"Veri" (feat. Paleface)
(sequência daqui) Enquanto Ensemble Gamut! entregaram-se, pois, à articulação de instrumentos clássicos, tradicionais e electrónicos aplicados à invenção de intersecções entre música medieval, do Renascimento, folk, improvisada e abstraccionismos ambientais. O álbum de estreia, UT (2020), invocava a primeira nota da escala guidoniana, mais tarde substituída pelo “Dó”, e alargava o espectro a referências extra-nórdicas – Hildegard von Bingen, Martin Codax, Landini, Ockeghem. Agora, o segundo, apropriadamente RE, dirige o alcance sonoro da voz de Aino Peltomaa (e, em ‘Veri’, do rapper xamânico Paleface) e dos "soittu", "jouhikkos", "G-violone", flautas de bisel, harpa e electrónica de Heinonen e Myllylä, sobre reportório oriundo de manuscitos medievais, da tradição finlandesa, das contaminações sueca e russa e do canto rúnico da Karelia. Puríssima folia dançante em "Lapsed Caicki Laolacatt (Personent Hodie)", levitação quase imóvel em "Trina Caeli Hierarchia" ou realidade fantasmática no original "Puu", desde os Hedningarna e Värttinä que as luzes do Norte não brilhavam tão intensas.
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