"Escrevi-o há 30 anos: o que se passa no mundo não é um fenómeno de imigração, mas de migração. A migração produz a cor da Europa. Quem aceitar esta ideia, muito bem. Quem não a aceitar, pode ir suicidar-se. A Europa irá mudar de cor, tal como os Estados Unidos. E isto é um processo que demorará muito tempo e custará imenso sangue. A migração dos alemães bárbaros para o Império Romano, que produziu os novos países da Europa, levou vários séculos. Portanto, vai acontecer algo terrível antes de se encontrar um novo equilíbrio. Há um ditado chinês que diz: 'Desejo-te que vivas numa era interessante'. Nós estamos a viver numa era interessante" (Umberto Eco)
22 February 2016
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
7 comments:
Li a entrevista quando foi publicada (um milagre, que costumo andar nisto da imprensa com um mínimo de 2/4 dias de atraso):
"A migração dos alemães bárbaros para o Império Romano, que produziu os novos países da Europa, levou vários séculos."
Lembrei-me, então, que aquilo que ele queria dizer, não era exactamente "bárbaros", antes a sua cristianização, ou assim me pareceu. Também me lembrei da ainda matéria nobre, nas aulas de História, que constitui "a invasão árabe"...
"A migração dos alemães bárbaros para o Império Romano, que produziu os novos países da Europa", i.e, a queda do império romano.
Sim, claro, não li somente o Eco, li muitos outros, antes dele, para perceber isto. De resto, sabemos que não existiam exactamente países, como hoje os conhecemos, e talvez esteja aí parte essencial do texto.
O Eco chegou-me primeiro com A Biblioteca, depois O Nome da Rosa e mais alguns (depois busquei-o nas suas outras vias, o ensaísta, o colunista, o gajo de todos os dias).
E, deixa que acrescente, a morte dele constitui para mim uma extrema incorrecção. Pergunto-me quem corrigirá tamanho desaforo :)
"a morte dele constitui para mim uma extrema incorrecção"
Atirei-me à (comprida) prateleira com os livros dele e pus-me a relê-lo. Depois, para me vingar, escrevi. No próximo sábado, num quiosque perto de si.
Merci, Be Goode, Johnny, lerei:)
Ecos do Eco...
"É a civilização capitalista, com as suas componentes políticas e culturais que os ideólogos socialistas aborrecem tal como aqueles que sem militarem expressamente a favor da versão totalitária do socialismo, tomam por adquiridos os seus principais postulados. Em última análise são os valores que são condenados e não apenas os insucessos práticos de um sistema de produção. O indício desta origem moral reside aliás nisto da condenação ocorrer com tanta virulência em caso de sucesso como de fracasso do sistema. Os anos de vacas gordas, a sociedade de consumo, o "emburguesamento da classe trabalhadora" são objecto do mesmo desprezo céptico e reprovação acidulada que as crises, o desemprego, a inflação. Quer os frutos estejam maduros e sumarentos ou secos e mirrados estão sempre envenenados".- Jean-François Revel, La tentation totalitaire, 1976.
Exacto.
Post a Comment