“'São muitas décadas de empobrecimento e de secundarização das Humanidades'
António Carlos Cortez, “Explicar André Ventura ou um aviso à navegação”, in PÚBLICO, 25/01/2021
Gostaríamos de acreditar nesta tese de que as Humanidades imunizam
contra o Mal; e de que elas inoculam um reforço cívico. Infelizmente
(mas não teríamos também muito a perder com esta tese transformada em
axioma?), tal não se verifica. Nem precisamos, para refutá-la, de
recorrer ao exemplo de George Steiner, formulado mais ou menos nestes
termos: como é que tão perto de Weimar nasceu o campo de Buchenwald? * De
resto, a interrogação a que Steiner tenta responder não tem uma lógica
diferente da afirmação de António Carlos Cortez, na medida em que também
pressupõe uma superioridade moral, cívica e civilizacional das
Humanidades. Ambos, no fundo, continuam a querer tornar operacional uma
oposição que já Burckhardt, no final do século XIX, tinha dito que era
não pertinente: a oposição entre civilização e barbárie. Por outro lado,
a quantidade de celerados, terroristas e energúmenos que integram com o
seu génio a história das Humanidades deita por terra esta tese
benevolente" (AG)
* ver aqui
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