29 June 2023

Vivam os 522 821 responsáveis 
ASSIMETRIA, MAGIA
Jim Jarmusch. Cineasta, realizador de Stranger Than Paradise (1984), Down by Law (1986), Mystery Train (1989), Night On Earth (1991), Ghost Dog (1999), Coffee and Cigarettes (2003), Paterson (2016), The Dead Don't Die (2019) e umas quantas outras preciosas singularidades do cinema independente norte-americano. Associar-lhe a condição de músico é que já não estará na ponta da língua da maioria. E, contudo, como há semanas confessaria ao "Guardian", "A música esteve sempre presente. Desde a adolescência, a música foi sempre algo que deu forma à minha vida e às decisões que fui tendo de tomar". E, a propósito, recordaria um dia em que Tom Waits se sentou ao piano para lhe fazer ouvir uma canção que acabara de compor: "Cantou-a, ela elevou-se no ar e pelo éter e... desapareceu. Só pensava 'Ando eu a trabalhar num filme e vão ser precisos dois anos até conseguir começar a exprimir o que procuro dizer...'" Na verdade, no final dos anos 70/início de 80 do século passado, faria parte da cena "no wave" novaiorquina e integraria os Del-Byzanteens que, em 1982, publicariam um único álbum, o nada menor Lies To Live By. (daqui; segue para aqui)

"Berlin '87"
(foto Reiner Riedler)

27 June 2023

A trepidante e sempre surpreendente história do Chaga: I, II,III, IV e V (mas o Marselfie deve ficar orgulhosíssimo - são fachos mas são os nossos fachos!!! - pelo destaque internacional; na íntegra aqui)
Simple Minds - Empires and Dance

 
"I Travel" (álbum integral aqui; ver também aqui)
Daquelas notícias que nos elevam instantaneamente eialma 
 
"Papa Francisco recebeu artistas portugueses no Vaticano" * (os suspeitos habituais mais um ou dois que já tinham idade para ter juízo) 
 
* ver também aqui

26 June 2023

"Shadow Forces"
 
(sequência daqui) No novo Love In Exile, é como se essa singularidade se acentuasse mais ainda buscando, paradoxalmente, a dissolução nas ondas sonoras que, com o pianista e compositor Vijay Iyer e o multi-istrumentista Shahzad Ismaily – gente da intimidade estética de Laurie Anderson, Lou Reed, Tom Waits, Jolie Holland, Laura Veirs, Bonnie Prince Billy, Faun Fables, Secret Chiefs 3, John Zorn ou Elysian Fields –, conduz por um puzzle de estrofes em Urdu cerzidas por uma teia de melismas encantatórios. “Fomo-nos escutando uns aos outros e conduzimo-nos por caminhos que desconhecámos. Sem nunca nos perdermos”.
O "sonho português" é ganhar o mundial da bola? Empanturrar-se de bacalhau e pastéis de nata? Torrar ao sol até ao melanoma final? Aplaudir em êxtase as saloiadas da Joana Vasconcelos? Ouvir as patacoadas do Marselfie até ao derradeiro vómito?

25 June 2023

Como dizia alguém, esgrimindo
com destreza a ciência política,  

23 June 2023

A seita social-fascista ainda não denunciou Prigozhin como agente infiltrado do Ocidente no maravilhoso império russo?



PJ Harvey & Ramy Essam - "The Camp"
"PJ Harvey and Egyptian recording artist Ramy Essam have come together to write and record ‘The Camp’ which they hope will raise awareness and much needed support towards the health and educational well-being of displaced children in the Bekaa Valley of Lebanon. The artists will donate all net profits from the track to Beyond Association in the Bekaa Valley, a national Lebanese non-Governmental Organisation. Beyond Association provides services such as access to education, healthcare, and psycho-social support mainly through art therapy, neuro-physiotherapy, and recreational activities. 'It is hard to comprehend the scale of the crisis in Lebanon, a country of 4 million now hosting over 1 million Syrian refugees', states photo-journalist Giles Duley whose arresting photographs feature in the official music video, edited by Rick Holbrook. 'The infrastructure of the country is pushed to its limit, and nowhere is that situation more desperate than in the Bekaa Valley. However, there are some amazing organisations doing incredible, effective, and selfless work on the ground there, and of all the NGOs I have documented, none have impressed me more than Beyond. To visit their schools and witness their programs is to see hope - and that is something we have to support'. The following is an excerpt from Ramy Essam's verse of "The Camp", translated from Egyptian to English: "I wish I had wings to fly away, far away. Meet smiley faces who never ask where I came from; not to ask about colour, race, or religion. What difference does it make if we're all humans? No wars, no limits, no borders. Earth is everyone's right.”
Gogol Bordello (feat. Regina Spektor) - "Seekers & Finders"

