INGLESES LIVRES
Durante a Guerra Civil inglesa do século XVII (1642–1651), os Levellers eram perigosos radicais. Exigiam coisas impensáveis como a soberania popular, o sufrágio alargado, a igualdade perante a lei e a tolerância religiosa (quando, fiéis a velhos hábitos, os cristãos – católicos e protestantes – se matavam alegremente, uns aos outros). Não seriam tão extremistas quanto os Diggers, propagandistas da igualdade absoluta – incluindo a igualdade entre homens e mulheres – e pioneiros das preocupações ecológicas, mas o pensamento dos “ingleses livres” John Lilburn, Richard Overton, William Walwyn e Gerrard Winstanley, embora derrotado em 1650, reemergiria com a Revolução Francesa e a Declaração de Independência americana. Bastante depois, em 1988, outros Levellers apareceriam em Brighton: Mark Chadwick, Jeremy Cunningham, Charlie Heather, Jon Sevink, Simon Friend e Matt Savage, colectivo anarco-punk-folk oriundo dos "squats" locais, segundo eles mesmos, “um produto da Inglaterra de Margaret Thatcher” (flashback histórico tragicamente irónico: a 21 de Setembro de 1988, Thatcher anunciava que “se oporia com unhas e dentes a qualquer tentativa da Comunidade Europeia de se transformar numa união política em que a Grã Bretanha tivesse de ceder poderes”), inspirado pelos Crass, e porta-voz das subculturas nómadas ("travellers", "crusties", e outros neo-hippies com agenda anarquista).
Improvavelmentee, o segundo álbum, Levelling The Land (1991) tornar-se-ia um êxito de vendas e, em 1994, no Festival de Glastonbury, actuariam perante 300 000 pessoas. Daí em diante, a projecção dos Levellers ir-se-ia atenuando e, até 2012 (quando publicaram o, até agora, último, Static on the Airwaves), gravariam um total de 10 álbuns. We The Collective, comemorando o 30º aniversário da banda, repesca 8 clássicos do grupo, acrescenta-lhes dois originais e uma versão de "Subvert", dos Zounds, gravados em Abbey Road com uma secção de cordas. O espírito primordial permanece – abundam tiradas panfletárias como “If you gotta job, you can be an agent, you can work for revolution in your place of employment, if you work in a factory, throw a spanner in the works, internal sabotage, hit them where it hurts” e “How proud you must feel as you’re cutting your deals, with arms manufacturers greasing the wheels, selling bullets and bombs to the men with guns taking lives” – mas, desta vez, tempestuosa e cinematicamente orquestral.
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