Julia Holter - "Meyou" (feat. Jenny Hval)
(sequência daqui) Toque então a campaínha para o início da aula da professora Holter: "Ok, pode ser isso. Mas podemos ver a questão sob vários aspectos. Basta pensarmos, por exemplo, em algumas canções de Bob Dylan... Ou nas canções do Woody Guthrie - que o meu pai Darryl Holter, [historiador do movimento operário norte-americano e "folk singer", que publicou o álbum Radio Songs: Woody Guthrie in Los Angeles 1937-1939] canta - que, sendo tão clássicas, tanto influenciaram o Dylan, sem que isso o tenha impedido de se aventurar em muitas outras direcções. No caso do Woody, aos textos é atribuido o primeiro plano e as considerações propriamente musicais ficam em segundo plano. Mas, se pensarmos na Alice Coltrane ou na Joni Mitchell, são tudo casos e circunstâncias únicos. Podemos sempre abordar a questão de modos diferentes, reflectirmos sobre os vários géneros, formas e estruturas musicais e como isso influencia o caracter da música. Há quem prefira trabalhar no interior de uma estrutura musical pré-estabelecida e quem procure uma total liberdade de movimentos. Mas, em qualquer dos casos, decisiva é a importância de permanecermos criativos, de nos divertirmos enquanto nos debruçamos sobre a música. Tenho consciência de todos estes aspectos mas, quando estou a trabalhar, não penso realmente neles. Encorajo também os meus alunos a reflectirem mas não a fazerem-no interminavelmente".
Quase, quase em cima do toque de saída, uma última pergunta para a professora Julia: entre Aviary e Something in the Room She Moves, existe mais contraste ou continuidade? Previsivelmente, a resposta vem com TPC incluído: "Neste último álbum, encontro semelhanças com todos os meus discos anteriores, não penso que se trate de algo radicalmente diferente. Mas esse é exactamente o tipo de assunto que prefiro deixar nas mãos dos críticos de música". (risos)
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