17 January 2025

Porque é que o pedreiro apoiante do marujo-pedreiro-que-não-é pedreiro raramente é referido pelo nome completo, José Maria Mateus Cavaco Silva? No melhor avental pode cair a nódoa...
O neo-facho é um tímido: com uniformes que lhe assentam tão melhor...
 ... vai escolher um de...comandante da TAP?!!!...
 
O público fervilha de entusiasmo perante a iminente luta de anões!...
(ou a magia do circo)

16 January 2025

David Lynch (1946 - 2025)

"Dueto de Gatos"
 
(sequência daqui) A "pièce de résistance" foi, entretanto, o 'Duetto Buffo Di Due Gatti', de Rossini (na verdade, uma colagem de excertos de diversas peças realizada por Robert Lucas de Pearsall, sob o pseudónimo de G. Berthold): "Foi, de todos, o que me deu mais trabalho. Foi a minha irmã que me deu essa sugestão. Estive quase para desistir. Pensei em coisas muito diferentes. Mas, como ia descaracterizar um pouco o acompanhamento 'de época' do Rossini, não conhecia ninguém da clássica ou do jazz com quem me sentisse à vontade para fazer esse pedido. A partir do momento em que decidi que seria eu a fazer os dois gatos - nós podemos ter vocação para sermos várias personagens mas é, porventura, mais fácil com a escrita do que a cantar -, os nossos timbres são os nossos timbres e, por muito que haja entoações diferentes, não foi, de todo, fácil. Claro que poderia ter recorrido à facilidade de criar uma voz mais digital mas, por aconselhamento de alguns amigos, decidi não o fazer. Para os arranjos, não pretendi grandes inovações, apenas a linguagem 'clássica' do quarteto, cabendo ao Zé Martins a criação de ambientes sonoros que fossem, por essa via, inovadores". Como diria Charles Bukowski, "Ter gatos à volta é bom. Se não estivermos lá muito bem, basta olhar para eles que nos sentiremos logo melhor, porque eles sabem que as coisas apenas são como são".

15 January 2025

Recordando um bonito momento dada-situacionista das presidenciais de há 4 anos
"Nenhum de nós tinha o mínimo interesse pela coragem que é preciso ter para se deixar matar a tiro pela ideia de uma nação que, na melhor das hipóteses, é uma união de interesses de comerciantes de peles e traficantes de couro, e, na pior, uma associação cultural de psicopatas que, como na 'pátria' alemã, saíam de casa com o seu livrinho de Goethe na mochila para, de baioneta em punho, porem os franceses e os russos no espeto" (Richard Huelsenbeck - En Avant Dada: Uma História do dadaísmo  + leitura complementar)

13 January 2025

"Gato Diplomata" (E. Lisboa)

(sequência daqui) Outra parceria peculiar foi com Michales Loukovikas: "Dar a um grego um poema francês, 'Les Chats', do Baudelaire, quando ele (que nem gosta de gatos!) de francês sabe muito pouco e ele ter aceitado, foi, realmente, uma prova de amor: só uma pessoa que não quer deixar ficar mal uma amiga é que aceita um pedido desses..." Com António José Martins, outro dos compositores, ocupar-se de 'Os Gatos (Lembro Que Um Dia)' tratou-se quase de um pedido expresso dele: "Achou imensa piada ao poema do Ary dos Santos que é quase um momento Disney, numa daquelas situações em que os rafeiros se enamoram das senhoras da nobreza de uma forma muito mais interessante do que acontece nos nossos romances mais humanos. 'Os Gatos (Há Um Deus)', do Manuel António Pina, independentemente da dificuldade que aquilo pudesse conter (e continha!), eu tenho uma admiração tremenda por ele - gatófilo notório - e nunca me permitiria deixá-lo de fora. Por outro lado, o Eugénio Lisboa foi logo o primeiro. Os amigos eram presenteados quase diariamente com sonetos de aviso, sonetos de amor, sonetos de compaixão, que, como ele intitulou o último livro dele, são todo um Manual Prático De Gatos Para Uso Diário E Intenso. Felizmente, ele ainda chegou a ouvir o 'Gato Diplomata" à guitarra: deu-me a sua aprovação e contou-me da alegria que isso lhe trouxe". (segue para aqui)

