31 March 2014
Não venhas embora sem passar
pela aromaterapia
"(...) É no SPA que o Rodrigo, com calções azuis e pequenos golfinhos, comprados antes de a Throttleman se apresentar à insolvência, e a Carlota, pais do Salvador e da Benedita, se deviam reconciliar com a vida (...)" (aqui)
"Não era um facto, insistia o director do SPN, que tudo o que ali se mostrava era 'a verdadeira imagem da felicidade', da 'felicidade sem apetites e sem ambições'? Para quê ensinar então o povo 'a ser ganancioso, a querer mais, por vezes, do que precisa e deseja'? (...) O povo parecia viver contente 'a rezar, a dançar e a cantar dando lições de optimismo às cidades fatigadas, pessimistas, compreendendo como poucos, o ressurgimento português, mais ávido de bens espirituais - a Escola, a Igreja, a Família - do que materiais'. Naturalmente que a aldeia era pobre e madrasta. Mas, para António Ferro, Monsanto era 'a imagem empolgante da nossa pobreza honrada e limpa'" (António Ferro - A Vertigem da Palavra, Margarida Acciaiuoli)
Novos desenvolvimentos teóricos em torno do "totalitarismo do orgasmo" englobando, agora, o "postulado lascivo", o "mito libertino contemporâneo" e o "axioma sensual" que, "decretando o prazer venéreo como supremo e absoluto", dão cabo da cabeça às gentes (Mestre, eu já os avisei, mas olhe que até Grandes Vultos defensores dos mais elevados valores não estão imunes à peçonha lúbrica...)
30 March 2014
O orgão oficial da Vaticano S.A. informa-nos como um dos franchises da empresa é de grande utilidade para o p.o.v.o. local e faz-nos pensar quão bem-vindo seria um patrocínio da EDP para a celebração dos "Mistérios Luminosos de Cristo" (efeitos especiais e tal...)
O porta-chaves que é porta-voz garante que não é por causa do pó mas que há ali pessoal que sonha dia e noite com o tempo dos Borgias
"As personagens da República, que em público se angustiam com o futuro da democracia, precisavam de olhar longamente para elas próprias, porque são elas o maior agente da dissolução de uma vida política limpa, dura e séria. As raposas não guardam o galinheiro" (VPV)
29 March 2014
O Porto, já espiritualmente elevado pelas boas vibrações da Universidade Fernando Pessoa, desfruta, agora, também do esoterismo... err... ci... err... en... err... tí... err... fi... err... co do simpósio "Aquém e Além do Cérebro" da Fundação Bial cujo presidente afirma "Sou um homem com as minhas convicções desde muito jovem e, portanto, sou um espiritualista. Admito a existência da espiritualidade e admito que eu não sou propriamente o corpo, mas sou a partícula de energia que anima este corpo" - há cidades cheias de sorte... (aguarda-se que o "Público", com trabalhos de referência nesta área - I, II, III, IV, V -, não se fique por isto e que a RTP continue a cumprir o seu dever de serviço público de televisão)
28 March 2014
Esta malta toda só pode andar a dar-lhe forte na branca (involuntariamente, claro, há que ser compreensivo)
JJ Cale - "Cocaine"
"No dia 17 de Março, a RTP usou sete minutos do Telejornal para fazer publicidade a um especialista em 'medicina popular' que afirma fazer diagnósticos médicos medindo, aos palmos, a roupa dos pacientes. No dia 18, concedeu mais sete minutos de tempo de antena a um 'endireita' que diz ter um 'dom' que 'herdou do pai', que trata 'males dos ossos e dos nervos de uma forma que não tem explicação', mas que terá demonstrado, com um galo, a validade do seu tratamento em tribunal. No dia 19, mais seis minutos e 15 segundos no horário mais nobre da televisão pública foram dedicados a uma cartomante que diz acertar em 90% das vezes. No dia 20, mais sete minutos e 24 segundos de publicidade a uma fitoterapeuta que afirma fazer diagnósticos de doenças graves através da leitura da íris, diz tratar o cancro de uma paciente com uma raiz que 'tem a forma do corpo humano' e conclui dizendo que 'a quântica pode determinar a data da morte do ser humano'. No dia 21 de Março, mais sete minutos de horário nobre para promover um médium que afirma 'incorporar' os espíritos 'de quem partiu, geralmente santos'.
