09 December 2015

ARQUIVOS


Há duas grandes instituições museológico/arquivísticas no perímetro do rock e áreas limítrofes: as Bootleg Series, de Bob Dylan, e os Archives, de Neil Young. O magno projecto do gigante Zimmerman, coisa bem arrumada, metodicamente planificada e regularmente revelada ao universo, teve início em 1991 com os Volumes 1–3 (Rare & Unreleased) 1961–1991, a que se seguiu, em 1998, o mítico Live 1966: The 'Royal Albert Hall' Concert, e vai já em 12 tomos – o mais recente, deste ano, The Cutting Edge 1965–1966, em edições de 2, 6 e 18 CD, explora à lupa, as entranhas de Bringing It All Back Home (1965), Highway 61 Revisited (1965) e Blonde On Blonde (1966) – que, entre mil outras preciosidades, permitiram escutar tudo o que o baú das Basement Tapes ainda encerrava ou espreitar os bastidores do grande "Houdini-act" de Self Portrait (1970).


Já os Archives, de Young, são um empreendimento assaz caótico, aparentemente concebido aos repelões, mais fruto de improviso, impulsos e estados de alma do que da obediência a um roteiro estabelecido de publicações: entre outras, inclui uma Performance Series de que o Volume 00 foi o terceiro a ser editado, os Volume 02 e 03 surgiram antes do 01, existindo um 02.5 lançado depois de todos os anteriores, e por aí fora, até ao 12 (2009), contemporâneo do 01 e também de The Archives Vol. 1 1963–1972, um "box-set" de 10 discos Blu-ray a que, dois anos depois, deveria suceder o Volume 2: 1972–1982, adiado para 2014 e, até hoje, nunca concretizado, apesar de existirem anúncios de mais três e de outra Special Edition Series a inaugurar, em 2008, com o "lost album", Toast... igualmente por vir à luz do dia! Confusos? Claro que sim, quem não estaria? Tomem, então, nota e não façam perguntas: pronto a saborear, está aí o Volume 11 das Performance Series (inevitavelmente, 6 anos depois do Volume 12), Neil Young And Bluenote Café, um duplo CD que reúne 23 gravações ao vivo da digressão de apoio a This Note’s For You (1988), o disco em que Young “regressou” ao rock’n’roll após uns anos 80 estilisticamente à deriva. Não estará à altura do explosivo Weld (1991) mas é óptima e rasgada música eléctrica com sexteto de sopros a municiar sem falhas a cavalgada heróica.

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