossa mensagem.


Que pena me faz a mim, filho do campo, criado ao murmúrio das águas de rega e à sombra dos arvoredos, que esta gente de Lisboa passe as horas e dias de repouso acotovelando-se tristemente pelas ruas estreitas, e não tenha um grande parque, sem luxo, de relvados frescos e árvores copadas, onde brinque, ria, jogue, tome o ar puro e verdadeiramente se divirta em íntimo convívio com a natureza! Que pena me faz saber aos domingos os cafés cheios de jovens, discutindo os mistérios e problemas de baixa política, e ao mesmo tempo ver deserto esse Tejo maravilhoso, sem que nele remem ou velejem, sob o céu incomparável, aos milhares, os filhos deste país de marinheiros! Temos de reagir pela verdade da vida que é trabalho, que é sacrifício, que é luta. Que é dor, mas que é também triunfo, glória, alegria, céu azul, almas lavadas e corações puros, e de dar aos Portugueses, pela disciplina da cultura física, o segredo de fazer duradoura a sua mocidade em benefício de Portugal.
Eis porque muito bem compreendo o vosso sentir, as vossas aspirações, e porque creio, tanto como no ressurgimento da nossa Pátria pelas virtudes da vossa mocidade, na realização, metódica mas certa, das que me são agora presentes. E porque a primeira de todas é a construção do Estádio Nacional, regozijemo-nos, porque teremos em breve o Estádio Nacional!