30 May 2024

 
(sequência daqui) À "Mojo", explicar-se-ia ainda com mais detalhe: "Senti a necessidade de ir mais longe na descoberta do meu vocabulário sonoro. Gosto de pensar neste álbum como pop-depois-da-peste. Tem muito de inferno e de paraíso. Como se fosse escrito do ponto de vista de uma profunda ferida narcísica, com a sensação de se ser um barril de pólvora: se alguém nos olhar do modo errado, podemos facilmente explodir. É o meu disco mais intenso. É urgente e psicótico. Não tem nada de bonitinho". Puríssima verdade. "Reckless" (“Stranger come in my path, I’ll eat you up, tear you limb from limb, or I’ll fall in love”) abre como uma marcha fúnebre antes de estoirar em jorros de lava electrica; "Flea" (“Once I’m in you can’t get rid of me") é PJ Harvey esquartejada; "Violent Times" ("I fell down the well, waking up in hell") imobiliza um proto-tema bondiano de John Barry sobre o abismo; "The Power's Out" ("Ladies and gentleman, it seems we’ve got a problem, the man on my screen said, just as somebody shot him") é um suave pesadelo urbano que paira como um fantasma. Mas é, provavelmente, no reggae byrniano de "So Many Planets" que, logo nas duas primeiras linhas, tudo se deixa decifrar: “Misfiring chemicals and scary ideas, this revolution isn't fun, ma”.

2 comments:

Nuno Santos said...

Que artista incrível, talvez a maior revelação na música pop dos últimos 20 anos ... E já a vi duas vezes ao vivo, e foram dos melhores concertos que assisti. O comentário ao post anterior não era uma piada mas uma humilde tentativa de adivinhar a personagem encarnada no Strange Mercy.

No meio da enxurrada de novidades das últimas semanas (e, além daquelas que já criticou, ainda há Hurray for the Riff Raff, Richard Thompson, Andrew Bird, Camera Obscura, High Llamas, Pet Shop Boys, Kim Gordon, etc...), chegou a ouvir o último dos Vampire Weekend? O que achou?

João Lisboa said...

"chegou a ouvir o último dos Vampire Weekend?"

Ainda não...