(sequência daqui) Quando Klaus Voorman (baixista, amigo dos Beatles desde os tempos heróicos de Hamburgo e autor do desenho da capa de Revolver) pôs o pé dentro do que, em breve, iria ser conhecido como os estúdios de Abbey Road, não fazia a menor ideia do que ali estava em curso. Sabia apenas que, na companhia de George e Ringo, iria gravar 15 canções e, no dia seguinte, outras tantas. Meia dúzia nunca chegaria a conquistar lugar no álbum mas as outras foram entregues nas mãos de Phil Spector. A partir daí, enquanto Harrison acendia velas e pauzinhos de incenso junto a um pequeno altar no interior do estúdio e autorizava que os seus amigos do movimento Hare Krishna circulassem livremente, Spector exigia luzes muito fracas e o ar condicionado no máximo – a temperatura deveria ser tão baixa quanto humanamente suportável. Eram essas as condições ideais para dirigir a imensa trupe de músicos que incluía duas baterias, pianos, orgãos e sintetizadores vários (tocando as mesmas harmonias em diferentes oitavas), cinco guitarras rítmicas, cordas, percussões, sopros e coros, numa orgia de eco, "reverb" e "overdubs". Pelo caminho, Spector foi-se aborrecendo com os atrasos na gravação (Harrison, por motivos familiares, tivera de se ausentar), e acabou por fracturar um braço, para o que os dezoito "cherry brandies" de que necessitava para começar a carburar terão, certamente, contribuído. O pacífico George irritou-se e acabou por concluir a produção do álbum sozinho, isto é, com a multidão de músicos (Gary Brooker, Peter Frampton, Eric Clapton, Dave Mason, Carl Radle, Bobby Keys, Phil Collins, Jim Price, Gary Wright, Tony Ashton, Billy Preston, Jim Gordon, Pete Drake) que nele foram participando. (segue para aqui)
06 October 2021
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