"A santa resiliência: (...) Basta ouvir os nossos políticos para perceber que a resiliência se tornou uma ideologia: a ideologia do sofrimento e da infelicidade que salvam e purificam. O resistente estava disposto a quebrar; o resiliente é maleável, adapta-se a tudo, não tenta alterar nenhuma ordem, mas, pura e simplesmente, fazer o jogo da ordem presente para daí retirar ganhos. A táctica da resiliência é o consentimento. Por cada crise, infortúnio ou catástrofe, os arautos da resiliência prometem que 'vamos sair daqui ainda mais fortes'. Toda a felicidade é conseguida à custa da infelicidade, e é sempre a destruição que é uma fonte da reconstrução. Aliás, o pressuposto da resiliência, essa terapia inventada nos gabinetes clínicos da aliança económico-política, é que a infelicidade é um mérito e a destruição uma bênção. Uma coisa que tem o nome de 'Plano de Recuperação e Resiliência' poderia ser uma prescrição médica seguida numa associação de alcoólicos anónimos. Tudo neste jargão político tresanda de vício e de uma execrável ideologia" (AG; leitura complementar aqui)
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3 comments:
Mostraram-me um vídeo de propaganda corporativa de uma grande empresa nacional, em que se mostrava funcionários das várias áreas e países enaltecendo a instituição. Os funcionários estrangeiros falavam em espanhol e inglês. Legendas? Ora essa! O lusitano tem o dever do poliglotismo, já que o seu próprio idioma é uma deselegância aromatizada a couves e fumeiro. Prefere-se o sushi de aeroporto, que é o Inglês praticado pelos nacionais, à fragante galinha com arroz camiliana.
Mas será a galinha com arroz devidamente resiliente?
Resiliente é o cabrito(a). À moda de Monção...
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