HÁ MONTES DE SARILHOS E MONTES DE SARILHOS...

Fatimah az-Zahra em caligrafia arábica

Sobre o islão fatimida

"A doutrina apontava para o fim da 'religião positiva', o fim da teocracia, o advento da religião sem culto e, no horizonte, a destruição do islão. Um perigoso segredo para quem o detinha. Vejamos quais eram essas doutrinas, qual a alternativa que apresentava ao islão ortodoxo: (...)

- no 5º [grau], o militante aprendia a tratar desdenhosamente o estado da religião ritualista, a prestar cada vez menos atenção à letra da Lei e a abolir as prescrições externas do islão.

- no 6º, aprendia o significado alegórico dos ritos do islão (oração, esmola, jejum do Ramadão, peregrinação a Meca) cuja observância externa 'não é muito importante, podendo ser abandonados dado que foram instituídos por legisladores sábios e filósofos como um meio de moderar o rebanho vulgar não iluminado nem instruído'. (...)

- atingido o 9º grau, 'eliminava-se todo o vestígio de religião dogmática. O militante convertia-se num pensador e livre para adoptar o sistema religioso ou a combinação que conviesse mais ao seu espírito. Descobria então que há um Ser que não tem nome, nem atributo, de quem não sabemos nem se pode dizer nada e ao qual se não pode prestar culto'. Era a negação do islão e o advento da pura religião espiritual que não implica dogmas nem a obrigatoriedade de culto. Aí temos o Segredo fatimida.

(...) O chiismo-fatimismo, tendo em prestígio a mulher por causa da ascendência da Senhora Fátima, expandiu-se a partir de regiões ou tribos de cultura matrilinear (ou matriarcal) que chegaram a ser governadas por califas-mulheres ou sultanas. (...) Fátima a Resplandecente passava por ser a fundadora da legitimidade dos fatimidas". (Moisés Espírito Santo, Os Mouros Fatimidas e as Aparições de Fátima)

(2009)