Em cinco dias, a televisão pública usou 41 minutos e 39 segundos do Telejornal para fazer publicidade a produtos e serviços milagrosos. Isto não é serviço público. Serviço público seria contribuir para desmistificar estas crenças. (...) A televisão pública portuguesa não poderia simplesmente assumir-se como um magafone acrítico dos curandeiros e cartomantes. Porque isso não é jornalismo. É publicidade enganosa. Seria grave em qualquer contexto. Mas na RTP, que recebe dinheiro de todos os consumidores de electricidade em Portugal, incluindo dos cegos, para fazer serviço público, é inadmissível". (aqui)
Em cinco dias, a televisão pública usou 41 minutos e 39 segundos do Telejornal para fazer publicidade a produtos e serviços milagrosos. Isto não é serviço público. Serviço público seria contribuir para desmistificar estas crenças. (...) A televisão pública portuguesa não poderia simplesmente assumir-se como um magafone acrítico dos curandeiros e cartomantes. Porque isso não é jornalismo. É publicidade enganosa. Seria grave em qualquer contexto. Mas na RTP, que recebe dinheiro de todos os consumidores de electricidade em Portugal, incluindo dos cegos, para fazer serviço público, é inadmissível". (aqui)
A teoria dos universos paralelos, perpendiculares ou completamente à nora, explicada pelos putos da turma que têm dificuldades com a tabuada
27 March 2014
Mês após mês alarga-se a dimensão do escândalo tricológico!
Maputo, 27.03.2014, sob o olhar reprovador do Secretário de Estado do Supositório
... e, já que se fala de tricologia, atentai!
Machete, pá, não percas tempo e corre a explicar que, na verdade, eram pessoas muitíssimo doentes, em intolerável sofrimento, e tratou-se apenas de uma assaz misericordiosa eutanásia
26 March 2014
Juram que o catraio conseguiu
dizer isto sem se rir?...
... só pode ter treinado durante horas a olhar
para a real fronha do papá...
para a real fronha do papá...
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Tudo o que contribua para desmascarar o velho Ziggy, trafulha vienense, é bem-vindo; mas que seja através de neurociências a sério e não de outros tolos da mesma laia do Ziggy que nos peçam para "suprimir voluntariamente certas memórias" (???) - ... errr... como se faz?... é que, assim de repente, voluntarissimamente, havia uma boa dúzia delas que suprimia já...
ISTO NÃO É A TORRE DE BABEL
René Magritte poderá ter-se transformado num dos mais reconhecíveis ícones da cultura pop – directa ou obliquamente citadas, várias obras suas figuram em diversas capas de álbuns e, na "remake" de The Thomas Crown Affair, de 1999, o homem do chapéu de coco de Le Fils de l'Homme, infinitamente multiplicado, ao som do "Sinnerman", de Nina Simone, contribui decisivamente para o clímax do filme – mas a sua única verdadeira contribuição para a música popular foi ter inspirado a óptima "René And Georgette Magritte With Their Dog After The War”, de Paul Simon. Não será, por isso, abusar muito dele se nos socorrermos da sua Trahison des Images (o célebre quadro com a imagem de um cachimbo sob a qual se lê “ceci n’est pas une pipe”/isto não é um cachimbo) para falarmos das Brazilian Girls. Tal como aquilo não é, de facto, um cachimbo mas apenas a representação de um cachimbo, no grupo de Sabina Sciubba surgido há dez anos em Nova Iorque, ela era a única "girl", nenhum dos elementos era brasileiro e, se na exuberante música da banda havia partículas tropicais, eram apenas um entre mil condimentos sonoros.
