O mais recente CEO da Vaticano S.A. atribui medalhas de bom comportamento aos seus antecessores na empresa (mesmo que não tenham executado nenhum número de ilusionismo particularmente aplaudido - quer dizer, daqueles que não são só para fazer rir o respeitável público -, eram ambos fdp de justamente reconhecido mérito empresarial)
30 September 2013
29 September 2013
Depois de amanhã acordamos
mais perto do inferno
"(...) Se os portugueses soubessem como são os Conselhos de Ministros, como todo o trabalho orçamental está bloqueado pelas resistências de ministros e pela espera das decisões da troika, percebiam muito do que é o estado do país. A coisa está tão negra e tão confusa, tão desesperançada, que nem o ministro da propaganda Maduro está com força anímica para inventar mentiras eficazes.(...)
Por tudo isto, depois de amanhã vamos acordar na antecâmara do Inferno. Pensam que estou a exagerar? Na verdade, nestes dois anos, a realidade tem sido sempre pior do que a minha mais perversa imaginação, porque as coisas são como são, tão simples como isto. E são más. A partir de amanhã, haja convulsão mansa no PSD, ou forte no PS, acabarão por milagre as pontes, túneis e medicamentos gratuitos, que ninguém fará, nem pode fazer, e vai começar o discurso puro e duro da violência social contra quem tem salários minimamente decentes, quem tem emprego no Estado, quem recebe prestações sociais, quem precisa de serviços de saúde, quem quer educar os seus filhos na universidade, quem quer viver uma vida minimamente decente, quem quer suportar uma pequena empresa, quem paga, com todas as dificuldades, a sua renda, o seu empréstimo.
O que nos vai ser dito, com toda a brutalidade, é que os nossos credores entendem que ainda não estamos suficientemente pobres para o seu critério do que deve ser Portugal. Apenas isto: vocês ganham muito mais do que deviam, não podem ser despedidos à vontade, têm mais saúde e educação do que deveriam ter, trabalham muito menos do que deviam, vivem num paraíso à custa do dinheiro que vos emprestamos e, por isso, se não mudam a bem mudam a mal. Isto será dito pelos mandantes. E isto vai ser repetido pelos mandados da troika, sob a forma de não há 'alternativa' senão fazer o que eles querem. Haver há, mas nunca ninguém as quer discutir, quer quanto à saída do euro, quer quanto à distribuição desigual dos sacrifícios, de modo a deixar em paz os mecânicos de automóveis e as cabeleireiras e olhar para os que se 'esquecem' de declarar milhões de euros, mas isso não se discute". (José Pacheco Pereira no "Público" via C&L)
28 September 2013
Está certo: chicotes, algemas, cilícios, cruzes de Santo André, coleiras, trelas, correntes, latex, mordaças, segundo resgate...
DIA DE REFLEXÃO (V)
The Who - "Smash The Mirror"
"(Alice) Through The Looking Glass" (ilustração de John Tenniel)
27 September 2013
Escutai o Grande Mestre, (inexplicavelmente apenas) quadro intermédio da Vaticano S.A., pontificando acerca da presente situação da empresa e respectivo CEO, e aprendei!
"Hoje, a imagem mediática é 90% daquilo que passa. E este papa tem uma imagem extraordinária, o que é importante"
(tradução: finalmente, a Vaticano S.A. contratou uma agência de comunicação que sabe o que faz)
"Por exemplo, esta ideia de que a igreja só fala de sexo! É muito corrente por aí. Eu vou à igreja todos os dias e raríssimas vezes ouvi falar de sexo"
(tradução: evidentemente! mesmo quem não frequente bordéis todos os dias, sabe perfeitamente que aí se fala mais de sexo do que na igreja; quanto à prática, deve ser ela por ela)
"Estamos habituados a que nos tratem mal. É assim há dois mil anos e ao nosso chefe crucificaram-no. Quando não me tratam mal, fico nervoso"
(tradução: chicotes, algemas, cilícios, cruzes de Santo André, coleiras, trelas, correntes, latex, mordaças, já!... o Big Boss era o Big Boss mas todos temos direito a miminhos)
(no "Expresso" de hoje e, em versão resumida, aqui)
26 September 2013
Existe Ministério dos Negócios Estrangeiros em Portugal, existem embaixadas, parlamento, partidos políticos, presidência da república? (parte II)
Minuciosamente analisada à lupa, é bem provável que uma significativa parcela da legislação em vigor seja anticonstitucional (e ao TC não cabe avaliar se a Constituição é boa ou má, mas apenas verificar se a legislação está de acordo com ela)
Não admira que houvesse "erros involuntários" e "incorrecções factuais": o pobre homem (que já não vai para novo) matava-se a trabalhar
25 September 2013
Existe Ministério dos Negócios Estrangeiros em Portugal, existem embaixadas, parlamento, partidos políticos, presidência da república? (parte I)
... and on...
