Não é preciso ser um ultra-radical espumantemente revolucionário para achar que há aqui algo de muito errado, pois não?
"Pedro Soares dos Santos, CEO da Jerónimo Martins, lidera o "ranking da disparidade": recebeu 262,6 vezes mais face à média dos salários dos trabalhadores da dona do Pingo Doce, em 2021"
5 comments:
E qual é o problema?
A questão é que os trabalhadores portugueses têm o que merecem.
Não invejo esses CEO.
Prefiro a gama de preocupações baixa. E poder ver a paisagem todos os dias pela janela do comboio.
O trabalhador português, por norma, é calaceiro e está-se a borrifar para a gestão da empresa.
Há excepções, é claro. A Delta cafés do Nabeiro. Mas, no geral reina a mediocridade laboral e sindical.
"A questão é que os trabalhadores portugueses têm o que merecem"
Enquanto lhes parecer tolerável este estado de coisas e não começarem a actuar de modo drasticamente diferente, merecem.
"O trabalhador português, por norma, é..."
Todas as generalizações são tolas.
Tolo é o senhor que pratica a arrogância em modo continuo.
Afirmar que "todas as generalizações são tolas" - aliás, uma citação de Henry David Thoreau (que, ironicamente, acrescentava "incluindo esta") - é arrogância?...
Mas, se aprecia o argumento infantil "quem diz é quem é", esteja à vontade.
«O trabalhador português, por norma, é calaceiro (...)»
É verdade, mas esqueceu-se de acrescentar que o exemplo vem de cima.
«e está-se a borrifar para a gestão da empresa.»
Primeiro, nem tal oportunidade lhe é dada. Segundo, o gestor não gere a empresa, gere a sua carreira. Mais uma vez: para o trabalhador, o exemplo vem de cima.
«Mas, no geral reina a mediocridade laboral e sindical.»
Em necessário contraponto à mediocridade gestora e associativa empresarial. E dado que, em tempos, alguém teve a infelicidade de elevar a gestão a curso superior, a falta de cultura e espírito crítico cristalizou-se nas empresas. Nunca tanta gente desprovida das mais básicas qualidades ganhou tanto dinheiro. A maioria das pessoas ficaria chocada com a realidade de algumas empresas de «referência» mundial. É isso que choca qualquer pessoa decente.
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