31 December 2009

2009 - PRÉMIO POST DO ANO
COM CITAÇÃO DE HORÁCIO TRUNCADA




Dulce et decorum est terminar o ano com uma mensagem de paz e amor. Mas - independentemente do facto de eu só fazer uma muito vaga ideia de quem seja "Lady Gaga" - há uma coisa que não deixa de ser intrigante: quem está em contacto directo com a entidade que supostamente odeia/não odeia a senhora do verbo vacilante? Quem lhe recebe as cartas, postais, mails, faxes, SMSs? Quem lhe reconhece a assinatura? O Phelps ou o Borga? É por estas e por outras que aquele mini-rectângulo ali ao lado do "view my complete profile" vai entrar por 2010 sem planos de mudança.

(2009)
MÚSICA 2009 - INTERNACIONAL (II)
(iniciando-se, de baixo para cima *, de um total de 25)



The Phantom Band - Checkmate Savage




Bruce Springsteen - Working On A Dream




Sufjan Stevens - Run Rabbit Run




Prefab Sprout - Let’s Change The World With Music




Dirty Projectors - Bitte Orca

* na verdade, a ordem é razoavelmente arbitrária...

(2009)
2009 - PRÉMIO MARCEL MARCEAU + ATREVIDO:
MANUEL PINHO



Uma sentida homenagem à saudosa revista "Ana + Atrevida".

(2009)
2009 - PRÉMIO ALINHAMENTO DOS CHAKRAS:
LAURINDA ALVES


 Vítima chinesa das cadeias de fast food

A vida, pensamento e obra da filósofa Laurinda dispensam justificações. Fica aqui apenas uma das suas últimas reflexões acerca da recentíssima origem da obesidade na China:


(2009)

30 December 2009

2009 - FILME PORTUGUÊS DO ANO:
"E TUDO POR CAUSA DA MERDA DE UNS ROBALOS"




Apesar de se tratar de uma reposição, a tensa e pungente narrativa - que retoma a eterna interrogação sobre o sentido da existência e a importância das espécies piscícolas na mobilidade social ascendente - assegurou-lhe, folgadamente, o galardão. Já aqui havia sido pré-nomeado e sublinhado o enorme sucesso que está a ter também no Brasil.

(2009)
2009 - PRÉMIO TONY SOPRANO/CARTAZ DO ANO



(2009)
ERA SÓ PARA DIZER QUE, EVIDENTEMENTE,
LISTINHAS "DA DÉCADA" É SÓ PARA O ANO


Cronos devorando o filho
(Rubens 1577-1640)


(2009)
2009 - PRÉMIO POST-PORTUGAL NUMA CASCA DE NOZ



"Como dizia Camilo, 'portanto, lá vamos todos para a posteridade'"

(2009)
2009 - PRÉMIO ISTO UM DIA AINDA VAI SER TUDO EXPLICADO COMO DEVE SER E NESSA ALTURA AS MANIGÂNCIAS DOS MADOFFS DESTE MUNDO AO PÉ DESTA VÃO PARECER UMA BRINCADEIRA INOCENTE DE ESCUTEIROS MAROTOS: A "PANDEMIA H1N1"



(2009)
2009 - PRÉMIO INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DO ANO: VATICANO S.A.



(2009)
2009 - PRÉMIO PERSONALIDADE PORTUGUESA DO ANO: BO



(2009)
2009 - PRÉMIO FACULDADE KINKY DO ANO: FML



"Na Faculdade de Medicina de Lisboa, diz que se chegou ao cúmulo de 'haver cinco estudantes a fazer toque rectal a um único doente'" (aqui)

(2009)

29 December 2009

2009 - PRÉMIO REENCARNAÇÃO DO ANO: ALLAN KARDEC



Fundamentação do prémio

(2009)
MÚSICA 2009 - INTERNACIONAL (I)
(iniciando-se, de baixo para cima *, de um total de 25)








































* na verdade, a ordem é razoavelmente arbitrária...

(2009)
E ASSIM TERMINA COMO, SEM DÚVIDA, MERECE
O GLORIOSO E INESQUECÍVEL ANO-MAGALHÃES!




