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Neko Case - Middle Cyclone
Há que ser absolutamente honesto e reconhecer que, se Neko Case se agrafou ao imaginário do bom povo indie, deve-o tanto à sobreexcelência da sua música como a duas ou três sessões fotográficas – nomeadamente, uma particularmente interessante onde, de forma assaz persuasiva, fazia uma convincente demonstração da sua destreza diante de uma mesa de snooker. Iconografia à parte, a designação country-noir deverá ter sido criada de propósito para ela. Ou, na verdade, por ela, em Blacklisted (2002) e Fox Confessor Brings the Flood (2006), dois tornados de pesadelos lynchianos em tonalidade "american-gothic" eléctrica vermelho-sangue.
Middle Cyclone representa-a, agora, na capa, em pose de valquíria, de sabre em punho, cavalgando um Ford Mustang, e derrama sobre nós o imenso deleite de a ouvir expelir tições em brasa como “She is the centrifuge that throws the spires from the Sun, the Sistine Chapel painted with a Gatling gun” ou “I lie across the path waiting just for the chance to be a spiderweb caught in your lashes”, por entre um batalhão de seis pianos resgatados para o seu celeiro do Vermont, versões de Harry Nilsson ("Don't Forget Me") e dos Sparks ("Never Turn Your Back On Mother Earth"), um coral de 30 minutos de criaturas silvestres (“Marais La Nuit”, a última faixa), gente amiga como M Ward, Garth Hudson, e "old acquaintances" dos Calexico, Giant Sand, Los Lobos e New Pornographers.
(2009)
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