21 January 2007



Hanne Hukkelberg - Little Things

Um caderno de exercícios de geometria descritiva convertidos em poesia sonora nas entranhas de um realejo. As migalhas que sobraram de todos os discos de Björk, Tom Waits e Stina Nordenstam sopradas em câmara lenta sobre uma ventoínha em rotação irregular. Thelonious Monk no jardim infantil, Joni Mitchell no estúdio de Robert Moog, Robert Wyatt no Quartier Latin, Billie Holiday em apneia. Uma orquestra de jazz lunar com um elenco de banjo, tuba, violino, pedal-steel, acordeão, wurlitzer, glockenspiel, theremin, harpa, trem de cozinha, raios de rodas de bicicleta, flutes de champanhe e desenhos de saxofone para colorir.



Valsas, improbabilidades atonais, dixieland boreal, "torch songs" tal como Ornette Coleman as escreveria, ourivesaria electrónica num sonho de Erik Satie, os caligramas de Apollinaire enquanto partitura virtual. Máquinas de sonhar em hieróglifos, música para labirintos de Liliput, coreografias de silhuetas num holograma de marionetes. Little Things: a voz e o amavelmente perturbado laboratório mental de Hanne Hukkelberg; Jaga Jazzist, Kaada, Kiruna, Shining e Exploding Plastix em levitação; o mapa de Oslo como roteiro de auscultação cardíaca do universo. Uma memória descritiva do futuro redesenhando a canção no interior da "musique concrète", reordenando a anatomia do jazz, estilhaçando a pop em poalha de luz. "I wish I could convert to waves and become the sea". Sim, foi exactamente isso que aconteceu. (2005)

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