10 January 2025

 
Uma história sem fim

"Se o Gato Fosse Só Gato"
 
(sequência daqui) Por essa altura, já interiorizara alguns dos muito mais do que 10 mandamentos que o Felis Catus, ao longo dos séculos, foi revelando a alguns dos infinitamente inferiores humanos cuidadosamente seleccionados : "O mais pequeno felino é uma obra-prima" (Leonardo Da Vinci); "Vivi com diversos mestres Zen - eram todos gatos" (Eckhart Tolle); "Não há gatos vulgares" (Colette); e "Na antiguidade, os gatos eram venerados como deuses; nunca se esqueceram disso" (Terry Prattchett) são apenas alguns dos muitos dogmas da felinologia cujas declinações Amélia Muge foi investigar junto de autores como Hélia Correia, Ary dos Santos, Manuel António Pina, Fernando Pessoa, José Jorge Letria, Teresa Muge, Eugénio Lisboa, W.B. Yeats e Charles Baudelaire. Daí - acrescentando-se aos 31 poemas - resultaram 16 canções (acessíveis através de código QR presente no livro), na voz de Amélia, dois coros infantis (um da Póvoa de Varzim e outro de Linda-a-Velha), na guitarra de André Santos, de um quarteto de cordas e no ilusionismo electrónico de José Martins. E também na voz de Hélia que, em "Se o Gato Fosse Só Gato", repete a proeza vocal do "Epitáfio de Seikilos", do álbum Periplus (2012): "Tive a sorte de ter a Hélia Correia a responder a uma chamada e a um pedido urgente de poema - escreveu a 'Deusa' - que, para minha desgraça, me remeteu para um lado mais oriental que, para cantar, é um bocadinho complicado. Caio sempre na mesma esparrela: alguma coisa transporta-me para determinado ambiente e nem sequer penso na dificuldade que irá ser cantá-lo. Mas estou aqui para servir os poemas, se eles me põem trabalhos, que remédio tenho eu senão aceitar isso?... Por outro lado, a Hélia já tinha cantado no 'Seikilos' que era um tema sagrado. E não me parece que, para ela, o tema sagrado fosse mais sagrado do que os gatos". (segue para aqui)

07 January 2025

"Gato Que Brincas Na Rua" (F. Pessoa)
 
(sequência daqui) Mas, desta vez, o modus operandi de Amelia para abordar o tema dos pequenos tigres de salão alterou-se: "Não foi como nos outros. Comecei a trabalhar aquele tema, houve leituras, e a busca de ideias que me ajudassem a criar uma narrativa. Inclusivamente, o facto de eu ter percebido o intenso lado emocional vivido pelas pessoas que gostam deles e os têm, levou-me também a canalizar o meu interesse para uma escrita mais diversificada: não pensar só nos adultos mas também nos mais pequenos e poder ter nesse espaço de escrita um campo mais alargado". Estava Amélia naquela hesitação de "vou fazer alguma coisa/não vou/se fizer é só um livro", quando teve uma conversa com André Santos (guitarrista, Melech Mechaya) que foi, nesse momento, decisiva: "Ele insistiu e convenceu-me que não teria nenhum sentido não fazer um trabalho também musical. Como eu já tinha dois temas - 'Gato Que Brincas Na Rua', do Fernando Pessoa, e a 'Maria Gata' que tinha escrito para a Mariana Abrunheira, a partir daí, dei uma espreitadela para o mundo dos escritores para tentar descobrir o que os gatos tinham trazido â escrita e fiquei, de facto, espantada: há imensos escritores que reconheceram essa divindade de diversas formas, umas mais explícitas, outras menos, e em ambientes muito diversos". (segue para aqui)