Pode afirmar-se, agora, algo também aparentemente paradoxal sobre a primeira gravação a solo, “Toujours”, de Sabina: não se parece com nada que conheçamos mas, logo na primeira faixa, "Cinema", dir-se-ia que escutávamos Nico, numa versão parisiense dos Velvet Underground, reinventando "Sunday Morning" como pretexto para um comentário ao declínio do cinema (“now you are an old whore who has lost all her charms (...) who are you today, propaganda or art?"). Parisiense, aliás, é para despistar: Sabina é ítalo-alemã com trajectória entre Roma, Munique, Nice e Nova Iorque, e o álbum, literalmente "found in translation", é intensamente poliglota, tanto nos textos (francês, inglês, alemão, italiano) como nos idiomas musicais (chapadões punk, mariachi solar, borrões de jazz, "chanson" abadalhocada de cabaret, stereolabismos avulsos, à vez ou tudo ao mesmo tempo), mas erigindo uma torre de Babel prodigiosamente compreensível e acolhedora. Uma esclarecedora síntese instantânea pode descobrir-se no videoclip de "Toujours": variação rudimentarmente animada em torno do mito de Lady Godiva – com jumento no lugar do cavalo –, Sabina, de ukulele a tiracolo, viaja pelo mundo, os supermercados, o sistema circulatório e a história da arte. Como uma paródia audiovisual sobre o “Lost Jokey” de Magritte.
25 March 2014
St. Vincent - "Birth In Reverse"
Oh what an ordinary day
Take out the garbage, masturbate
I'm still holding for the laugh
The dogs will bark, so let them bark
The birds will cry, I'll let them cry
Here's my report from the edge
Like a birth in reverse
What I saw through the blinds
You could say that I'm sane
In phenomenal lies
I'm the cause; make a turn
Near the party line
Like a birth in reverse
In America
This too will haunt me through the war
Laugh all you want, but I want more
'Cause what I'm swearing, I never sworn before
Like a birth in reverse...
... e, a seguir, exporá o Big Brother/Casa dos Segredos, também envolvidos "por uma sensual malha em croché", com mais "lavatórios" e "chuveiros" a "desafiarem a ordem racional do espaço arquitectónico"
Aleluia! Aleluia! O fedelho Bragança já pode comprar tabaco sozinho e apanhar legalíssimas bezanas o que, sem dúvida, irá contribuir para afastar a "ameaça da mecânica democrática"
Coisa mailinda, riqueza do seu papá
24 March 2014
23 March 2014
The Cat That Hated People - real. Tex Avery (1948)
Banda sonora de Scott Bradley, primeiro exemplo de
música serial dodecafónica no cinema:
"(...) The Mozart Effect has been debunked; listening to Mozart does not, in fact, make kids smarter. But the idea that classical music is good, and good for you, remains. Indeed, the fable we’ve built up for ourselves about classical music’s goodness may hinder the dissemination of certain kinds of contemporary classical music. If classical music, with its rules of tonality and harmony and its set, classical forms of concerto, symphony and quartet, is perceived, even unconsciously, as a moral entity, people may react negatively when music posing under the classical mantle doesn’t express the kind of 'good' they expect from it. And from here, it is but a short step to the idea that classical music is morally superior — that it makes you not only better, but better than others (...)". (aqui; ler George Steiner aqui e aqui)
22 March 2014
"Para um frequentador compulsivo de livrarias essa voz dos livros não é estranha, mas nunca me tinha perguntado sobre as suas razões e, em cada caso, há razões. Como quase tudo o que é interessante na vida é movido a curiosidade, o grande motor intelectual de sempre. Surpreende-me aliás o pouco que se escreve sobre a curiosidade, dado o papel que ela tem no modo como nos movemos pela cabeça e pelo corpo. Pode-se assistir a dezenas de colóquios e debates sobre o conhecimento, a inovação, a aprendizagem, a escola, as empresas, a arte, a literatura, e embora haja referências à curiosidade, de um modo geral está subvalorizada. Posso-me enganar, mas sem curiosidade é-se pouco mais do que um idiota especializado, com ênfase no idiota" (JPP)