"'The two biggest myths about me are that I’m an intellectual, because I wear these glasses, and that I’m an artist because my films lose money. Those two myths have been prevalent for many years'. Woody avisa: ele, o homem de óculos e dos filmes que perdem dinheiro, é uma criatura mítica: o gambozino. E o provincianismo nacional de mais alto nível, o do Município e o do Estado central, anda à caça. É a pantomima da não-notícia, coisa tchekhoviana, e atrai agentes vários: andar atrás de Woody Allen para ele filmar em Lisboa. Sim, há cerca de um ano, foi 'revelado' nesta terça-feira, o então ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas, aproveitando uma estadia em Nova Iorque em visita oficial às Nações Unidas, encontrou-se com a equipa de Woody Allen para abrir 'uma primeira porta' na potencial relação da capital com o realizador norte-americano. E parece que não há mais nada para dizer... (...) E se...? 'What if nothing exists and we’re all in somebody’s dream? Or what’s worse, what if only that fat guy in the third row exists?'" (aqui)
24 September 2013
CÂMARA ESCURA
Elvis Costello não se fica por meias palavras: “Se não gostam de escutar June Tabor, melhor seria que desistissem de ouvir música”. De facto, a existirem casos em que um certo fascismo estético se justifica, June Tabor é bem capaz de ser um deles. Experimentem, por exemplo, recorrer ao vosso bom amigo YouTube e procurem “June Tabor sings Lili Marlene”. Durante os quase dois minutos iniciais (no concerto “Daughters of Albion”, da BBC4), June conta a história dessa canção. Provavelmente, não repararão de imediato mas, já aí, na articulação das palavras, nas pausas, acentuações, respirações, é de música que se trata. E, logo a seguir, desde o instante em que pronuncia “Vor der Kaserne, vor dem grossen Tor...”, por um milhão de vezes que tenhamos escutado o texto de Hans Leip musicado por Norbert Schultze, a voz que, agora, o interpreta apossa-se dele e fá-lo como se fosse a primeira. Para ela, trata-se de uma espécie de compromisso ético/estético: “Não tem a menor importância de onde provém uma canção. Desde que seja uma boa canção, tenha um texto forte e me fale directamente, é-me completamente indiferente o facto de ser muito recente ou muito antiga. Se mexer com as minhas emoções, sei que vou ser capaz de a interpretar. Porque é isso que eu faço: sou uma intérprete que procura partilhar as sensações que uma canção me proporciona. Tenham as canções seiscentos anos ou apenas dois. A melhor interpretação é a que soa como se fosse a primeira vez que estivéssemos a cantar aquela música. Se parecer ser apenas mais uma canção, é porque estamos a prestar-lhe um mau serviço”.
Huw Warren (piano) e Iain Ballamy (sax soprano e tenor) que, em trio com ela, gravaram para a ECM o recente e belíssimo Quercus – na verdade, tal como já sucedera com Aleyn (1997), o registo de um concerto de 2006, no Anvil, em Basingstoke, do qual foram cirurgicamente extraídos todos os vestígios de público – e o virão apresentar no Teatro Maria Matos na próxima 4ª feira, 25 de Setembro, confessam que, de June, aprenderam a “evitar tudo o que, numa música, não tenha justificação para lá estar ou que apenas surja por motivos convencionais”, bem como a “procurar que a voz e o sax funcionem como um só, mais do que fazer solos complexos”. Não ecoam senão o que ela afirma acerca de como encara a própria voz (“Se eu quisesse, podia ornamentar uma canção até fazê-la desaparecer ou cantar soul, mas isso não me diz nada, é só técnica. Da forma como canto, prefiro ser mais directa, transmitir emoções sem as dissimular”), esse assombroso instrumento de luz e sombras, tão capaz de, qual câmara escura, revelar a natureza profunda de Richard Thompson, Ian Curtis, Lou Reed e Costello como da Idade Média, dos textos de Shakespeare ou Robert Burns ou das vetustas trevas da tradição popular britânica e europeia. Se lhe perguntarem qual o álbum que prefere, responderá que é An Echo Of Hooves (2003), colecção de baladas recolhidas por Francis James Child, no final do século XIX. Não acreditem: a verdade é que, das mais de duas dezenas das suas gravações, ninguém de bom senso se atreveria a escolher uma e a relegar todas as outras para segundo plano.
