"A orquestra são os sons da cidade. Não tens um microfone, não tens um instrumento, não tens nada. É uma orquestra no sentido em que é um conjunto de 100 pessoas que se juntam, de várias áreas, de várias origens, de vários estilos, de vários backgrounds, para participar e experimentar tocar sinos e barcos. É uma orquestra improvisada assim como eu vou estar a dirigir e portanto serei maestro desta orquestra. Mas eu não sou maestro nem isto é uma orquestra. (...)
Tu vais ouvir os barcos e os sinos a tocarem uma coisa escrita, composta para soarem entre eles, composta para fazerem uma peça musical coerente. Mas depois a própria cidade vai retirar essa coerência. Ao minuto três, vai parecer que estás a ouvir barcos a apitar no Marquês de Pombal e que as igrejas estão no meio do rio, por causa dos efeitos. Nós damos a afinação, a ideia, a tonalidade, a textura. A cidade dá a cadência, o ritmo, o swing. (...) Esta partitura é uma utopia em si mesma, com vida própria, porque por mais que te esforces não vais conseguir controlar a composição e a partitura. A utopia vira 'epifonia', uma epifania de som". (aqui + aqui)
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