12 February 2020


"A presidente do Conselho Regional da Europa (CRE) das Comunidades Portuguesas, Luísa Semedo, demitiu-se do cargo por se recusar a encontrar-se com o deputado do Chega, André Ventura, que considera ser um veículo de propagação de ódio"

15 comments:

Daniel Ferreira said...

"O racismo, o fascismo, o nazismo, o sexismo, a homofobia não são opiniões, são crimes”

Como seria de esperar, esqueceu-se do maior homicida do século XX: o comunismo.

Nas ditaduras é que as opiniões são crime. A Luísa convive mal com a democracia. Boa viagem.

João Lisboa said...

Esse despique entre quem matou mais no século XX (e XXI) é o género de debate com que, francamente, não adiante perder um minuto. Sim, os Estaline, Mao, Pol Pot, Kim (vários), Ceausescu & etc mataram mais/menos quantos milhões do que Hitler, Mussolini, Pinochet, Videla?

É uma questão de contabilidade?

Daniel Ferreira said...

O «maior» não tem a ver com contabilidade (a sério, acha mesmo que me referia a isso?!), mas com a impossibilidade de passar despercebido. Esta omissão é sempre intencional, como bem sabe.

Anonymous said...

E os outros :
Hiroxima e Nagasaki
Vietnam
Índios
Escravos negros
Etc

João Lisboa said...

"Esta omissão é sempre intencional"

Para dizer a verdade, quer parecer-me que, à excepção de um reduzido número de comunistas muito "old School", ninguém acha seriamente que os Estalines & Cº foram gente frequentável e que os respectivos regimes ainda são exemplo a seguir. E só porque a história dos PCs vai, inevitavelmente, dar aí é que continua a haver uns quantos com "dúvidas" sobre se "a Coreia do Norte é ou não uma democracia". No fundo, no fundo, dão-se muitíssimo bem com a "democracia burguesa" e só querem umas migalhas maiorzinhas do bolo.

Mas há, realmente, uma percepção diferente do comunismo e dos nazi/fascismos: se um terá sido "um lindo sonho que correu muito mal", e cuja "pureza" foi "conspurcada" e "traída", sobre os outros a (quase) ninguém ocorreria tal ideia.

Isso já foi discutido nesta caixa de comentários:

https://lishbuna.blogspot.com/2020/01/the-hippies-came-from-this-folkloric.html

João Lisboa said...

"E os outros: Hiroxima e Nagasaki..."

É inevitável, começou o ping pong...

Assim não adianta.

Over & out.

pcristov said...

O termo Whataboutism ainda não entrou no vocabulário português?

Anonymous said...

Não é uma questão de contabilidade. É uma questão de Haver!

O racismo, o fascismo, o nazismo, o comunismo, o sexismo e a homofobia não são opiniões, são crimes

Paulo Costa

Anonymous said...

Aposto que essa Luísa Semedo é do bloco de esquerda!

Anonymous said...

Pois, o povo vota, a Democracia dá voz a um «direitista», mas isso já «não é «Democracia» porque só é Democracia quando quem ganha «somos a gente»...

João Lisboa said...

"O termo Whataboutism ainda não entrou no vocabulário português?"

Ei-lo: https://lishbuna.blogspot.com/2018/08/blog-post_31.html

... e transformado em orientador de trânsito:

https://lishbuna.blogspot.com/2017/10/ponto-de-ordem-de-agora-em-diante-todos.html

Anonymous said...

"Luísa Semedo, demitiu-se do cargo por se recusar a encontrar-se com o deputado do Chega, André Ventura, que considera ser um veículo de propagação de ódio"

Veículo de propagação de ódio? E os comunistas são veículos de quê?

A Srª Luísa Semedo ao recusar-se encontrar com André Ventura praticou um acto de ódio.

Rosa Macedo

João Lisboa said...

"E os comunistas são veículos de quê?"

Outra vez o Whataboutism: https://lishbuna.blogspot.com/2018/08/blog-post_31.html

(é aterrador reparar como o - chamemos-lhe assim - pensamento de imensa gente é puríssimo whataboutism... e mais nada!...)

Daniel Ferreira said...

«Para dizer a verdade, quer parecer-me que, à excepção de um reduzido número de comunistas muito "old School", ninguém acha seriamente que os Estalines & Cº foram gente frequentável e que os respectivos regimes ainda são exemplo a seguir. E só porque a história dos PCs vai, inevitavelmente, dar aí é que continua a haver uns quantos com "dúvidas" sobre se "a Coreia do Norte é ou não uma democracia".»

Não vejo que haja assim tão poucos comunistas de linha dura. Os sindicatos e os PCs estão cheios deles, os deputados são sempre dessa linha e nenhum democrata entra para os quadros de um PC. A cassette não mudou e, ainda assim, os comícios estão cheios. Não é lógico as pessoas saberem o mínimo sobre os crimes do comunismo e não terem problemas em se assumirem partidários, ainda para mais quando há opções de esquerda muito mais moderadas.

«Mas há, realmente, uma percepção diferente do comunismo e dos nazi/fascismos: se um terá sido "um lindo sonho que correu muito mal", e cuja "pureza" foi "conspurcada" e "traída", sobre os outros a (quase) ninguém ocorreria tal ideia.»

Uma leitura atenta da literatura comunista não permite identificar propriamente um lindo sonho. Contudo, só posso falar por mim.

Ainda assim, creio haver uma explicação fácil para essa ideia do «lindo sonho que correu mal». Quando se deu a Revolução Russa, a maioria das nações europeias tinha uma classe proletária e camponesa (com proporções variadas) que vivia nas mesmas condições e se solidarizou. Num país propositadamente fechado e com gente no exterior disposta a atenuar o que se ia sabendo (entre outros, o ilustre George Bernard Shaw), a percepção no exterior tinha necessariamente de diferir da realidade.

Após a Perestoika, aquilo que, durante décadas, foi do conhecimento quase exclusivo de alguns segmentos mais esclarecidos, veio a público com estrondo. Aos renovadores dos PCs, que finalmente ligaram à terra e perceberam que o paradigma tinha de mudar, foi-lhes apontada a porta de saída. E o braqueamento continuou. O coro de reacções poéticas e elogiosas aquando da morte do Fidel foi um dos exemplos mais recentes. A Festa do Avante é outro empreendimento branqueador de longa data, na veia do «pão e circo».

O caso da Alemanha foi diferentes. Tendo saído humilhada e arruinada pelo tratado de Versalhes, era a ela que o sonho proposto por Hitler se dirigia, num contexto muito específico que pouco ou nada significava para os restantes países, excepto pelo risco óbvio em que se estava a tornar. Consequentemente, a percepção do nazismo no estrangeiro foi quase sempre muito negativa e as revelações do pós-guerra só a veio reforçar.

João Lisboa said...

"A cassette não mudou e, ainda assim, os comícios estão cheios. Não é lógico as pessoas saberem o mínimo sobre os crimes do comunismo e não terem problemas em se assumirem partidários, ainda para mais quando há opções de esquerda muito mais moderadas"

E as votações na CDU vão mirrando paulatinamente... o que, para um partido que já não sonha - definitivamente, já não sonha - com "a revolução", é bastante trágico. Isto num dos raros países em que ainda existe um PC que não é apenas residual... ou inexistente.

"Aos renovadores dos PCs, que finalmente ligaram à terra e perceberam que o paradigma tinha de mudar, foi-lhes apontada a porta de saída"

E os que ficaram do lado de dentro foram-se lentamente (ou não tão lentamente) extinguindo.

"O caso da Alemanha foi diferente..."

De acordo.