04 February 2022

"Long The Day"
 
(sequência daqui) Se, há seis anos, a propósito do álbum de estreia, From Here, era inteiramente legítimo descrever a sua música como “crua, abrasiva, ‘no nonsense’, proletária e encardida, com a alma dos Watersons e faca punk na liga”, Hold Fast (2020), “rude e sofisticado, electrónico e artesanal”, assinalava o instante em que “a raiz tradicional, a História, a literatura popular e o remoínho da(s) folk(s) se embrenham na modernidade e renascem mais uma vez”. A ascensão que aí se iniciava conclui-se agora, algures entre os milhares de anéis de Saturno e um qualquer exoplaneta onde se desfibra a memória das origens, a pura abstracção sonora é rasgada por interferências – pulsações oriundas do "Tottenham Hale Monolith", vozes "auto-tuned" tropeçando em estlhaços de Sonic Youth, ficheiros midi de 1600 vaporizados em jogos de vídeo – e o exacto ponto onde tudo começou ficou para sempre perdido. Sem regresso possível.

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