14 February 2013

PANDEMIA
 

Toy - Toy 

O quadro de sintomas que caracteriza a síndrome retromaníaca encontra-se já inteiramente estabelecido embora, de momento, não tenha ainda sido descoberta terapêutica profiláctica nem curativa capaz de lidar de modo eficaz e decisivo com essa pandemia que assola a pop contemporânea. Porém, até agora, não havia sido identificado um caso de tão complexa etiologia como o dos britânicos Toy. Capturados no lugar de intersecção dos vários eixos que, desde o final da década de 60 do século passado, atravessaram o rock de coloração (para simplificar) mais ou menos psicadélica, na análise dos diversos marcadores foram descobertos níveis elevadíssimos de Pink Floyd, da variante situada entre The Piper At The Gates Of Dawn e A Saucerful Of Secrets, mas também – e é, justamente, aí que reside o seu maior interesse – de toda a posterior descendência e derivações colaterais. 



Sem errar muito, é possível afirmar-se que, nos instantes de mais elevada temperatura criativa, abeiram-se, perigosamente, do delírio multicolorido a que se abandonavam os Rollerskate Skinny, enquanto, nos restantes, operam no interior de um perímetro definido pela junção dos pontos ocupados por Echo & The Bunnymen, Chameleons, My Bloody Valentine, Ride, House Of Love e Jesus & Mary Chain, com uma teimosa insistência em percorrer, paralelamente, uma outra via na qual, por acidente, o "krautrock" dos Neu! ou Can esbarra no primitivismo rítmico dos Velvet Underground. É de notar que o potencial de contaminação – especialmente, em espaços densamente povoados como arenas ou festivais – aparenta ser extremamente sério, pelo que todos os esforços legitimamente exigíveis às autoridades de saúde estética pop nunca serão inúteis nem demasiados. 

3 comments:

alexandra g. said...

(porcaria do calendário)
Bodas de prata, já!
:)

Táxi Pluvioso said...

O Toy grande cantor luso.

João Lisboa said...

Essa era demasiado fácil.