01 December 2010

REVISÃO DE MATÉRIA
















União Ibérica

(2010)

15 comments:

Anonymous said...

Isto vindo de um crítico de música que nunca escreveu uma linha sobre música espanhola, pelo menos a moderna, não deixa de ser surpreendente.

João Lisboa said...

Tenho a vaga ideia de já ter escrito, pelo menos, uma linha. Mas, mesmo que não o tivesse feito, o que tem uma coisa a ver com a outra?

Será que por já ter escrito sobre música brasileira estaria particularmente autorizado a defender o regresso do Brasil à pátria-mãe?

Anonymous said...

É normal que já tenha escrito sobre música brasileira. É quase tão ouvida no local em que habita como a anglo-saxónica e talvez mais do que a própria portuguesa. Mas nesse mesmo rectângulo também se ouve muita música espanhola, à qual nunca prestou atenção (imagino que, tal como eu, não lhe ache graça nenhuma, o que sendo o JL um melómano não deixa de ser significativo).
O que eu interpretei é que a sua desilusão com Portugal é muito superior à sua admiração, ao seu verdadeiro interesse por Espanha e pela sua cultura.
Outra interpretação possível, é que se trata só de uma provocação sua, que eu estupidamente estou a levar a sério.
Ou se calhar um pouco das duas...

João Lisboa said...

"a sua desilusão com Portugal é muito superior à sua admiração, ao seu verdadeiro interesse por Espanha e pela sua cultura"

Mas por que raio ser adepto da União Ibérica haverá de ser, necessariamente, consequência de uma "desilusão com Portugal"?

Não estou à espera do colinho do resto da Ibéria (que também nem sequer está de grande saúde...) para resolver os problemas portugueses. Simplesmente, faz todo o sentido.

Anonymous said...

"Simplesmente, faz todo o sentido"

Fazendo sentido (geográfico? cosmológico!?) ou não, iríamos perder grande parte da nossa identidade cultural e economica e politicamente, penso que seríamos f...dos.
[Só agora me lembrei que hoje é dia 1 de Dezembro.]

João Lisboa said...

"iríamos perder grande parte da nossa identidade cultural e economica e politicamente, penso que seríamos f...dos."

A nossa identidade cultural (seja lá isso o que for) é portuguesa... e ibérica.

Se trocássemos a "identidade económica portuguesa" pela do resto da Ibéria (mesmo neste momento turvo) de certeza que só teríamos a ganhar.

A "identidade política" (à excepção da irrelevantíssima questão república/monarquia), francamente, não a enxergo.

E mais fodidos do que já estamos deve ser impossível.

Em rewind histórico: não é preciso ter grandes dons de "futurologia retrospectiva" :) para imaginar como poderia ter sido se, em 1640, os papéis de Portugal e da Catalunha se tivessem invertido.

Anonymous said...

"A nossa identidade cultural (seja lá isso o que for) é portuguesa... e ibérica"
A identidade cultural é o que nos distingue dos espanhois e eu acho que não é assim tão pouco, a começar pela língua. A identidade ibérica é que é muito discutível: somos mais parecidos com um brasileiro ou com um espanhol? Com um angolano ou com um espanhol?

Quanto à economia, pelo exemplo do investimento espanhol em Portugal, tudo o que pode e interessa, ia ser transferido para Madrid e as direcções quer no público quer no privado iam ser todas espanholas (salvo uma ou outra para "português" ver) e, claro, com a centralização, a qualidade do emprego ia piorar para a generalidade dos portugueses (quando aperta em cima, depois aperta em baixo).

"A "identidade política" (à excepção da irrelevantíssima questão república/monarquia), francamente, não a enxergo.
E mais fodidos do que já estamos deve ser impossível."
Eu não falei em identidade política e muito menos económica. O que disse é que ficaríamos ainda pior nesses quesitos. E, acredite, podemos ficar muitíssimo pior do que estamos.

Em rewind histórico: não é preciso ter grandes dons de "futurologia retrospectiva" :) para imaginar como poderia ter sido se, em 1640, os papéis de Portugal e da Catalunha se tivessem invertido.

Os juízos de prognose histórica são um exercício totalmente desinteressante porque completamente especulativo. Já para começar, se isso tivesse acontecido nem eu nem você teríamos nascido...! O que, certamente concordará, é um cenário de pesadelo ;-)

menina alice said...

