05 June 2022

 O nojo, o asco, o vómito (II): 
passando das palavras aos actos

2 comments:

alexandra g. said...

Acontece também aos homens. E também se chama Guerra. Foi há mais de uma década:
No ano em que o meu querido mano grande (são ambos queridos e grandes, este, é-o por questões cronológicas) decidiu, com a mulher, construir uma casa, após poupanças e mais poupanças, guardou sempre parte do tempo de almoço para ir ver a obra. Um dia, após ter estacionado o carro a uns metros, apercebeu-se de uma gritaria por detrás das paredes ainda em tijolo. Aproximou-se com cautela, escutando e observando. O empreiteiro em funções desancava com palavrões um trabalhador que permanecia em silêncio absoluto. Entrou. Perguntou pelas razões de tamanho teatro (ele não só não diz palavrões - na família, sou eu quem os profere - como é de uma calma proverbial). Alegou então o empreiteiro javardo que o Outro, o silencioso, desrespeitava as Ordens, fazia tudo ao contrário. O meu irmão pediu ao Outro que se pronunciasse:

O terreno tinha (a casa foi vendida, entretanto, após 2 assaltos de extrema gravidade) um declive enorme, na extremidade posterior ao futuro edifício. O Outro referiu que seria necesário um contraforte muito resistente para impedir que águas pluviais ou sismos (área com linhas sísmicas sobejamente conhecidas) fizessem o terreno desabar sobre a piscina do terreno abaixo, contíguo. O empreiteiro não concordava, exigia um muro simples de tijolo. Apurou o meu mano que o Outro era um arquitecto de Leste, com basto currículo. O contraforte foi adiante. O empreiteiro sabotou inúmeras vezes a obra, intimidou o meu irmão, tentou despedir o Outro.

O Outro ficou. O empreiteiro foi despedido.

E assim sucessivamente........

João Lisboa said...

História exemplar. E, suspeito, não rara.