23 September 2013
VINTAGE (CLXIV)
June Tabor & The Oysterband - "Fountains Flowing"
... mas, por favor, não marquem nenhuma sessão do julgamento para 23 de Outubro: o Sá Couto não pode faltar ao lançamento do livrinho do amigo!
22 September 2013
21 September 2013
Só mais uma micro-dúvida em relação a esta frase (mesmo dando o desconto em relação à Sciences Pô): "Sócrates foi o melhor aluno na variante de Teoria Política no mestrado em Ciência Política na Escola Doutoral do Instituto de Estudos Políticos de Paris" - verificaram pautas, diplomas, certificados ou só ouviram dizer?
"A editora do livro, apurou o 'Expresso', é a Babel que curiosamente é propriedade de Paulo Teixeira Pinto, um dos políticos mais liberais de Portugal e autor de um polémico projecto de Revisão Constitucional encomendado por Pedro Passos Coelho (que Teixeira Pinto apoia desde 2008) (...) e que ficou na gaveta por ser demasiado radical. (...) Além de escrever o prefácio, Lula da Silva vem fazer a apresentação do livro. (...) Lula vem a Portugal a convite da construtora brasileira Odebrecht".
Coisinhas boas sobre a Odebrecht, uma empresa que "cresceu envolvida com escândalos de corrupção, como o dos anões do Orçamento e formação de cartéis com outras empreiteiras para fraudar licitações(...) A ganância da Odebrecht no mundo dos negócios é vista também na política perversa de recursos humanos dirigida aos trabalhadores. É prática comum do grupo precarizar as condições de trabalho, desrespeitar direitos trabalhistas, impor sobrecarga de trabalho, entre outras, visando aumentar seus lucros":
Escândalo das Empreiteiras;
Campanha de Dilma recebeu dinheiro da Odebrecht;
Director da Odebrecht foi a África com Lula;
Do Cristo Redentor, Odebrecht e outros demônios.
Coisinhas boas sobre a Odebrecht, uma empresa que "cresceu envolvida com escândalos de corrupção, como o dos anões do Orçamento e formação de cartéis com outras empreiteiras para fraudar licitações(...) A ganância da Odebrecht no mundo dos negócios é vista também na política perversa de recursos humanos dirigida aos trabalhadores. É prática comum do grupo precarizar as condições de trabalho, desrespeitar direitos trabalhistas, impor sobrecarga de trabalho, entre outras, visando aumentar seus lucros":
Escândalo das Empreiteiras;
Campanha de Dilma recebeu dinheiro da Odebrecht;
Director da Odebrecht foi a África com Lula;
Do Cristo Redentor, Odebrecht e outros demônios.
Recorde-se ainda a Camargo Corrêa e a Octopharma.
20 September 2013
Um refrão que não sai da cabeça (XXV): "Pour punir la trahison, la haute rapine, voilà pour qui l'on a fait ce dont on connaît l'effet, c'est la guillotine!"
("Sol")
19 September 2013
Sou eu que estou a ver mal ou isto é eduquês em estado quimicamente puro? (e era tão mais eficaz optar pela "modesta proposta"...)
Antes de mais, que fique inteiramente claro: Another Self Portrait não vem repor verdade nenhuma nem reparar qualquer injustiça. Pela muito simples razão de que não existe nenhuma verdade para repor nem injustiça para reparar, apesar de ainda haver quem continue a duvidar da autenticidade do propósito de deliberada autodemolição do estatuto de messias da contracultura que Bob Dylan, em Chronicles Volume One, confessa ter sido o objectivo da publicação, em 1970, do duplo Self Portrait. É, por exemplo, outra vez, o caso de Mark Richardson, na “Pitchfork” de 30 de Agosto, ao argumentar que “a ideia de Dylan ter gravado propositadamente um disco fraco nunca fez sentido. Ele trabalhou com muitos músicos de topo de quem gostava e tinha demasiados amigos e colegas que investiram o seu tempo nele para ser capaz de gravar algo que os envergonhasse. É bem mais plausível que a história do álbum ‘intencionalmente mau’ tenha sido um mecanismo de defesa de um artista misterioso que, no fundo, tinha um enorme ego e profunda consciência do seu talento”. O problema é que nem precisaríamos de ter esperado pelo primeiro tomo da sua autobiografia para conhecermos o que Dylan pensava. Já em Junho de 1984, em entrevista a Kurt Loder, na “Rolling Stone”, ele havia afirmado exactamente o mesmo, classificando esse álbum como “uma anedota”. E, quando Loder lhe perguntava por que motivo, para fazer circular uma anedota, teria sido necessário gravar um duplo, a resposta não poderia ter sido mais esclarecedora: “Um álbum simples não bastaria. Seria apenas mau. Se é para o encher de merda, mais vale enchê-lo até acima”.