22 June 2023

Segundo o CEO da Vaticano S.A. que é muito fixe e, quiçá, até esquerdalho, a velha bruxa está a transbordar de santidade... ora vamos lá ver

SEM NUNCA NOS PERDERMOS 

 
Conhecemos Arooj Aftab aquando da publicação, em 2021, de Vulture Prince, precioso exercício de fusão molecular entre ghazals paquistaneses, a poesia de Rumi, guitarra acústica, harpa, trompete, sintetizadores, violino e contrabaixo, respondendo ao apelo da voz de sereia de Arooj. Ela nascera na Arábia Saudita mas, durante a adolescência, emigrara com a família – “progressistas, liberais, super cool” que, contou ela à “Songlines”, lhe deram a conhecer Stan Getz, Miles Davis, Billie Holiday e Ella Fitzgerald, em paralelo com a música clássica sufi de Abida Parveen - para o Paquistão. Daí, aos 19 anos, viajaria até Boston para estudar no Berklee College of Music, acabando por fixar-se em Brooklyn. A propósito do Grammy para Best Global Music Performance que, em 2022 lhe foi atribuído, diria: “Tenho raízes em tantos lugares diferentes. Passei os últimos 20 anos a viver e a crescer musicalmente em Nova Iorque. Por isso, não me vejo na qualidade de artista ‘world’ ou ‘global’. A minha música é o resultado das minhas experiências. Não quero ter nada a ver com esta tolice de me arrumarem numa caixa. Aprendi que as coisas que herdamos podem provir de onde quer que estejamos. É esse o motivo por que a música que faço vai além da tradição. É singular, minha, parte da minha vida”. (daqui; segue para aqui)

"To Remain/To Return"

20 June 2023

O partido parlamentarmente invisível, indelicadamente, esqueceu-se dos seus camaradas (genericamente conhecidos como "beatagem social-fascista") também a caminho da invisibilidade
 
Edit (15:12) - ... e, quanto à dita beatagem, é sempre um enorme desafio lê-la ou escutá-la sem que se pense que aquilo não pode ser a sério 

19 June 2023

De onde é perfeitamente legítimo concluir 
que Sumo Patífice = SARS-CoV-2

 
The Del-Byzanteens - Lies To Live By

(álbum integral)

A joke a day keeps the doctor away (XCIX)

"Covid-19. Ex-Presidente do Brasil pede desculpa por difundir informação falsa sobre vacina"

(sequência daqui) 7) Em 1968, Dylan, autodepreciando-se, confessava: “Quase tudo é fácil se comparado com a escrita de canções. Não escrevo todos os dias. Gostava mas não sou capaz. Convém que saibam que estão a falar com um perfeito vigarista. Gershwin, Bacharach, esses sabiam o que faziam. Eu estou-me nas tintas para escrever. É o que digo agora, claro. Porque, mal o vento mude, não vou conseguir pensar noutra coisa”. Dez anos depois, nada tinha mudado mas tudo era já diferente: “Todos os aspectos da vida me interessam. Revelações e realizações. O pensamento lúcido que pode ser traduzido em canções, analogias, nova informação. Ainda não escrevi nada que me fizesse ter vontade de parar. Ainda não cheguei a um ponto igual aquele em que Rimbaud decidiu deixar de escrever e dedicar-se ao contrabando de armas em África”.

