25 October 2021

EM BUSCA DE FANTASMAS
 

Em 1967, Richard Brautigan – romancista, contista e poeta a meio caminho entre a geração "beat" e a contracultura de São Francisco da época, figura menor mas de culto persistente – publicou 1500 cópias do poema “All Watched Over By Machines Of Loving Grace” o qual, como aconteceu com várias das suas obras iniciais, distribuiria gratuitamente pelas ruas. É uma visão "naïve" de um ciberbucolismo filho de Thoreau, Lafargue e das utopias tecnológicas da época (“I like to think – it has to be! – of a cybernetic ecology where we are free of our labors and joined back to nature, returned to our mammal brothers and sisters, and all watched over by machines of loving grace”) que, relido mais de meio século depois, arrepia um bocadinho quando imaginamos o que poderiam ser (ou no que se tornariam) as “machines of loving grace”. Mas que, enquanto título alusivo da sexta faixa de The Hill, The Light, The Ghost, quinto álbum das Haiku Salut (Gemma Barkerwood, Sophie Barkerwood e Louise Croft, executantes de acordeão, piano, glockenspiel, trompete, trombone, guitarra, ukulele, percussões, melódica, malletkat, sintetizadores, e o resto a que chamam “loopery and laptopery”), sintetiza bem o geométrico pastoralismo assombrado de todo o disco. (daqui; segue para aqui)
 

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