12 October 2023

"Israel é um Estado colonial que assenta num racismo de Estado, um racismo que incorporou na figura do palestiniano o seu inimigo único e total. A fundação do Estado de Israel assenta numa profunda lógica de sobrevivência cujo destino não poderá ser outro que o aniquilamento do seu inimigo. Uma das mais terríveis ironias da história: aquele povo que foi nas mãos dos Nazis sujeito às piores atrocidades imagináveis, objecto de um genocídio calculado e implacável, em nome de uma superioridade moral e racial, em nome de um lebensraum, de um espaço vital de sobrevivência, tomou para si a figura, os métodos e a lógica, do seu próprio executor. (...) É o próprio Estado de Israel que se realiza enquanto consumação plena do destino histórico dos pesadelos forjados pelo pensamento político Ocidental: a unidade total entre Estado, Religião e Raça, onde toda a violência é legitimada enquanto violência única e total sobre um território, sobre um sujeito, sobre um povo" (daqui)

18 comments:

Anonymous said...

É curto, escasso.
Preferível ir aqui ao "direitolas"
https://observador.pt/opiniao/e-possivel-ser-se-sionista-e-pro-palestina/

Ou então, o mesmo artigo, no facebook

https://www.facebook.com/mfmcss/posts/pfbid02H8Q9UwAQh4RTx81TyrpArwCbAz8q2szSZ2LbUcdT3L41HgXA57f6bVRBLTtLCJCql (Francisca Soromenho Ascenso )


João Lisboa said...

É um bom texto. Não vejo por que seja menos "curto". Completam-se bem.

Anonymous said...

Deixe-se de esquerdices. O passado já era. Apenas serve para aprender e não voltar a cometer os mesmos erros.
Pegando na deixa anterior, vá ao "direitolas" e leia esta peça do Rui Ramos
https://observador.pt/opiniao/quem-nao-sabe-distinguir-entre-israel-e-o-hamas/

João Lisboa said...

"Esquerdices"? Mas se eu afirmei que o texto anterior se articulava bem com o que postei... e, se existem assuntos acerca dos quais dizer "o passado já era" é um gigantesco disparate, este é, certamente, um deles.

O do Rui Ramos está só acessível a assinantes.

Anonymous said...

"O do Rui Ramos está só acessível a assinantes." Que não seja por isso.



https://observador.pt/opiniao/quem-nao-sabe-distinguir-entre-israel-e-o-hamas/#comment-post-6263080

Rui Ramos, "Quem não sabe distinguir entre Israel e o Hamas?"


"No sábado passado, aconteceu o maior massacre de judeus desde o Holocausto nazi. O que é que pode justificar ambiguidades e demoras no repúdio dos assassinos? O Hamas, que domina pelo terror a população de Gaza, não representa os árabes da Palestina. O Hamas é apenas um exemplo do modo como, desde 1948, regimes e movimentos políticos no mundo islâmico, à falta de qualquer base democrática, procuraram legitimar-se cultivando o ódio contra os judeus, e recusando a decisão da ONU de criar dois Estados na Palestina, um para árabes e outro para judeus. Sim, a fundação de um Estado árabe na Palestina, pacífico e viável, é uma condição da paz na região. Mas para os inimigos de Israel, esse Estado nunca importou: daí que, tendo controlado Gaza e a Cisjordânia durante quase vinte anos a seguir a 1948, nunca o tivessem estabelecido. A sua prioridade era a guerra contra Israel, como agora para o Hamas e os seus patrões iranianos. Quando o Hamas diz que quer “libertar a Palestina”, não está a falar do estabelecimento de um Estado árabe na Palestina, mas da destruição do Estado de Israel. O que aconteceria aos judeus, se o Estado de Israel fosse destruído, viu-se no sábado passado. O que é que aqui é difícil de compreender?

A ocupação israelita de áreas vizinhas depois da guerra de 1967 é um problema? Sem dúvida, mas sempre que Israel retirou de um território, foi para o ver convertido pelos seus inimigos numa base de ataque. Foi o que aconteceu em Gaza. Nem o apaziguamento do Hamas, nem o muro de defesa protegeram Israel. Os israelitas vão ter de recorrer ao que tentaram evitar nos últimos tempos, um confronto directo no terreno. Nenhum Estado no mundo, atacado como Israel, deixaria em paz, na vizinhança, a organização terrorista responsável. Em Gaza, porém, os sicários do Hamas vão usar a população como escudo humano. Mulheres e crianças de Gaza vão morrer, e não são menos para lastimar do que as mulheres e as crianças de Israel. Mas os soldados israelitas – soldados de um Estado de direito democrático – entrarão em Gaza para atacar o Hamas. Os sicários do Hamas entraram em Israel, não para atacar o exército israelita, mas para chacinar civis desarmados em bairros residenciais e num festival de música, e depois se gabarem dessa selvajaria em vídeos que divulgaram pelas redes sociais. Quem é que não percebe que o exército de Israel e o Hamas não estão no mesmo plano?

