"Lover, You Should've Come Over"
(sequência daqui) Um dos eixos principais do documentário é justamente o relacionamento de Jeff com a mãe que desempenha um papel central de narradora ao longo do filme. As entrevistas de Guibert oferecem um olhar profundamente pessoal sobre os anos de formação de Buckley, revelando traços do seu caráter e do intenso mundo emocional que ele habitava e que o habitava. Já em 2000, quando, a propósito da publicação de Mistery White Boy (colecção de actuações as vivo), conversámos em Paris, era absolutamente notório que ela tinha assumido por inteiro o papel de ferocíssima guardiã do legado artístico do filho. Senão mesmo de guia espiritual que, superiormente, lhe orientara o percurso: "Quando ele tinha 3 ou 4 anos, dediquei-me ao estudo da metafísica. Daí que, sempre que ele me fazia o género de perguntas que as crianças fazem, lhe tenha procurado transmitir o conceito de que cada um de nós é uma partícula de deus, da mesma forma que uma gota de água faz parte do oceano e que o nosso objectivo consiste em gozar a vida na sua plenitude. Quando descobriu o poeta sufi, Rûmi, foi como se tivesse encontrado uma luz naqueles poemas". E, estabelecendo a relação entre todos esses fios de sentido, "Foi isso que o conduziu até Nusrat Fateh Ali Khan e ao modo de vida sufi que é completamente o oposto de uma atitude ascética e monástica de rejeição do mundo material: viver a vida, casar-se, ter filhos, trabalhar, e, ao mesmo tempo, cultivar o amor pela vida. É muito fácil descobrir a iluminação num mosteiro mas já não é tão fácil fazê-lo numa autoestrada". (segue)







