13 June 2023

Continuo à espera que alguém explique por que motivo, em quê, de que modo aqueles cartazes são racistas... após quase 5 décadas de manifestações, foi a primeira vez que repararam nos milhares de cartazes (I, II, III), de bom, mau e péssimo gosto, que têm desfilado livremente pelas ruas? Coisa, aliás, de antiquíssima tradição:


(daqui; ver também aqui)

Edit (14:21) - (Não, não foi só ele, era o que faltava, eu também tinha!...) "Marcelo Rebelo de Sousa destacou ainda que no protesto dos professores no 10 de Junho também viu t-shirts com mensagens alusivas a si. (...) 'Isso não foi falado mas estavam lá!'"

12 comments:

Um Jeito Manso said...


Que ideias é que os professores veiculam junto das crianças e adolescentes, seus alunos, ao espetar lápis nos olhos do Primeiro Ministro ou do Ministro da Educação?

É que, neste 'filme', não podemos esquecer-nos que a profissão dos professores tem a ver com crianças e adolescentes. E isso faz toda a diferença.

Perseguir o Primeiro-Ministro com cartazes em que ele está com cara de porco e com lápis espetados nos olhos pode ser visto pelos alunos como um incentivo à violência, à falta de civismo.

Não é essa falta de educação e de civismo nem essa violência que os professores devem exibir junto da população e, em especial, dos seus alunos. Acho eu.

João Lisboa said...

Esse é, naturalmente, um exemplo de péssimo gosto. Mas o ponto essencial aqui é... racistas???!!!...

Acerca do papel dos professores, pode gastar umas horas por aqui: https://lishbuna.blogspot.com/search/label/educa%C3%A7%C3%A3o

Um Jeito Manso said...

Neste caso, não me prendo tanto à palavra que ele usou (se eu estivesse a ser perseguida por aquela gente aos gritos e com cartazes daqueles não sei se teria grande discernimento para escolher uma palavra inquestionável...), mas ao que se passou.

Pô-lo com cara de porco não sei como deve ser classificado, naquele contexto, tal como não sei como se poderia ele referir, numa única palavra, a um cartaz que o mostrasse com lápis espetados nos olhos.

Por isso, penso que desviar a atenção do que se passou para a palavra que o António Costa usou quase deixando passar em claro a violência e a falta de civismo que aqueles cartazes representam, ainda por cima empunhados por professores, não é a melhor ideia.

Basta ver as televisões cheias de gente a discutir se a palavra racista foi bem usada, como se isso fosse relevante. Eu gostava de ver se um daqueles comentadores fosse perseguido na rua por gente aos berros, com cartazes mostrando-os com focinho de porco e lápis espetados nos olhos, e com as televisões a mostrarem aquilo, para toda a gente ver (crianças incluídas) se sentiriam confortáveis...

Enfim.

Eu percebo o seu ponto, João. Só que, no contexto, em minha opinião, esse não é 'o' ponto...

João Lisboa said...

"não me prendo tanto à palavra que ele usou (...) desviar a atenção do que se passou para a palavra que o António Costa usou"

Mas foi, justamente, por a palavra usada ter sido essa que a discussão começou.

"(se eu estivesse a ser perseguida por aquela gente aos gritos e com cartazes daqueles não sei se teria grande discernimento para escolher uma palavra inquestionável...)"

Pois, mas o Costa anda nisto "desde pequenino".

marsupilami said...

Os cartazes acabam por servir de desculpa para que nenhuma das partes tente sequer desafiar o "bluff" da outra, a saber, qual é o projecto educativo que têm para o país? Como nenhuma parece ser particularmente virtuosa neste particular, passam o tempo entre exigências corporativas e constrangimentos financeiros. Todos têm a sua razão e vai-se vivendo de "happenings". É a sociedade do espectáculo. O país, esse eterno ignorado, continua adiado. Vai-se andando, vai-se fazendo pela vidinha, como há tempos ouvimos o Costa explicar ao Maduro. Quem tem massa, resolve o problema no privado. Há uma secessão em curso das "elites".

Ana Cristina Leonardo said...

Só tenho a dizer: vivemos tempos muito, muito estúpidos!

João Lisboa said...

Sem dúvida. E não se esfumarão tão cedo.

jpt said...

Concordo.

Daniel Ferreira said...

«...qual é o projecto educativo que têm para o país?»

Desde Roberto Carneiro que não existe qualquer projecto educativo para esta nação perdida.

João Lisboa said...

O plano inclinado começou, precisamente, com o Roberto Carneiro, aliás, figura de proa de várias outras aventuras:

https://lishbuna.blogspot.com/2014/05/blog-post_9646.html

https://lishbuna.blogspot.com/2009/07/como-diz-o-outro-esta-gente-e-um-nojo.html

João Lisboa said...

... e ainda https://lishbuna.blogspot.com/2016/01/o-que-e-particularmente-terrivel-em.html

marsupilami said...

O discurso do facilitismo serve em boa medida para mascarar a secular vontade das "gentes de bem" em evitar tanto quanto possível a competição com os restantes. Quanto pior preparadas forem as crianças do povo (classe média, perdåo), mais bem protegidos ficam os privilégios. A decadência da escola pública e o pulular de privados caros caíram que nem ginjas para muitos desses poucos. Verdi para o povo? Não querias mais nada, pá!... ;-)