Crianças vendem 'Magalhães' a 5 euros nos Açores

"Crianças açorianas estão a vender computadores Magalhães por cinco euros ou em troca de brinquedos. Segundo a Antena 1, crianças da ilha de S. Miguel - muitas delas oriundas de bairros carenciados e que receberam o portátil nas suas escolas - fazem negócio trocando o computador por dinheiro ou por brinquedos. Algumas delas declararam mesmo que a troca pode ser efectuada por uma bicicleta ou por um carro de esferas. Outras pedem entre os 5 e os 30 euros 'para a mãe fazer a sua vida, para comer ou só mesmo para brincar'. Questionada sobre a questão, a secretária regional da Educação, Maria Lina Mendes, disse à Antena 1/Açores que, 'a partir do momento em que os pais pagam o computador, essa responsabilidade passa a ser deles e não da tutela'" O Governo pagou cerca de 200 euros por cada Magalhães. (aqui)

... e, de caminho, recordemos o momento histórico em que foram pronunciadas as palavras que mudaram o mundo: "the future of wave energy starts today". O "futuro" - pelo meridiano de Lisboa - dura três meses:


(2009)
CONCORRÊNCIA DESLEAL


(daqui)

Textos de apoio

(2009)

28 December 2009

DO ANTIGO TRONCO



Alela Diane & Alina Hardin - Alela & Alina

“You never know how the wind will blow, and you never know who’s going with it when it goes”. Não são necessárias muito mais estrofes (em "I Have Returned" ou em qualquer uma das outras cinco faixas deste EP ou mini-CD, como preferirem chamar-lhe) para termos a certeza de que Alela Diane e a sua companheira de viagem, Alina, têm praticamente tudo a ver com a nobilíssima tradição folk norte-americana – mas também com o mais antigo tronco da velhíssima árvore britânica – tal como Greil Marcus a identificou e da qual instituiu Bob Dylan como narrador supremo, e pouco ou nada com a (feliz e previsivelmente, em curva descendente) deliquescência "freak/psych" que, durante dois ou três semestres, imaginou poder passar por coisa autêntica.


fotos de Walker Evans

Após o óptimo To Be Still, Alela e amiga, só vozes-como-duas-em-uma e guitarras, vagueiam por pré-rafaelismos de alma serrana, despem até ao osso o lendário "Matty Groves" já antes lapidado pelos Fairports e atiram-se (é preciso ter as unhas afiadas) ao vinagre desesperadamente macho de "The Rake", de Townes Van Zandt, sem ferimentos nem escoriações. Não há disto todos os dias.

(2009)
STREET ART, GRAFFITI & ETC (XXXVI)

Paris, França, 2009















(2009)
E AINDA A PROPÓSITO DE TEOLOGIA SCI-FI



"Eu já era bispo de Hippo, quando viajei até à Etiópia com alguns servos de Cristo para pregar o Evangelho. Neste país vimos muitos homens e mulheres sem cabeça, que tinham dois enormes olhos nos peitos; e em países ainda mais a Sul, vimos pessoas com um único olho na testa" (Santo Agostinho, Sermão 37, citado em Taylor, Syntagma, 52; Diegesis, 271; Doane, Bible Myths, 437)

(2009)

27 December 2009

E ENTRE UM HOMEM, UMA MULHER
E UMA POMBA (OU UM FANTASMA)?



Claudio Coello (1642-1693)

Papa apela à defesa da família formada por um casamento entre um homem e uma mulher

... mas continuo a preferir a versão mormon-sci-fi:



(2009)
DEPOIS DA CORRIDA AO OURO



B Fachada - B Fachada




Samuel Úria - Nem Lhe Tocava

Um ano depois de o petardo mediático FlorCaveira/Amor Fúria rebentar, ter-se-à tudo esfumado como acontece, regularmente, com as modas sazonais, ou haverá estilhaços valiosos para recolher? Quando, por essa altura, Tiago Guillul declarava “Há um sentido de desgosto, de não identificação com a maior parte das coisas que a geração à minha volta está a fazer. Quando ninguém nos ouvia, tínhamos a profunda consciência de que éramos pessoas que ninguém ouvia. É preciso que alguém se sinta, às vezes, enojado para conseguir fazer alguma coisa. Há pessoas que não gostam de nós e não gostam por boas razões: 'Estes gajos têm a mania que são espertos!' E, nesse sentido, temos, de facto, a mania que somos espertos em relação ao resto, aquilo embaraça-nos”, estava apenas a tirar partido dos megafones que lhe eram colocados à frente ou, durante os doze meses seguintes, justificou – por obras, além de palavras – aquilo que afirmava?



