30 December 2016

"(...) A ideia de comunidade homossexual, não designando nenhuma entidade formalmente constituída, mas apenas uma abstracção estatística ou uma ficção menos fabulosa e inocente do que os unicórnios, tem origem numa generalização que expropria os indivíduos da sua singularidade e os rasura. A comunidade homossexual é como a noite onde todos os gatos são pardos. Esta gente que faz associações de grupo e cria ficções identitárias transforma os indivíduos em marcas, em portadores de uma bêtise, de uma estupidez, que é afinal a de quem os nomeia como comunidade. Supor que os indivíduos homossexuais são representáveis numa comunidade fundada em pressupostos de pertença e identidade é próprio dos discursos tendencialmente essencialistas. Começa-se na 'comunidade homossexual' e acaba-se a denunciar os lobbies gays, a clamar pela Família em vias de destruição, pela Civilização ameaçada e pelo Ocidente em declínio. Todo o processo identitário, enraizado muito profundamente nas nossas representações colectivas, tem uma grande capacidade em maquilhar-se, mas é de uma violência constante. (...)" (AG) - ler também aqui

3 comments:

Anonymous said...

Os gays berram por direitos,ou simplificando a questão,querem apenas protagonismo? na sociedade virtual onde os rebanhos são incentivados a existir,a unica coisa que toda a gente quer é falar da sua vida privada,o que convenhamos é um tedio,porque "as vidas" de quase toda a gente ,não tem nada de excepcional,todos consumimos a mesma informação,todos fazemos a mesma coisa,todos temos o mesmo para dizer.Para mim,o sexo é da esfera privada,e pratica-se ou não,o resto é conversa.joão lopes

João Lisboa said...

O texto do AG não é acerca de os gays "berrarem por direitos" mas sobre as ficções identitárias de "comunidades" inexistentes. Há gays, não há "comunidade gay".

Por isso mesmo é que acrescentei um link para outro post deste blog em que abordo o mesmo tema sob outro ângulo.

Já agora, era de ler o texto do AG na íntegra.

Anonymous said...

Mas foi precisamente o conceito de comunidade(rebanho) que eu critiquei.Mais(e ironia minha):basta ver/ouvir o mau gosto musical(ariana grande) de uma distoteca gay para fugir dessa pseudocomunidade.Por ultimo ,o individuo Fela Kuti,podia bem conhecer Africa,mas foi depois de ouvir o Miles ou James Brown que a sua musica se tornou unica,e da mesma maneira algum senegalês ha de ser fã dos Iron Maiden,porque não? joão lopes p.s-afinal de contas já vi grupos de rock psicadelico em Sines,vindos da Mongolia.