29 January 2020


16 comments:

Anonymous said...

"When Jeremy Corbyn was elected leader of the Labour Party, however, Benge and Wyatt became enthusiastic supporters."

Brian Eno, Robert Wyatt... Quando é que figuras tão importantes no ofício da música meterão nos cornos que "A César o que é de César" no domínio da politica partidária e irão deixar de apoiar politicas de figuras tristes, cinzentas e decadentes como o Jeremy Corbyn (ou qualquer outro, seja de esquerda, direita, ou outra merda qualquer) ?

Lászlo Vadasz

João Lisboa said...

Brian Eno, Robert Wyatt & outras "figuras tão importantes no ofício da música" são inteiramente livres de apoiar quem muito bem entenderem. Como, aliás, qualquer outra pessoa que não seja "figura tão importante no ofício da música". Quer apoiem aqueles de quem "nós" gostamos ou não. O que só demonstra que têm convicções e se estão (muito bem) nas tintas para o efeito inevitavelmente divisivo que isso terá no "seu público". Ou só advogados, médicos, economistas e pedreiros é que podem exprimir preferências políticas?

E, no caso de Wyatt, sem acolchoar as palavras: embora não seja nenhuma novidade, recorda ter sido "active member of the Communist Party".

Já agora, a entrevista é publicada no "Morning Star", "in line with Britain's Road to Socialism, the programme of the Communist Party of Britain" - https://en.wikipedia.org/wiki/Morning_Star_(British_newspaper) -, cujo resultado eleitoral mais elevado foi 1,229 votos, em 2015, i.e., 0% (https://en.wikipedia.org/wiki/Communist_Party_of_Britain#General_election_results). Não anda, de certeza, à procura da popularidade...

Anonymous said...

Os artistas nao deveriam tomar partido.
Intervir politicamente sim,partidos não

João Lisboa said...

Portanto, só advogados, médicos, economistas e pedreiros é que podem exprimir preferências políticas, é isso? E hortofruticultores, podem?

Anonymous said...

O sr está a imaginar o sergio godinho fazer campanha pelo psd? Não bate a bota com a perdigota. O imaginário que é criado através da produção musical não tem as mesmas consequências no dominio das produções que invoca.

João Lisboa said...

"O sr está a imaginar o sergio godinho fazer campanha pelo psd?"

Se ele estivesse para aí virado, era lá com ele. Poderia achar que era um desperdício mas essa de "o imaginário que é criado através da produção musical não tem as mesmas consequências no dominio das produções que invoca", para além de ser uma frase incompreensível, recorda-me que... https://sol.sapo.pt/artigo/672265/paulo-de-carvalho-fez-o-hino-da-cdu-depois-de-ha-40-anos-ter-feito-o-do-psd

t. said...

Eis uma afirmação que recentra discussão no uso dado à palavra(extraída da biografia autorizada 'Different Every Time'): ‘People say communism is as bad as fascism, but while the rhetoric of fascism is horrible in the first place, the rhetoric of communism can be very attractive’

Anonymous said...

"para além de ser uma frase incompreensível"

Passo a explicar: as produções artísticas produzem naqueles que as usufruem sensações, emoções, pensamentos. Muitas vezes contribuem para os sonhos que as pessoas sonham para as suas vidas. São auxiliares de memória e guias para a vida.
Quando um artista apoia um partido ou um candidato na arena partidária, está,para muitos dos seguidores, a destruir algo que esse artista fez e que contribuiu para o crescimento dessa pessoa. Normalmente, quando isso acontece, aparece a surpresa e a desilusão.

As mensagens artísticas passam depois a ser sentidas e reflectidas à luz
desse facto. A representação original que era aberta a todos os possíveis dilui-se e fecha-se noutro significado. Mais restritivo e com menos alcance.

O exemplo que dá do Paulo Carvalho é bom e assenta que nem uma luva.

Quando soube que ele tinha aderido ao totalitarismo, vendi logo tudo o que tinha na feira da ladra.

Hoje não consigo ouvir um único tema de Paulo de Carvalho. Quando aparece o tipo na rádio, mudo de posto.

Tudo ficou contaminado.

João Lisboa said...

"‘People say communism is as bad as fascism, but while the rhetoric of fascism is horrible in the first place, the rhetoric of communism can be very attractive’"

É um bocado isso, sim.

João Lisboa said...

"As mensagens artísticas passam depois a ser sentidas e reflectidas à luz desse facto"

Embora não exactamente o mesmo, o Dylan da fase "born again" pôs muita gente (eu incluído) a pensar que já não haveria grande coisa a esperar dele. Mas não anulou - muito longe disso - tudo o que estava para trás. E, quando emergiu do outro lado do túnel, não houve motivo para não o saudar.

"Quando soube que ele tinha aderido ao totalitarismo, vendi logo tudo o que tinha na feira da ladra. Hoje não consigo ouvir um único tema de Paulo de Carvalho. Quando aparece o tipo na rádio, mudo de posto"

Eis um problema que não tenho: nunca suportei a criatura.

João Lisboa said...

... mais intrigante do que todo o resto: ainda não apareceu nenhum indignado a espumar que "os Grateful Dead eram uma banda do caraças!..."

Anonymous said...

‘People say communism is as bad as fascism, but while the rhetoric of fascism is horrible in the first place, the rhetoric of communism can be very attractive’

Não entendo onde Wyatt queria chegar com esta...

Mete fascismo e comunismo na balança, pe(n)sa e depois conclui que a retórica do comunismo é muito atractiva...Que implicitamente o horrível está do lado fascismo e não do comunismo????....

Descortinará o João Lisboa algo que não esteja a perceber?

João Lisboa said...

É isto mesmo: "the rhetoric of fascism is horrible in the first place, the rhetoric of communism can be very attractive"

Independentemente das conhecidas consequências históricas, ler o Manifesto Comunista ou o Mein Kampf não é, seguramente, o mesmo.

Anonymous said...

Meu caro

De bons livros está o inferno cheio...

A natureza humana é como é.

Fascismo=Comunismo.

Por isso prefiro a liberdade, a selva da democracia e a "exploração capitalista"...

Um dia, quem sabe, seremos melhores.

Kevin

João Lisboa said...

"De bons livros está o inferno cheio"

Sim, mas era disso que se tratava, não era?

Anonymous said...

Sim, era.

Kevin