14 June 2023


(sequência daqui) 6) Numa extensa entrevista a Jeff Slate a propósito de The Philosophy Of Modern Song (2022) que praticamente acrescenta três ou quatro capítulos ao livro, divididas por várias respostas, ensaia definições múltiplas do que é “uma grande canção”: “Uma grande canção segue a lógica do coração e permanece na nossa cabeça muito depois de a termos ouvido. (...) Transporta-nos e é como se levitássemos. (...) Uma grande canção passa por mutações, dá saltos quânticos e regressa como o filho pródigo. (...) Uma grande canção é a soma de todas as coisas. Pode tornar-se um ponto de viragem na nossa vida. (...) Uma grande canção toca-nos em lugares secretos, sacode-nos e afunda-se em nós”. (segue para aqui)

13 June 2023

Continuo à espera que alguém explique por que motivo, em quê, de que modo aqueles cartazes são racistas... após quase 5 décadas de manifestações, foi a primeira vez que repararam nos milhares de cartazes (I, II, III), de bom, mau e péssimo gosto, que têm desfilado livremente pelas ruas? Coisa, aliás, de antiquíssima tradição:


(daqui; ver também aqui)

Edit (14:21) - (Não, não foi só ele, era o que faltava, eu também tinha!...) "Marcelo Rebelo de Sousa destacou ainda que no protesto dos professores no 10 de Junho também viu t-shirts com mensagens alusivas a si. (...) 'Isso não foi falado mas estavam lá!'"

11 June 2023



(sequência daqui) 4) “A única coisa que espero poder fazer é cantar aquilo que penso e, talvez, recordar-vos de alguma coisa. Não me classifiquem como um homem com uma mensagem. As minhas canções são só eu a conversar comigo mesmo. Pode parecer uma afirmação egoísta mas é a verdade. Não tenho qualquer responsabilidade perante ninguém a não ser perante mim próprio” (Bob Dylan, Londres, 1965)


5) “Andava em concertos quando recebi a surpreendente notícia de ter ganhado o Nobel da Literatura e precisei de algum tempo para a processar. Pensei em William Shakespeare. Imagino que se via como um dramaturgo. A ideia de escrever literatura não lhe deve ter passado pela cabeça. Escrevia para o palco. Para ser dito, não lido. Enquanto escrevia o Hamlet, devia estar a pensar em várias coisas diferentes: ‘Quais os actores certos para estes papéis?’, “Deverá a acção decorrer na Dinamarca?” (...) ? ‘O financiamento está a correr bem?’ Aposto que a última coisa que lhe ocorria era a interrogação ‘Será isto literatura?’ (do discurso de aceitação do Nobel da Literatura de 2016, lido por Azita Raji, embaixadora dos EUA na Suécia, a 10 de Dezembro, após uma relutância de 15 dias em reconhecer a atribuição) (segue para aqui)

08 June 2023

 
Bob Dylan c/ Suze Rotolo
 
(sequência daqui) 3) No documentário da BBC Dylan’s Women (2011), não espiolhando em modo "paparazzo" a vida privada de Bob Dylan, registam-se, porém, aquelas mulheres que, de um modo ou de outro, foram determinantes na sua vida. A saber: Terri Thal, primeira "manager" cuja residência em Greenwich Village funcionava como santuário para os músicos folk do início dos anos 60 e ponto de encontro para discussões sobre música, política e teatro. Foi ela quem lhe conseguiu o primeiro concerto no Gerde’s Folk City, lendário clube da época em Nova Iorque; Carolyn Hester, figura importante do "folk revival" da qual Dylan encontrou forma de se aproximar, praticamente suplicando que o autorizasse a fazer a primeira parte de um concerto em Boston e logrando um convite para tocar harmónica no álbum que ela se preparava para publicar pela Columbia. John Hammond não estava desatento e, pouco depois, contratá-lo-ia; Suze Rotolo, a companheira na capa de The Freewheelin' Bob Dylan (1963) que lhe daria a conhecer Bertolt Brecht, Kurt Weill, e sobretudo, Rimbaud cujo “Je est un autre” lhe viraria o mundo às avessas (“Todas as campaínhas começaram a tocar. Aquelas palavras faziam perfeito sentido”); Joan Baez, que, com ele, durante um breve espaço de tempo (iniciado no Newport Folk Festival de 1961), constituiu a suprema sizígia folk; Sara Lownds, a “Sad Eyed Lady Of The Lowlands”, actriz, modelo e força benigna apaziguadora com quem foi casado de 1965 a 1977. (segue para aqui)
Reparemos: "Em julho de 2021, Francisco passou 10 dias no Hospital Gemelli para remover 33 centímetros do seu intestino grosso"; Cristo morreu com 33 anos. Alguém ousa duvidar que esta claríssima relação entre o intestino do papa e os últimos momentos de Jesus é um anúncio da iminência do fim do mundo???!!!... (e não esqueçamos Malaquias!)
 

