05 February 2021


"(...) O aclamado e vilipendiado autor de Animal Farm sempre aconselhou que se tivesse como modelo a prosa limpa de Swift, onde não há uma palavra desperdiçada: uma prosa lúcida, bela na sua simplicidade, escorreita, directa, certeira, não rendilhada nem enredada, em suma, um potente veículo para transportar ideias. Gonçalo M. Tavares, pelo contrário, serve-se de uma prosa arrebicada, contorcida, pretensiosamente oracular, própria de uma pitonisa em elevado grau de intoxicação. (...) A prosa oracular, pretensiosa, indigesta e, por fim, provinciana, de Tavares, parece ser muito apreciada em certos meios lusíadas. Mau sinal, acho eu, para o estado mental da nossa grei. Por detrás de muita prosa pomposa, esconde-se muitas vezes uma enorme trapalhada. Bertrand Russell, grande lógico/matemático, denunciava, na aclamadíssima filosofia de Sartre, um mero e patético acervo de 'extravagâncias linguísticas'. Tavares cultiva muito este universo de puras extravagâncias linguísticas. E, por favor, não me respondam com argumentos de autoridade, do género: ele é muito traduzido. Paulo Coelho e Barbara Cartland também o são. Qualquer bom oficial de relações públicas consegue milagres. (...)" (Eugénio Lisboa, aqui)

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