20 April 2010

LANGUAGE IS A VIRUS



"No imaginário televisivo do futebol, já não basta que haja resultados 'justos' e 'injustos'. Tornou-se difícil que um golo aconteça sem que se procure algum 'culpado'. (...) Em tão pobre conjuntura argumentativa, emerge a questão da 'dignidade'. Quando se fala de 'dignidade'? Para avaliar os maus exemplos de comportamento de alguns jogadores dentro do campo? Para desmontar a demagogia dos treinadores que, face a uma derrota, lançam insinuações contra os árbitros? Nada disso. A 'dignidade' é um valor que só emerge... quando se perde. (...) Todos os dias, o futebol televisivo injecta estes valores no tecido mediático e social. E é extraordinário que um discurso crítico (sobre cinema, música ou literatura) possa ser insultado apenas por não corresponder às visões mais ortodoxas, ao mesmo tempo que este entendimento moralista do desporto constitui uma língua 'oficial' que quase ninguém questiona. É mais fácil, de vez em quando, fazer debates sobre as imagens de 'sexo & violência' que podem corromper as nossas desamparadas crianças..." (aqui)

(sublinho que - o que até, pensando bem, é irrelevante - o João Lopes é apreciador do ludopédio; eu não)

(2010)

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