Dos manifestos da Amor Fúria (“Surge um exército de rapazes e raparigas de caras e almas pintadas, pronto a transformar as emoções colectivas num momento partilhável pelas multidões. Apresentam cantigas, planeiam o fim deste mundo e o início de um novo tempo onde as canções substituam as janelas fechadas dos automóveis, as conversas dentro dos edifícios, as filas de espera para os autocarros, os desesperos solitários”), emergiram, de facto, destacamentos poéticos armados, de carne e osso? Será que o que Samuel Úria escreveu acerca de B Fachada (“Alguém que se julga um povo não pode estar bom da cabeça. Eu não sei o que é que o B Fachada se julga, mas lá que se etnografa a si próprio, etnografa. Giacomette-se consigo mesmo, não pode estar bom da cabeça. Graças a Deus”) teve consequências práticas? O que o próprio Úria confessou sobre si mesmo (“já nasci depois do PREC, tarde demais para proto-punk, branco demais para ser do rap") eram só "soundbytes" rimados ou confirmou-se?



Nada como fazer o balanço: um belíssimo devaneio estival de João Coração (Muda Que Muda); vários EP, compilações e elucubrações artesanais a ensaiar sementeiras diversas; duas ou três estreias com índices de acerto no alvo variáveis (Pontos Negros, Smix Smox Smux, Os Golpes); uma colecção de polaróides de figurões urbano-rurais de B Fachada (Um Fim-de-Semana no Pónei Dourado); um EP de “seis canções que rockam-popam-dançam em cima do tempo” (Meio Disco, de Os Quais); e uma longa pausa de Tiago Guillul que, ainda assim, não o impediu de, aqui e ali, ir opinando com imponderável sabedoria (exemplo: “Sempre os mesmos acordes. Sempre os mesmos xilofones sentimentais. Sempre as mesmas capas péssimas em subtis variações de auto complacência. Sempre os mesmos optimismos insufláveis ianques. Sempre as mesmas queixinhas de classe média. Sempre a mesma coisa. Bruce Springsteen não sabe fazer maus discos"). Chega, agora, o momento em que os piores receios de Guillul (“Irrita-me muito pensar ‘será que isto é o próximo passo, este grau de respeitabilidade crítica em que as pessoas andam todas a dar palmadinhas nas costas umas às outras?...’ O nosso rastilho é um certo prazer em fazer inimigos”) se irão concretizar: Nem Lhe Tocava, de Samuel Úria, e B Fachada (apesar de publicado pela Mbari e já não pela incubadora FlorCaveira), irão fazer muitos amigos e a respeitabilidade crítica está a bater-lhes à porta.



Por mui óptimas razões, aliás: se, nem um nem outro perderam aquela faceta de artesãos que preferem lidar com materiais recolhidos no quintal das traseiras ou em que tropeçaram, acidentalmente, numa investida pelo sótão, tudo atingiu já, um grau mínimo de perfeição de acabamentos que, sem tresandar a produto industrial, também não é, decididamente, apenas coisa de amador jeitoso. Fachada é o diletante que respiga na tradição e a evapora ("Responso Para Maridos Transviados"), quase incorpora o espírito do primeiro Kevin Ayers ("Tempo Para Cantar"), joga ao toca-e-foge com o ié-ié tal como Rui Reininho, em dia de folga, o pratica ("Estar à Espera Ou Procurar"), gainsbourgiza-se levianamente ("Setembro" e "A Bela Helena"), pisca o olho a Vitorino, Cesariny e (no grafismo da capa) aos Trovante e, de tudo isso, constrói uma personagem inteiramente singular de quem não esperamos senão que debite aforismos como “É bom ter má fama, dá para ter vazia a cama, e nesta solidão de Kant, é bom ter de fundo o que anda nas bocas do mundo” e mais uma mão cheia de outros de igual quilate.



