09 March 2022

3 comments:

Ana Cristina Leonardo said...

Até agora, a coisa mais acertada que li sobre isto tudo. E não consegui deixar de pensar que talvez não seja por acaso que foi escrito por uma mulher.

André Pinto said...

Enquanto Inglaterra era bombardeada e ameaçada por uma força militar que lhe era em tudo superior, menos no mar, e decorria a Batalha da Mancha, sem que os EUA fizessem nada, apelar à resistência britânica era animá-los à destruição? Devia o Rei ter-se rendido a Hitler? A Ucrânia devia ter-se rendido, e, portanto, a invasão era inevitável? E perante a rendição de um país vasto, com uma população considerável, grande parte da qual hostil à Rússia, que garantias havia e há de que Putin não arrepiasse caminho invadindo Moldávia, a Geórgia, etc., ou até mesmo a Polónia? Eu acho que a autora do artigo tem vistas muito curtas e não entende bem o que está em jogo. É um exercício enviesado de 'whataboutism' em que o 'what about' fica a muito pouco de responsabilizar directamente pela brutalidade de Putin. Portanto a Ucrânia rendia-se, metia-se um governo fantoche, e o assunto ficava resolvido? Não sei se a autora é britânica, mas se sim, lamento que esqueça a anexação dos Sudetas, vergonhosamente sancionada por um igualmente iludido sr. Neville.

João Lisboa said...

O pior de tudo é que não me parece que exista quem - dos variados lados do conflito - consiga ter ideias minimamente claras acerca de qual a direcção a seguir e o que fazer para, com o mínimo de desgraça possível, chegar lá.

A distinção entre "maus" e "bons" (por mais simplista que possa parecer) nunca foi tão pouco clara. Há, certamente, invadidos e invasores. Mas ir significativamente além daí não é fácil.