Tenho família no Brasil há quase 50 anos, por isso permita-me explicar uma das muitas coisas coisa que aprendi sobre esse país ingovernável.
A rachadinha não é um escândalo que aparece aqui e ali. É uma regra que admite poucas ou nenhumas excepções, e faz parte da identidade política brasileira. Os políticos contratam os seus subalternos (e estes contratam outros) por salários anormalmente elevados precisamente para ficar com metade. Nem sequer é um "open secret". Faz parte da política brasileira e ponto final. Apenas não está escrito na lei.
Ir buscar agora esse assunto em relação ao Bolsonaro carece, por isso, de sentido. É verdade que o Bolsonaro é idiota, autoritário e tudo o mais, mas levar a sério a imprensa que se atira a ele também é, principalmente o que vem da Globo: desde que o Bolsonaro lhe fechou (e muito bem) a torneira do graveto que permaneceu décadas aberta pela esquerda, que esta empresa tomou como objectivo atacar o homem sem dó nem piedade.
A imagem que temos do Brasil é a que nos chega através da imprensa. É, na generalidade, uma imagem pouco fiel, que peca pela falta de surrealismo que caracteriza aquele país.
O "ponto final" é que não me parece que deva ser inevitável. Como muitas outras coisas que, se calhar, também fazem parte da surreal "identidade política brasileira", há-de haver forma - a bem ou a mal - de a extrair. Por assunto muito insignificante que seja, dizer que é assim e assim será, é, de certeza, uma aitude condescendente em relação a alguma suposta "menoridade" inata do Brasil.
3 comments:
Tenho família no Brasil há quase 50 anos, por isso permita-me explicar uma das muitas coisas coisa que aprendi sobre esse país ingovernável.
A rachadinha não é um escândalo que aparece aqui e ali. É uma regra que admite poucas ou nenhumas excepções, e faz parte da identidade política brasileira. Os políticos contratam os seus subalternos (e estes contratam outros) por salários anormalmente elevados precisamente para ficar com metade. Nem sequer é um "open secret". Faz parte da política brasileira e ponto final. Apenas não está escrito na lei.
Ir buscar agora esse assunto em relação ao Bolsonaro carece, por isso, de sentido. É verdade que o Bolsonaro é idiota, autoritário e tudo o mais, mas levar a sério a imprensa que se atira a ele também é, principalmente o que vem da Globo: desde que o Bolsonaro lhe fechou (e muito bem) a torneira do graveto que permaneceu décadas aberta pela esquerda, que esta empresa tomou como objectivo atacar o homem sem dó nem piedade.
A imagem que temos do Brasil é a que nos chega através da imprensa. É, na generalidade, uma imagem pouco fiel, que peca pela falta de surrealismo que caracteriza aquele país.
Mas gostei do título do post. Parece aquele filme do Peter Greenaway :-)
"Faz parte da política brasileira e ponto final"
Como a "gasosa" em Angola.
O "ponto final" é que não me parece que deva ser inevitável. Como muitas outras coisas que, se calhar, também fazem parte da surreal "identidade política brasileira", há-de haver forma - a bem ou a mal - de a extrair. Por assunto muito insignificante que seja, dizer que é assim e assim será, é, de certeza, uma aitude condescendente em relação a alguma suposta "menoridade" inata do Brasil.
E estava mesmo a pensar no Greenaway.
:-)
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