07 June 2023

O Demónio em acção nas entranhas do inimigo * 

S. Miguel e o Demónio - pormenor de vitral da igreja de Saint Martin de Florac (França)

* (na intervenção apenas será usada água benta)
 
Edit (13:50) - mas, se a coisa corre mal, Lisboa ainda pode ficar como "a cidade do Demo onde o papa se finou" e dar cabo da campanhazinha...)
A melhor parte da notícia: "Conheceram-se num seminário católico"

"Desafinado" (de Getz/Gilberto - álbum integral aqui)

06 June 2023

Absolutamente verdade, é uma pouca vergonha pegada! (confirmar aqui e aqui; mais especificamente, aqui, aqui e aqui)
 

(sequência daqui) 2) Falando sobre a avó Anna, em Chronicles Volume One (2004), Shabtai /Robert/Bob Dylan desenha-lhe o retrato (“A minha avó tinha apenas uma perna e fora costureira. Era uma senhora morena que fumava cachimbo. O outro lado da minha família era loiro e de pele muito mais clara. Tinha também um sotaque impressionante”) e, a partir daí, sobrepõe genealogia e geografia: “Tinha chegado à América vinda de Odessa, uma cidade portuária no sul da Rússia, não muito diferente de Duluth: o mesmo tipo de temperamento, clima e paisagem, mesmo à beira de uma grande massa de água. Originalmente, tinha vindo da Turquia, por barco, desde Trabzon, através do Mar Negro – a que os antigos gregos chamavam o Euxino e sobre o qual Lord Byron escreveu em Don Juan. A família dela era de Kagizman, uma cidade da Turquia perto da fronteira com a Arménia e o nome de família era Kirghiz. Os pais do meu avô também vinham da mesma zona e tinham sido principalmente fabricantes de sapatos e correeiros. Os antepassados da minha avó eram de Constantinopla”. (segue para aqui)

05 June 2023

Depois do guito que o Estado esbanjou com o Rock in Rio da beatagem, pôr a Vaticano S.A. a trabalhar para o Turismo de Portugal é o mínimo, o mínimozinho exigível
... e não poderíamos concordar mais com o Luís Aguiar-Comraria!

Era só o que faltava... a bófia - essa incubadora de grandes patriotas!... - deixar o pedaço mal visto aos olhos de deusnossenhor!!!... Era o regresso imediato das 10 pragas do Egipto!!!
John Martin - The Seventh Plague (1823)

04 June 2023

SETE OUTROS LADOS DE BOB DYLAN


1) A 24 de Maio de 1941, no St. Mary’s Hospital, de Duluth, no Minnesota, nascia Shabtai Zisel ben Avraham, primeiro filho de Abram/Abe H. Zimmerman e Beatrice "Beatty" Stone, segundo rezam as crónicas, um bebé de 3.500 quilos, “do tamanho de uma truta bem encorpada”. Não seria pelo nome judaico que o mundo o viria a conhecer, nem sequer pelo de Robert Allen Zimmerman do qual se desembaraçaria a 2 de Agosto de 1962 trocando-o por Bob Dylan. Era a segunda geração de judeus ucranianos já nascidos em território norte-americano. O avô, Zigman Zimmerman (nome hebraico, Zisel – “Não faço ideia onde foram arranjar um apelido alemão”, diria o neto numa entrevista à “Playboy”, em 1978), nascera no dia de Natal de 1875, no porto ucraniano de Odessa, e crescera num clima social de violento anti-semitismo. Em 1907, fugindo aos pogroms do czar Nicolau II, chegaria a Nova Iorque e daí viajaria para noroeste, até Duluth. Três anos depois, trabalhava ainda como vendedor ambulante mas chamaria a mulher e os filhos para irem ter com ele aos EUA. Quando Abe nasceu, em 1917, Zigman – que, então, respondia já por Zigmond H. Zimmerman – era angariador de seguros para a Prudential Life Insurance Co. Abe seria vendedor de electrodomésticos e "senior manager" da Standard Oil, mas uma poliomielite acabaria por lhe destroçar todos os sonhos. (daqui; segue para aqui)