08 December 2023

ECOS DO FUTURO 


Preparem-se porque vai tratar-se de uma longa viagem de quase 30 anos. Mais ou menos pela mesma altura (1995) na qual Peter Gabriel iniciara a gravação de Up - publicado em 2002 -, havia já embriões de ideias para o que lhe deveria suceder. E data marcada para isso: 2004. Candidatas a figurar em Up, em diversos estados de evolução, existiam mais de 130 canções das quais 10 passariam todos os testes. Acerca das que restavam, Gabriel planeava virem a integrar um álbum com o título i/o (que fora provisoriamente o de Up). Com diversas digressões, a actividade da sua editora de world music "Real World", o envolvimento em múltiplos projectos de âmbito político/social, a gravação de bandas sonoras e dos álbuns de versões Scratch My Back (2010) e New Blood (2011) pelo caminho, 2004 ficara lá para trás. Mas, um ano depois, existia um caldeirão de 150 canções que, com o engenheiro de som Richard Chappell e o percussionista Ged Lynch, ia fazendo borbulhar: "Tenho escrito principalmente sobre o nascimento e a morte, com sexo pelo meio", diria ele, então, à "Rolling Stone". Um salto de 8 anos e, à mesma publicação, confessaria que tinha cerca de 20 canções no forno: "Provavelmente, as coisas não têm acontecido tão rapidamente quanto desejaria. As canções ainda cá estão, embora queira regravar algumas. E há sempre outras novas a aparecer". Mais uma pausa de 6 anos (com problemas de saúde familiares pelo meio) e, finalmente, em 2019, anuncia que desta vez é que é: há 50 ideias prontas a eclodir e até ao final do ano tudo deverá estar concluído. Interrupção dramática para alerta de Covid e comunicado oficial informando que "o lockdown atrasou-nos um pouco" mas "há canções suficientes para gravar um álbum de que me possa orgulhar". (daqui; segue para aqui)

Peter Gabriel - "i/o (Bright-Side Mix)"

1 comment:

Rui Gonçalves said...

Um grande, grande disco, cuja riqueza se vai revelando a cada nova audição e de assimilação menos demorada que o "Up". O regresso em grande de dois músicos veteraníssimos (John Cale e Peter Gabriel) revela que a sabedoria (aliada, nestes casos, à ousadia) ainda é um valor estimável... :-)