19 May 2010

GRANDES VULTOS NACIONAIS (IX)

Miguel Graça Moura
(por Pedro Mexia - parte I)



"(...) Miguel Graça Moura será ou não bom maestro. O que ele é com certeza é um ás da batuta. O Prazer, interminável calhamaço a que ele chama 'memórias desarrumadas', arruma as memórias em registo de ficção autobiográfica. Num TGV, o garboso condutor de orquestra encontra uma rapariga árabe de 22 anos, Rachida, e durante 600 páginas, obriga-a a ouvir a história da sua, dele, vida. E enquanto isso faz-lhe coisas, sempre assombrosas e inauditas.
Tudo começa com a relativa pacatez de
'afaguei-lhe resolutamente os seios'. E depois vai descendo, 'Trasladei-me para a curva lateral da cintura' é o meu verbo favorito. 'Introduzi a língua o mais que pude dentro da fenda túrgida' contém o adjectivo mais comovente. Rachida parece um petisco: 'nádegas indescritivelmente apetitosas', 'um rego de cortar a respiração'. Miguel Graça Moura não nos poupa a nenhum entusiasmo, a nenhuma posição e inserção, a nenhuma escorrência. Depois de uma arenga intelectual, o maestro determina: 'Tenta manter-te completamente descontraída. Os músculos do esfíncter são completamente elásticos e excitáveis, como aliás toda a região anal. Vou começar por saudar esta maravilhosa entrada'. E depois passam férias em Rabat (...)". (Pedro Mexia na "Ler" de Maio)

(2010)

6 comments:

Anonymous said...

'Tenta manter-te completamente descontraída. Os músculos do esfíncter são completamente elásticos e excitáveis, como aliás toda a região anal. Vou começar por saudar esta maravilhosa entrada'

O Tomás Taveira é mais sucinto.

João Lisboa said...

Mas aqui há todo um enlevo meio científico, meio épico. Dizer apenas tldncdq nem chega a valer como preliminar.

Lugones said...

Brilhante.
Nos grandes vultos nacionais também deveria estar o Pedro Mexia, AKA, "O Moderno Homem da Renascença" - licenciado em direito, poeta, blogger, contista, cronista, animador de programas de rádio, opinion maker, crítico de música, crítico literário, crítico de críticos, humorista, dramaturgo, encenador, sub-director e programador de cinemateca, and so on...
Como há poucos intelectuais católicos de direita de serviço, ele é pau para toda a obra. E que tal Maestro, já agora?

João Lisboa said...

"E que tal Maestro, já agora?"

Não sei, é perguntar ao próprio. Mas não me cheira.

Já agora, teve imensa graça, Lugones. Eternamente grato.

sor said...

Em que lingua é que a Rachida teve de ouvir a dissertação? Terá percebido?

Táxi Pluvioso said...

"Férias em Rabat" lido muito depressa preta-se a aglutinatórias confusões.