Se reparamos bem, no entanto, aperceber-nos-emos de que a péssima reputação de Self Portrait poderia, ainda que mais atenuada, estender-se facilmente ao anterior Nashville Skyline (1969) e ao seguinte New Morning (1970), nenhum deles digno sequer de beijar a sombra de tudo o que Dylan publicara até Blonde On Blonde (1966). E é justamente isso que Another Self Portrait vem iluminar: mui correctamente datado entre 1969 – 1971, é a demonstração definitiva de que, nesse período, ou Bob Dylan sofria de severo défice da acuidade auditiva ou, então, conspirou, de facto, para que os seus apóstolos o abandonassem. Porque, embora não se descobrindo um filão de preciosidades ocultas (e persistindo a esquizofrenia vocal entre o meloso timbre de alcaçuz-country e a velha e amada aspereza nasalada), todas, literalmente todas, as versões de temas desse trio de publicações e/ou os respectivos inéditos são, aqui, incomparavelmente superiores aos que conhecíamos. Essencialmente acompanhado por Al Kooper, David Bromberg (e os ocasionais George Harrison, Charlie Daniels, Russ Kunkel e a Band, nas faixas recuperadas do concerto no festival da ilha de Wight), como "test drive", chegará a escuta de "Time Passes Slowly #2", com o Hammond B-3 de Kooper em chamas, a evocar os tempos, à época, ainda não tão longínquos de "Like A Rolling Stone". Mas, acima de tudo, que não se perca a superior ironia de alguém que jurava pelo “je est un autre”, de Rimbaud (em dylanês, “I’m not there”), ter chamado Self Portrait ao seu dejecto.
Há já muito tempo que nesta latrina o ar se tornou irrespirável (parte I)
(fotos - ... e o desfecho aqui)
18 September 2013
É extraordinário como uma fantochada socrática - obviamente, à imagem do "inglês técnico" do seu criador e do respectivo diploma - com a qual nenhum infante alguma vez foi além do "yes"/"no" se transforma, de repente, numa preciosidade tenebrosamente ameaçada
"Estamos no ano 50 antes de Cristo. Toda a Gália foi ocupada pelos romanos ... Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor"
VINTAGE (CLXII)
Fotheringay/Sandy Denny - "John The Gun"
''My shadow follows me
Wherever I should chance to go''
John the gun did say
''If you should chance to meet me
As I wander to and fro
Sad would be your day
My life is mine and the light did shine
Till the guns they did go through me
So now I shall never fall
Ideals of peace are gold which fools have found
Upon the plains of war
I shall destroy them all.''
Put away your guns of steel
Death comes too soon for all
Your master he may need you soon
And you must heed his call
''I am the master of the games
That you will hardly ever play
So I will teach your sons
And if they should die
Before the evening of their span of days
Why, then they will die young.''
Put away your guns of steel...
''Condemn me not
For always will I play the game of war
In moonshine or in sun
And if any cross the path I choose to tread
Their chances they are poor
My name is john the gun.''
Put away your guns of steel...
17 September 2013
O processo de desgraffitização urbana lisboeta, à beira de eleições autárquicas, segue uma estratégia rigorosamente "à la Potemkine" (coisa, aliás, já ensaiada, diversas vezes, anteriormente): artérias principais limpas de toda a mácula; transversais e ruas secundárias, um dia há-de pensar-se nisso
16 September 2013
É cada vez mais urgente um esclarecimento autorizado da poetisa Silva acerca destes casos que se multiplicam envolvendo o nome e a reputação da Fatinha
15 September 2013
VINTAGE (CLX)
June Tabor - "Lisbon"
Um refrão que não sai da cabeça (XXIV): "Pour punir la trahison, la haute rapine, voilà pour qui l'on a fait ce dont on connaît l'effet, c'est la guillotine!"
14 September 2013
Exterminado precocemente aos 5 anos de vida em consequência do frenesim branqueador municipal, 15 dias antes das eleições
O Parolinho está convencido que a Vaticano S.A. deverá regressar aos seus "princípios fundacionais"
(cortesia de mr. apostate)
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