Para não perceber isso, é preciso um certo entendimento do mundo, que é o da extrema-esquerda ocidental. O Hamas quer destruir Israel, e a extrema-esquerda, pelo menos desde a década de 1960, concebeu a destruição de Israel como parte da sua própria campanha contra a democracia liberal e a economia de mercado no Ocidente. Terroristas da extrema-esquerda europeia colaboraram então com terroristas do Médio Oriente. Agora, os professores universitários que substituíram os guerrilheiros urbanos de 1970 fazem causa comum com os extremistas islâmicos que tentam dominar as populações muçulmanas imigradas no Ocidente. Há cinquenta anos, diziam que era preciso fazer “muitos Vietnames”; agora, querem fazer muitas Gazas. A sua influência nas universidades e nos media permite-lhes criar a confusão moral que convém ao projecto. Mas o problema não é só a extrema-esquerda. O problema é também a outra parte da esquerda, que, sabendo muito bem o que é a extrema-esquerda, legitimou as suas organizações, e as trouxe para a área do poder, porque “todos os votos contam” e o único perigo é a “direita populista”. Esta estranha dificuldade de, num caso tão óbvio, distinguir entre o bem e o mal é um resultado desse oportunismo."

João Lisboa said...

Obrigado.

"Quem é que não percebe que o exército de Israel e o Hamas não estão no mesmo plano?"

Não estão. O Hamas é um bando terrorista sanguinário. Israel é um poder colonial ocupante que defende violentamente uma "terra prometida" imaginária que nem sequer era pré-determinado situar-se naquela geografia.

https://lishbuna.blogspot.com/2023/10/blog-post_9.html

https://lishbuna.blogspot.com/2023/10/blog-post_13.html

João Lisboa said...

... e ainda: https://lishbuna.blogspot.com/2023/10/blog-post_1.html

Miguel said...

"Terroristas da extrema-esquerda europeia colaboraram então com terroristas do Médio Oriente."

Os da direita (mainstream, nem sequer foram os da extrema) colaboraram então com terroristas do Chile e de outros países na América Latina. For the record.

Anonymous said...

Desculpe, esse argumento do "poder colonial ocupante" não cola. É caso para dizer "se a minha não morresse ainda hoje era viva".

João Lisboa said...

Cola, cola. Ora vá lá rever a matéria.

Anonymous said...

Caro João, nenhum país actual daquela zona pode arrogar-se uma localização pré-determinada. NENHUM é um estado-nação, como se pode aferir da abundância de fronteiras lineares, e todos foram criados após a segunda guerra mundial: - Líbano, Siria, Iraque, Israel, Palestina , até o Egipto. Antes, eram apenas territórios integrados no Império Otomano, depois geridos por potências aliadas no periodo entre guerras. No caso do embróglio Israelita, a 'festa' tem origem nas promessas contraditórias feitas pelos Britânicos a sionistas e árabes, como moeda de troca no combate ao império otomano, enquanto secretamente acordavam uma divisão de espólio com a França.
Relativamente à situação actual:
- O Hamas atacou em total desespero para sabotar a concórdia próxima entre Sauditas e Israelitas;
- Apesar da retórica pública dos líderes árabes, ninguém tem interesse num conflito e, pelo contrário, pretende-se estabelecer laços diplomáticos e comerciais com Israel,
- Gaza é uma prisão a céu aberto, mas tem fronteiras com Israel e.. Egipto.
- O Egipto tem as fronteiras encerradas a palestinianos há muito tempo, por medo a que o Hamas tome o lugar da Irmandade Muçulmana.
- Da mesma forma, a Jordânia tem uma relação peculiar com Israel, porque abriu as portas aos refugiados palestinianos anteriormente. Acto contínuo, os palestinianos tentam matar o rei da Jordânia e, depois de uma pequena guerra civil, fecha-se a torneira em 1970. Não preciso sequer de mencionar como a diáspora palestiniana deu origem à primeira e horrenda guerra civil do Líbano.
- Decorrente de tudo o anterior: retórica à parte, ninguém quer alinhar com o Hamas no mundo árabe, todos desejam pouco secretamente o que Israel está a fazer.

Miguel said...

"La monnaie de l'absolu" J-L Godard

https://vimeo.com/229858986

João Lisboa said...

"nenhum país actual daquela zona pode arrogar-se uma localização pré-determinada"

Exactamente, nenhum.

Anonymous said...

Lugares comuns de retórica anti-semita.

João Lisboa said...

Mas conseguiu reparar que há aqui pontos de vista diferentes, ou não?

Anonymous said...

Consigo. O melhor é mandar os israelitas borda fora ou arranjar um campo de concentração parecido com o de Auschwitz.

João Lisboa said...

O que faz falta são génios do seu calibre.

alexandra g. said...

Sim...