A PANDILHA DOS "CIENTISTAS" DA EDUCAÇÃO PREPARA-SE PARA PROSSEGUIR OS ESTRAGOS (agora na versão "no boy left behind")
Vem aí uma geração de rapazes frustrados (artigo do "Público" de hoje, de Clara Viana)
Constatação de factos: "As raparigas têm hoje melhores notas e vão mais longe; os rapazes desistem, muitos deles logo no fim da escolaridade obrigatória. Nos 27 países da União Europeia, só a Alemanha mantém, no ensino superior, valores equilibrados de participação dos dois sexos".
Causas: "As raparigas são socializadas na família em moldes que facilitam a adaptação às exigências escolares: mais responsabilidade, mais autonomia, mais trabalho" enquanto "os estereótipos sociais ainda dominantes valorizam nos rapazes o desafio, a violência e o uso da força, um verdadeiro arsenal antiescolar", segundo Christian Baudelot (sociólogo especialista em assuntos de educação); por outro lado, para "os professores, na sua esmagadora maioria, mulheres, o modo como as raparigas se comportam e trabalham é 'mais conforme com as suas representações do bom aluno ou aluno ideal' - o que poderá conduzir a uma 'sobreavaliação' das alunas e a uma 'discriminação' dos alunos" (opinião de Alice Mendonça, professora na Universidade da Madeira); "como o comportamento afecta de modo significativo o aproveitamento, a pouca conformidade às regras escolares estará na base dos piores resultados dos rapazes" (Teresa Seabra, socióloga do ISCTE); ou seja, tudo isto acontece "avisam os investigadores, por [os rapazes] estarem a ser avaliados num sistema que valoriza as características próprias das raparigas e penaliza as dos rapazes".
Soluções: "Em Portugal, há alguns anos, houve quem chegasse a propor a introdução de quotas para homens nas faculdades de Medicina. Em países onde o debate está lançado, há quem defenda o regresso às escolas separadas" ou "aulas separadas para as disciplinas onde as diferenças são maiores"; "no Reino Unido, as escolas do pré-escolar receberam instruções do Governo para, a partir, deste mês, reforçarem os exercícios de escrita com 'materiais engraçados', junto dos rapazes de 3/4 anos".
CONCLUSÃO: as raparigas porque são mais responsáveis, mais autónomas, trabalham mais e têm menos problemas de comportamento criaram um quadro de valores lá muito delas (mas que os sacanas dos profes - pior ainda, as profes! -, vá-se lá entender porquê, preferem) e que, de forma totalitária, discrimina e oprime os pobres moços, recusando-se, injusta e cruelmente, a reconhecer aqueles que lhes são próprios e saudáveis, como andar à porrada, jogar à bola e andar à porrada, sem ligar peva a essas mariquices de livros e o raio. Logo, há que proteger as infelizes criaturinhas XY, rasgando-lhes os horizontes para um futuro radioso de débeis mentais que, desse modo, lhes ficará irremediavelmente assegurado.
Intrigante é que, quando os números eram ao contrário, o problema parecia não existir.
edit: este comentário na página do "Público" online é esclarecedor:
"Eu sou estudante, e percebo o problema. Sendo rapaz sempre notei que as raparigas tinham vantagem nas notas. Por vários motivos. Primeiro, organização. Os rapazes em idade escolar são estereotipados como tendo o quarto desarrumado e por terem na cabeça jogos de video, bola e coisas que não deviam. As raparigas pelo contrário, desligam-se mais das actividades fisicas e estimam o seu espaço. Isso resulta em que quando um rapaz chega a casa depois da escola, depois de lanchar vai jogar computador, enquanto que uma rapariga faz os trabalhos de casa. Na escola, os rapazes jogam à bola, brigam e divertem-se, as raparigas estão atentas. (...) Para além disso, é certo e bem sabido que o sexo masculino dá privilégio à força e à lógica, em detrimento da memorização e sensibilidade. Hoje quase todas as disciplinas escolares exigem bom comportamento e memorização, algo que para um rapaz de escola é ridículo". (o "hoje" é impagável...)
(2010)
15 comments:
"Continuam a nascer mais rapazes do que raparigas (em cada 100 nascimentos, 105 são do sexo masculino)."
extraordinário
Os "cientistas" da educação têm uma espécie de toque de Midas ao contrário: estragam tudo aquilo em que tocam.
O problema é que têm imensa influência sobre os políticos e sobre muitos professores.
"em cada 100 nascimentos, 105 são do sexo masculino"
:) Também tinha reparado nessa... a falta de copydesks nas redacções é o que dá.
"O problema é que têm imensa influência sobre os políticos e sobre muitos professores"
Eles "não têm imensa influência", eles são o verdadeiro poder.
Sim. Dominam o ministério e os sindicatos (que só divergem em questões mais corporativas, mas estão de acordo em relação a todos os disparates: pouca exigência, poucos exames, etc.).
O que talvez diga alguma coisa da sociedade portuguesa, da cultura e da ciência portuguesas, das elites, etc. É que aquilo que dizem é completamente inconsistente e desfasado da realidade. Como é que alguém lhes pode dar ouvidos? Só quem não pensa mesmo nada.
Carlos, o pior de tudo é que está longe de ser um problema exclusivamente português.
Certo, mas em Portugal parece ser pior. Na França, na Inglaterra, na Alemanha, etc., essas ideias encontram mais resistência dos professores e não contaminaram tanto como cá a legislação, os programas, os manuais, etc.
Os rapazes são piores alunos porque atingem o "pico sexual" por volta dos dezoito; ou seja, passam a escolaridade toda com mais com que se entreter, e ainda bem. Já no caso delas, a coisa dá-se por volta dos trintas, o que justifica que não ascendam na carreira (pelo menos na verical). Mai nada. (O Freud é que a sabia toda.)
... cá é sempre pior...
mas olhe que, em Inglaterra (um dos casos que conheço melhor), o desastre na educação não é muito diferente.
"Os rapazes são piores alunos porque atingem o "pico sexual" por volta dos dezoito"
Rui, fale por si...
:)
O problema é mundial. Em quase todos os países a maioria universitária é de mulheres.
Os homens são piores alunos? Não acredito.
As regras mudaram.
É pena.
Vai faltar lógica e sobrar obediência.
Quando li isto ontem vi logo que não te ia escapar...
Por estranho que possa parecer, o "meu mai novo" queixa-se de bitolas diferentes na avaliação de comportamentos semelhantes. Ou seja: uma maior tolerância para as gajitas que fazem os mesmos disparates.
"uma maior tolerância para as gajitas que fazem os mesmos disparates"
Tu vai-te lixar. :)
Claro que, obviamente, coisas dessas PODEM acontecer. Mas fazer disso regra é um disparate gigantesco.
Por outro lado - não será, eventualmente, o caso do teu mainovo -, coisa que é, naturalmente, agravante é a "má reputação"... perante disparate idêntico (ou, no limite, disparate nenhum), é bem possível que se trame (ou se trame mais) aquele/a cuja reputação o precede.
"aquele/a cuja reputação o precede"
Não, pá, este é o "certinho" :D.
Mas é claro que, mesmo que ocorra, não faz regra. O que eu acho MESMO estranho é a menção de diferenciação de comportamentos. Isso acontecia há 40 anos. Agora, os putos e as miúdas (pois), pelo menos em público, portam-se exactamente da mesma maneira.
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