(sequência daqui) "A narrativa cocaniana é uma luta alegórica que valoriza o Carnaval diante da Quaresma. A terra maravilhosa com os seus excessos alimentares, alcoólicos e sexuais é um Carnaval ininterrupto. (...) Ao contrário das demais festas, cujo espírito pagão não tinha sido anulado pela evangelização, a Quaresma era essencialmente cristã. Apesar de as suas restrições terem sido flexibilizadas ao longo da Idade Média, ela continuava a ser um dos grandes símbolos da cultura eclesiástica, daí a forte e difundida resistência laica a ela. (...) A Quaresma também é ridicularizada pelo Fabliau de Coquaigne, segundo o qual ela ocorre no país maravilhoso apenas uma vez a cada vinte anos. E ainda por cima, sem restrições alimentares ou sexuais. A Cocanha, terra da vida (fartura, juventude, sexo livre), nega a Quaresma, símbolo da morte (jejum alimentar, abstinência sexual, decadência física)" (Hilário Franco Júnior - Cocanha - A História de Um País Imaginário - 5)
Cocanha - "Dempuèi Auriac" (do álbum i ès ?, aqui na íntegra)
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