20 December 2014



9 comments:

Anonymous said...

O cronista Pacheco atira a tudo o que mexe com a probidade exigida nos negócios públicos e faz muito bem. Miseravelmente esquece o princípio sempre que se encontra face a face com Jorge Coelho, na tv a discutir estes mesmos assuntos. Este repescado para a Quadratura do Círculo na SIC-N, propriedade do militante nº1 do PSD, como o Público é propriedade do mecenas Belmiro, foi comentador inicial e quando se afastou para gerir a empresa privada, teve os mais elevados elogios deste Pacheco.
Agora que regressa e depois de se saber o que fez- agenciar negócios para a empresa privada, por causa dos conhecimentos públicos que obteve- tal não provoca o mínimo sobressalto ético a Pacheco.
Quem tal provoca é a família Salgado que empochou alguns milhões das comissões do negócio dos submarinos, liderado pelo primo Sacadura do Coelho, com suspeitas que alguns tenham sido desviados para "alguém".

João Lisboa said...

Não vejo muito bem qual a relação entre o último parágrafo e os anteriores... que me parecem wide off the mark.

Anonymous said...

Se ler com atenção a crónica de Pacheco Pereira perceberá essa relação.

Pacheco lamenta não se ter descoberto o nome do "alguém", mas poderia perguntar ao colega de mesa da Quadratura, numa próxima oportunidade, como é que estas coisas se faziam no tempo dele que já vem de Macau e poderia aproveitar para lhe perguntar se não tem vergonha na cara para estar ali.
E podia lembrar os leitores esquecidos de quem é a responsabilidade pelos RERT´s salvíficos que aconchegaram cá dentro os milhões lá de fora, desde o ano de 2005, data do primeiro. Há um certo Bagão que agora, sempre que lhe tocam na pensão, chora baba e ranho na mesmíssima SIC-N, a convite da sábia e que poderia esclarecer muito bem a filosofia dos RERT que Pacheco agora refere como "um presente excepcional para os Espírito Santo". E já agora para os Carlos Santos Silva, presumíveis testas de ferro de alguém que Pacheco se recusa a comentar por causa da "presunção de inocência". O Salgado não tem direito a tal doce e daí que Pacheco lhe afinfe.

A crónica de Pacheco é um bom exemplo do estilo deste apaniguado da Impresa do militante nº1 do PSD e por isso recebe mais do que aqueles que trabalharam no processo dos submarinos: falar do que lhe interessa particularmente, desviando atenções de quem interessa a todos.

João Lisboa said...

"poderia perguntar ao colega de mesa da Quadratura..." "poderia aproveitar para lhe perguntar..." "podia lembrar os leitores esquecidos..."

"Poder" isso tudo numa única crónica cujo tema é outro era capaz de ser apenas sobrecarga de informação. De resto, em todos estes anos de Quadraturas e crónicas, o JPP nunca foi particularmente meigo com o PS...

Mas, quando se entra por insinuações

"por isso recebe mais do que aqueles que trabalharam no processo dos submarinos"

vale tudo, não é?

Anonymous said...

vale.

João Lisboa said...

QED.

Anonymous said...

Só em parte. A realidade é sempre mais vasta.

Anonymous said...

O "PACHECO" DE EÇA DE QUEIROZ quão inverso era...

O Pacheco

Eu casualmente conheci Pacheco. Tenho presente, como num resumo, a sua figura e a sua vida. Pacheco não deu ao seu país nem uma obra, nem uma fundação, nem um livro, nem uma ideia. Pacheco era entre nós superior e ilustre unicamente porque tinha um imenso talento. Todavia, meu caro Sr. Mollinet, este talento, que duas gerações tão soberbamente aclamaram, nunca deu, da sua força, uma manifestação positiva, expressa. visível. O talento imenso de Pacheco ficou sempre calado, recolhido, nas profundidades de Pacheco. Constantemente ele atravessou a vida por sobre eminências sociais: Deputado, Director Geral, Ministro, Governador de bancos, Conselheiro de Estado, Par, Presidente do Conselho - Pacheco foi tudo, tudo teve neste país que, de longe, a seus pés. o contemplava, assombrado do seu imenso talento. Mas nunca, nestas situações, por proveito seu ou urgência do Estado, Pacheco teve necessidade de deixar sair, para se afirmar e operar fora, aquele imenso talento que lá dentro o sufocava. Quando os amigos, os partidos, os jornais, as repartições, os corpos colectivos, a massa compacta da Nação, murmurando em redor de Pacheco «que imenso talento 1» o convidavam a alargar o seu domínio e a sua fortuna - Pacheco sorria. baixando os olhos sérios por trás dos óculos dourados, e seguia, sempre para cima, sempre para mais alto, através das instituições, com o seu imenso talento aferrolhado dentro do crânio como no cofre dum avaro. E esta reserva, este sorrir, este lampejar dos óculos, bastavam ao País, que neles sentia e saboreava a resplandecente evidência do talento de Pacheco.

Este talento nasceu em Coimbra, na aula de Direito Natural, na manhã em que Pacheco, desdenhando a Sebenta, assegurou que ((O século XIX era um século de progresso e de luz», O curso começou logo a pressentir e a afirmar, nos cafés da Feira, que havia muito talento em Pacheco: e esta admiração cada dia crescente do curso, comunicando-se como todos os movimentos religiosos, das multidões impressionáveis às classes raciocinadoras, dos rapazes aos lentes, levou facilmente Pacheco a um prémio no fim do ano. A fama desse talento alastrou então por toda a academia - que, vendo Pacheco sempre pensabundo, já de óculos, austero nos seus passos, com praxistas gordos debaixo do braço, percebia ali um grande espírito que se concentra e se retesa todo em força íntima. Esta geração académica, ao dispersar, levou pelo País, até aos mais sertanejos burgos, a notícia do imenso talento de Pacheco. E já em escuras boticas de Trás-os-Montes, em lojas palreiras de barbeiros do Algarve, se dizia. com respeito. com esperança: - «Parece que há agora aí um rapaz de imenso talento que se formou, o Pacheco !»

Eça de Queirós, Correspondência de Fradique Mendes

João Lisboa said...

"Pacheco não deu ao seu país nem uma obra, nem uma fundação, nem um livro, nem uma ideia"

Não coincide. QED. Again.