LA - The Ark aborda a questão da sobrevivência - o modo como nós, enquanto cultura, lidamos com as crises e o que significa sobreviver num mundo tecnológico. Não apenas a sobrevivência física mas também cultural e emocional. Usamos muita tecnologia para contar essa história. Mas a tecnologia nunca foi o ponto essencial. Importante é o modo como a usamos para reflectir a experiência humana, para observar como ela transforma as nossas relações e a forma como olhamos para o mundo. A arca é um símbolo poderoso de preservação, um veículo que transporta tudo quanto é importante para um futuro incerto. Jogámos com aquela ideia: o que devemos salvar e o que deveremos deixar para trás? Trata-se de criar uma experiência viva e imersiva. Não era apenas uma performance mas uma forma de convidar as pessoas para este mundo que construimos no qual elas poderão reflectir sobre as suas ideias de sobrevivência e que significado poderá isso ter. É, afinal, tudo uma consequência do modo como nos movemos através do tempo. Há quem pense que, no prazo de 4 anos, será já demasiado tarde para sobrevivermos ao desastre climático. A outra metade das pessoas nos EUA acha que é indispensável tornarmos a América grande outra vez. Como no passado. Mas em que ficção do passado estarão a pensar? É muito diferente pensar no passado quando se tem 77 anos ou quando se tem 17.
JL - Conhece, por acaso, Uma História do Mundo em Dez Capítulos e Meio, do escritor inglês, Julian Barnes, cujo primeiro capítulo conta a história da arca de Noé mas apenas na última linha ficamos a saber quem é o narrador?
LA - A sério? Sempre as dúvidas, sempre as perguntas... Vou ter de investigar.
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