Esqueceste-te de dizer que a capital era em Lisboa, João.

João Lisboa said...

"A identidade cultural é o que nos distingue dos espanhois e eu acho que não é assim tão pouco, a começar pela língua".

A verdade é que quando cruzo a fronteira de lá para cá ou de cá para lá, a única grande diferença de que me apercebo é que, num dos lados (cá), se ouve falar inglês na televisão. Por acaso, isso até prefiro.

"somos mais parecidos com um brasileiro ou com um espanhol? Com um angolano ou com um espanhol?"

Não faço a mais pequena ideia e, francamente, acho que nunca irei perder um segundo a pensar nisso.

"Quanto à economia, pelo exemplo do investimento espanhol em Portugal, tudo o que pode e interessa, ia ser transferido para Madrid"

... vou ter de ser eu a dar-lhe as más notícias?... é que... isso já praticamente aconteceu! Ou seja, temos todas as desvantagens e nenhuma das vantagens. Assim, sempre poderíamos fazer "chantagem" com dez milhões de votos. Como faz a Catalunha.

"se isso tivesse acontecido nem eu nem você teríamos nascido...!"

... err... porquê?... quer dizer, eu sei perfeitamente que, se ontem de manhã, em vez de ter calçado peúgas pretas, tivesse calçado azuis, todo o continuum espaço-tempo se teria encaminhado num trilho diferente e, possivelmente, o universo seria irreconhecível (ainda hesitei um pouco, é verdade). Mas, tirando isso, não estou a ver.

Ah... e a capital seria em Lisboa!

:)

Anonymous said...

"Mas, tirando isso, não estou a ver"

Não leve a mal JL, mas deve ser do adiantado da hora. Conhece certamente a história do matemático que pede ao rei que ponha um grão de trigo na primeira casa do tabuleiro de xadrez, dois grãos na segunda casa, quatro na terceira e assim sucessivamente.
Nós temos 2 pais, 4 avôs, 8 bisavôs, 16 trisavôs, etc...
Não fiz as contas mas, se uma nova geração surge a cada 25 anos, cada um de nós tem milhares de ascendentes que nasceram depois de 1640. E o facto de nós existirmos resulta do facto de todos esses ascendentes se terem cruzado (para não dizer outra coisa...). E a probabilidade de ter falhado um elo nesta enorme cadeia é de 100% se tivesse um facto histórico de tal importância tivesse acontecido.
E a consequência seria (isto até custa escrever) a nossa inexistência.

Ah... e a capital seria em Lisboa!
Se for assim, já penso 2 vezes :-)

João Lisboa said...

Mas a história dos grãos de trigo é quase a mesma das peúgas. E do "Smoking/No Smoking":

http://en.wikipedia.org/wiki/Smoking/No_Smoking

Anonymous said...

Infelizmente não vi o filme. Só vi o "Coeurs", que gostei muito. É um bom motivo para vê-lo.
Eu por acaso lembrei-me do óbvio "Regresso ao Futuro".

Discos Com Sono said...

Ó João Lisboa, há coisas em si que não percebo:

- Uma é a embirração com o papinha, que é um fofo.

- Outra é esta coisa da Ibéria. Eu até percebo que se esteja farto de se ser português, de Portugal, seja lá do que for, e que se queira companhia. Mas, bolas, da Espanha?!
Tantos países porreiros que por aí há. Olhe uma união com o Nepal (aquelas montanhas fantásticas, o vale de Katmandu!), ou com o México (as ruínas, a selva, os alucinogénios!), a Etiópia (a história milenar, a diversidade étnica, o povo simpatiquíssimo!). Não era tão melhor? Há alguma razão para querer falar aos berros, ter miúdas de 15 anos com 2 quilos de maquilhagem em cima, almoçar e jantar sandes, andar de um lado para o outro na rua depois do jantar, feitos parvos? Eu acho que não há.

Discos Com Sono said...

Pronto, têm o Buñuel, mas pouco mais.

João Lisboa said...

1) Ó que raio!... mas eu não estou farto de ser português. Nem, com a união ibérica, deixaria de o ser. Os catalães, os bascos, os galegos deixaram de ser catalães, bascos e galegos?

2) Fora da Europa, não me apetece nada. Pois, essa é outra mania minha: sou europeu até à medula. Vá lá, se calhar um bocadinho árabe.

3) o "papinha" é um biltre.