17 June 2009

DOMESTICADA



Lhasa - Lhasa

Esqueçam o mito urbano crítico-jornalístico acerca do "backlash" irremediavelmente consecutivo ao incensamento-mitificação inicial, enquanto livro de estilo da apreciação estética. Pode haver quem o pratique como forma de ascensão social mais ou menos ágil – descartar os heróis de ontem para acolher freneticamente os supostos ídolos, quase sempre frágeis, de depois de amanhã – mas, no caso de Lhasa de Sela, não é, de todo, disso que se trata. Após os óptimos La Llorona (1998) e The Living Road (2003), o homónimo Lhasa é o que – musicalmente falando – se deverá justamente classificar como decepção. Há fantasmas treslidos dos blues, assombrações de country e do Tom Waits assombrado pela country mas, tudo isso, demasiado domesticado, sem arrepio de fronteira, coisa planificada para público BCBG/Club Med, em busca do sobressalto das onze da noite, à sombra da palmeira, mediterrânica ou, convenientemente, caribenha. Não é, realmente mau, mas poderia ser, facilmente, muito melhor.

(2009)

2 comments:

menina alice said...

"coisa planificada para público BCBG/Club Med, em busca do sobressalto das onze da noite, à sombra da palmeira, mediterrânica ou, convenientemente, caribenha"

:D Muito bom!

Carlos said...

Mas, agora, faz sentido, não é verdade? Infelizmente.