06 April 2009

LYNCH NOIR



Elysian Fields - The Afterlife

Até hoje, nunca terão ultrapassado o estatuto de micro-culto mas o que não falta a Jennifer Charles e Oren Bloedow é currículo e pedigree. Ambos descendentes de gente activa no meio teatral, musical e da rádio, ela, após o percurso académico pela New York University e pela Tisch School Of The Arts, ocupou-se com uma série de espectáculos de poesia/performance na Knitting Factory; Oren, pelo seu lado, passou pelo New England Conservatory, envolveu-se na cena downtown de Nova Iorque ao lado de John Lurie, Marc Ribot e tutti quanti e – coisa de emoldurar na parede da sala – viu-se, inesperadamente, nomeado “artista do ano” de 2004 por Greil Marcus.



E, desde que, pelo meio dos anos 90, constituíram os Elysian Fields, o percurso não tem sido menos imaculado: quatro álbuns de noir pop voluptuosamente mórbida (segundo Nick Kent, “sensual como o sonho húmido de um sonâmbulo”), diversas colaborações com a Tzadik, de John Zorn – nomeadamente, dois álbuns de canções Sefarditas –, de Jennifer com Jean Louis Murat (A Bird On A Poire, em modelo Birkin/Gainsbourg) e, para dourar a biografia, até a sempre bem-vinda medalha do “lost album” produzido por Steve Albini e rejeitado pele Universal que, um dia, também há-de vir à luz. A matriz musical está estabelecida – "torch song" lynchiana, aqui e ali, dilacerada por dissonâncias eléctricas – e, nessa exacta medida, The Afterlife, sem alterar nada de substancial, é um belíssimo pedaço de música para as últimas horas da noite.

(2009)

2 comments:

fallorca said...

Este já canta! Obg pela apresentação

Táxi Pluvioso said...

Terça é o grande dia. O nosso conterrâneo entra na Casa Branca, pela porta grande, pelo 1600, como nós merecemos. Mas não sem polémica como nós gostamos. Em vez do Governo do Eng. Sócrates enviar, da nossa terra pátria um emigrante, que ajudaria com envio de divisas na construção de estradas, permitiu que o Cadáver Kennedy oferecesse o canito aos Obis. Já não bastava o Freeport agora mais um escândalo nacional para a Manuela Moura Guedes desvendar.

E que ideia é aquela do nosso presidente Baráque chamar ao cão "Bo"? Mesmo camuflando com obscura referência a Bo Diddley, aquilo vem de "brother", só faltou chamar-lhe "ho". Quando temos farto léxico para chamar a um cão, Rex, Bobbi, Toy, o Governo do Eng. Sócrates não acautelou os nossos interesses na implementaç... er... plasmação do nosso lugar no mundo, bem juntinho do nosso presidente Baráque.

Espero que o Governo do Eng. Sócrates dê tolerância de ponto na terça para assistirmos ao momento.