Nem Lhe Tocava é um sinuoso, virtuoso e vertiginoso exercício de mimetismo em que, sobre uma camaleónica pele inconfundivelmente lusa, se projectam as sombras do tango, do blues, de Elvis Presley, Johnny Cash, caricaturas de Prince e daquele género de soul gingada nos arraiais de Verão, revisteirices de coreto, sobras da mesa do rock português de 80, e por tão repetidas e rápidas sobreimpressões, transpira nacos de língua em estado de graça nos quais, Úria se confessa (“Pôr sal nas minhas feridas e acordes nos meus brados, derramar mel nas saudades, verter choros sincopados”), se desenha (“Eu nunca fui do prog-rock, sou neo-retro-redneck, nasci num antro só de Enters, já nem sei carregar num Rec”) e, no ultra-waitsiano "Batuta e Batota", abre completa e magnificamente o jogo: “Ou em berço de ouro, ou em disco de prata, brotei já artista ou fiz-me pirata? Um Messias pop, freewheelin com dono, se me biografo ou revisiono”.

(2009)
FIELD REPORT FROM THE LINGERIE WARS (II)
(Lacan steps in ou o falo estilhaçado)

Dezembro de 2009, Lisboa, Portugal



(2009)

26 December 2009

"DEVEREMOS ESTAR SEMPRE DISPOSTOS A ACREDITAR QUE
AQUILO QUE NOS PARECE SER BRANCO É REALMENTE PRETO
SE ASSIM A HIERARQUIA DA IGREJA O DECIDIR"

(Inácio de Loyola, 1491-1556)


Ankh ("a vida eterna")

Patriarca defende «identidade histórica» do Natal

"O Patriarca de Lisboa revela ter ficado impressionado com um inquérito num país europeu em que '39% das pessoas que responderam já não sabiam qual era a origem do Natal, o que é que ele celebrava'" (aqui)

Vamos lá, então, dar uma ajudinha:

A 25 de Dezembro, desde 3000 aEC a 200 aEC, celebra-se o nascimento de Horus, Osíris, Attis, Krishna, Zaratustra/Zoroastro, Mitra, Buda, Diónisus, Tammuz e Hermes. Todos gerados por virgens, executantes de "milagres" vários, e, em diversos casos, mortos e "ressuscitados" três dias depois. Para além de outras múltiplas coincidências que antecedem de uns bons milhares de anos a história que o Sr. Policarpo prefere.

Aliás, nada que, há dezanove séculos, não se soubesse já.









Apela-se, pois, à assinatura da petição online em defesa da identidade histórica do 25 de Dezembro, "Give Us Back Our Holiday".

(2009)

25 December 2009

ENTÃO, FALA-SE DE COISAS DESSAS NUM DIA DESTES?...



D. José Policarpo lamentou indiferença, agnosticismo e ateísmo na sociedade portuguesa

"É um dos grandes paradoxos da História, um povo oficialmente crente em Deus não reconhece Deus que o visita"

Oficialmente?... A Eminência deve ter abusado do sanguedecristo na consoada...

"O cardeal patriarca lamentou a 'indiferença, o agnosticismo ou mesmo o ateísmo' instalados na sociedade portuguesa"

You're too kind. Mas não, ainda não.

"Hoje na nossa sociedade há alguns que negam mesmo a existência de Deus, atitude que pode parecer clara na lógica da razão, mas que não tranquiliza o coração"



(cartoons daqui)

(2001)
MESQUITAS (II)


Colombo, Sri Lanka



Roterdão, Holanda



Istambul, Turquia



Larabanga, Gana



Estocolmo, Suécia

(2009)

24 December 2009

JINGOBÉ, JINGOBÉ, FUCK CHRISTMAS! (XIX)


(daqui)

(2009)
PORQUE O ESPÍRITO DO NATAL É MESMO ASSIM
E PORQUE TEMOS DE SER UNS PARA OS OUTROS




Dedicado a todos os arguidos e/ou detidos preventivamente dos processos "Face Oculta", "BPN", "Freeport" et alia.

(2009)
O VERDADEIRAMENTE HORRENDO DOS "NOUGHTIES" (II)
(segundo "The Word" mas com aplicação local)



The Da Vinci Code

What's more depressing: the massive, heartbreaking success, the gormless movie or the dismal, soul-rotting, plain bad writing? If Catholicism is a conspiracy you'd have thought they'd suppress it. A great piece from the "Telegraph" on just how bad Dan Brown's writing is here.

Aplicação local: José Rodrigues dos Santos.




Guilty Pleasures

Flogged-flat conceit that gives music of a certain age a chocolate-advert patina of fake ooh-it's-naughtiness. We've even heard ABBA described as a guilty pleasure. To be clear: Sailor, The Carpenters and ELO made good records and that's the end of that.

Aplicação local: rever as páginas do "Público"/"Ípsilon" dos últimos anos.

(2009)