"(...) Bem sei que uma tradição de pensamento quase canónica nos assegura que o patriotismo é doce e bom, enquanto o nacionalismo é amargo e mau; e que o primeiro é benévolo e tolerante em relação às diferenças culturais e às minorias étnicas e religiosas, enquanto o segundo é agressivo em relação a tudo o que considera estrangeiro e, levado aos seus extremos, constitui uma regressão a um estado guerreiro e de existência tribal. Mas este discurso que pretende distinguir duas formas de pertença a uma comunidade, dizendo que elas são completamente diferentes, baseia-se em falácias ou em critérios tão plásticos que servem para tudo e para nada. (...) É verdade que ser patriota não significa reivindicar um direito adquirido pelo sangue (isto é, por via dos nosso progenitores) e pelo solo (isto é, por fusão com a entidade nacional onde se inscreve o lugar de nascimento). Mas significa termos orgulho nessa coisa que se chama cidadania e sentirmos amor pela 'pátria', essa entidade tão mítica como é, para o nacionalismo, o mito nacional-estatal. O nacionalismo é o patriotismo dos outros, mas os patriotas (de Esquerda e de Direita) salvam a sua boa consciência dizendo que o patriotismo e o nacionalismo não coincidem na mesma reivindicação identitária. É verdade que, nesse aspecto, exibem algumas diferenças, mas ambos, com mais ou menos essencialismos à mistura, não prescindem das identidades, das pesadas cristalizações históricas, culturais e geográficas" (AG) + leitura complementar
29 December 2017
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