17 November 2010

BACK ON BOOGIE STREET



















Leonard Cohen - Songs From The Road (CD + DVD)

É bem possível que, se dependesse exclusivamente da sua vontade, Leonard Cohen, aos 74 anos, não tivesse iniciado um "never ending-tour" que, desde 2008, o mantém, quase sem interrupção (à excepção do interregno entre Março e Setembro deste ano provocado por problemas de coluna), na estrada. Durante quinze anos, não tinha pisado um palco e, mesmo que genuinamente desejoso de uma digressão final de despedida – não poderia estar mais consciente de que nem ele é eterno –, certamente não a transformaria no que é uma esgotante maratona para alguém com metade da sua idade. O verdadeiro motivo não é segredo: em Outubro de 2005, Cohen teve conhecimento de que, alegadamente (o famigerado “alegadamente”…), a sua manager, Kelley Lynch, tomara excessivas liberdades com a sua conta bancária, deixando-o com um saldo de apenas 150 000 dólares acima de zero e um rol de dívidas – fiscais e outras – que até esse montante, rapidamente, devorariam.



Literalmente, na bancarrota (e enquanto as peripécias nos tribunais se ensarilhavam), não lhe restou senão a opção de, com carácter de urgência, pôr em prática o programa de "Boogie Street": “A sip of wine, a cigarette, and then it’s time to go, I tidied up the kitchenette, I tuned the old banjo, I’m wanted at the traffic-jam, they’re saving me a seat,.I’m what I am, and what I am, is back on Boogie Street”. Documentando uma parcela do périplo (que aportou três vezes a Lisboa), havia sido já publicado Live In London, documento do concerto de 17 de Julho de 2008, na O2 Arena. Songs From The Road, apenas com duas ou três repetições em relação ao anterior, reúne, agora, uma dúzia de interpretações em Israel, na Alemanha, Escócia, EUA, Suécia, Canadá, Finlândia e Inglaterra. Não deveria ser necessário dizê-lo mas este é daqueles discos de que é violentamente proibido fazer "download" ilegal.

(2010)

5 comments:

margarete said...

"nem ele é eterno"

tão simples e tão difícil de encontrar, este conjunto de palavras
não falo de Cohen, falo de nós
ultimamente, confrontada com a finitude do meu pai, tentava encontrar uma expressão
(parece simples de encontrar o que coloquei entre aspas? não é)
e ficava-me sempre pelo "até ele..."
mas "nem ele é eterno" é que diz
(levo comigo, e sei que se vai repetir na minha cabeça)

ainda a propósito, a única coisa -em palavras- que se aproximou do meu peito, como um grito (cliché? não) de indignação:

«De morte natural nunca ninguém morreu.
Não foi para morrer que nós nascemos,
(...)»

you know who

beijo, bom dia, mais um offtopic da menina margarete
(saudades do nosso cantinho... isto estaria no maquinista e não na música, ou talvez não, lá estou eu com as arrumações!)


p.s. entretanto, a vida deu novas tréguas ao papi ;)

João Lisboa said...

"isto estaria no maquinista e não na música, ou talvez não, lá estou eu com as arrumações!"


:-)

fallorca said...

Vamos ao que interessa: e onde está à venda, para ajudares a resolver um «problema» de Natal?

João Lisboa said...

Suponho que nas fnaques habituais e lugares afins.

Anonymous said...

o famigerado “alegadamente”…

Ah, a famigerada presunção da inocência...