Pode, evidentemente, dizer-se que, agora, é fácil. Mas, de facto, apetece fazer em sentido inverso o caminho-das-pedrinhas que desvenda a lógica da trajectória musical dos Stereolab. Começando, naturalmente, por este Chemical Chords, ponto de chegada em momento daquela glória pop a que uma banda como a de Tim Gane e Laetitia Sadier (e, agora, também, crescentemente do ex-High Llama, Sean O’Hagan) alguma vez poderia legitimamente aspirar: lounge estival efervescente, arranjos de sopros e cordas entre o “easy listening” e o lego-barroco, tudo cirurgicamente dirigido ao objectivo confessado por Gane – escrever “purposefully short, dense, fast pop songs”.
Recue-se, então, passo a passo, nos já quase vinte anos de carreira dos Stereolab. Como diria o também químico Lavoisier, “nada se perdeu e tudo se transformou” nesta aplicação musical da lei da conservação da matéria à estética de composição molecular da dupla Gane/Sadier: da “motorika” do Krautrock às relíquias da electrónica, de Bacharach aos Young Marble Giants, dos Velvets à “chanson”, à sombra tropicalista ou às antevisões “modernistas” de Robert Moog, Esquível ou Martin Denny, tudo acabou por configurar um voluptuoso organismo pop, requintado e sedutor, falso magro, de cérebro bem activo. (2008)
2 comments:
Ao contrário de tantas bandas afectadas pelo segundo princípio da termodinâmica. Ainda não ouvi este. O meu preferido é o Tomato.
A nova colaboração Eno/Byrne 30 anos depois.
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