21 March 2014
"The Son of Man is a prominent motif in the 1999 art heist remake of The Thomas Crown Affair. In this film, a copy of the painting is prominently displayed in the home of the protagonist. The love interest takes note of it as 'the stereotypical faceless businessman'. The protagonist of the film uses numerous accomplices, all dressed like the subject of the painting, to confuse the police while he enters the museum to apparently return the painting he stole earlier in the film. The bowler-hatted men all carry identical briefcases full of copies of The Son of Man" (aqui)
The Thomas Crown Affair - real. John McTiernan (1999)
"We challenged food writer (and keen singer) Jack Monroe to busk on the streets of London. To help her nail her first gig, musician Billy Bragg went along to share his tips for success. They set up outside Camden Town tube station and treat passersby to renditions of Billy's classic 'New England' and Bob Dylan's 'The Times They are a-Changin'" (aqui)
Uma revolução inspirada, por exemplo, no pensamento daquele "homem muito bem intencionado, com um fundo muito bom"?
20 March 2014
Que melhor forma de comemorar o Dia Internacional da Felicidade do que assistindo à "busca da felicidade" de "Crisóstomo, que aos 40 anos acordou para a realidade de não ter filhos" (quiçá em consequência do pavor de ter de enfrentar a temível Vagina Dentata)?
"'Foram eles [todos os ministros da educação que se sucederam na pasta depois de 1974], e não os professores, que não souberam enfrentar o problema da massificação da escola; foram eles, e não os professores, quem elaborou os programas; e foram eles, e não os professores, quem levou as classes médias a retirarem os filhos do ensino público. (...) O que está a acontecer com a escola de massas é a proletarização da profissão docente e uma tentativa, caída de cima, de robotizar a profissão, com os professores a tentarem sobreviver, ignorando sempre que podem, e podem pouco, os disparates que caem de paraquedas, directamente do ministério'. Por acreditar que os professores precisam de se sentir acarinhados 'quer pelo poder quer pela sociedade', [Maria Filomena Mónica] considera que o melhor que Nuno Crato podia fazer pela escola pública era deixar os professores em paz. 'Deixá-los preparar lições, dar aulas e corrigir os exames dos alunos, em vez de os pôr a preencher relatórios que não servem para nada'". (MFM)
... é melhor descobrirmos depressa o que andaram os nossos antepassados a fazer no século XIX que ainda nos obrigam a pagar, com juros, os impostos deles em atraso...
19 March 2014
A MATRIZ (I)
"Segundo [Salazar], vínhamos 'da época dourada em que, por uma interessante ilusão de contabilidade se gastara não os rendimentos mas os capitais acumulados pela nação, capitais que foram consumidos e que tinham de ser reconstituídos'. (...) Era 'velha a pecha em Portugal de levarem os portugueses vida com que não podem, assim como não administrarem devidamente aquilo que dispõem'" (António Ferro - A Vertigem da Palavra, Margarida Acciaiuoli)
QUALQUER COISINHA DE PORTUGUÊS (XXV)
Momento imperdível no "intermezzo" dominical de "sit-down comedy" de Marcelo Rebelo de Sousa é aquele em que o Professor, possuído de arrebatamento patriótico, informa a nação sobre os feitos gloriosos do 12º D da escola secundária da Abelheira-Norte no torneio de batalha naval de Arnac-la-Poubelle, em França, canta a imortal gesta da empresa de jardinagem da Lourinhã que sacou um contrato catita para se ocupar das estrelícias na mansão do actor de Hollywood que aparecia em duas sequências de um "thriller" que esteve quase a ser nomeado para os Óscares em 1987, e cobre de louvores a poesia épica da jovem autora de Arganil cuja obra de estreia foi, na semana passada, referida numa nota de rodapé do suplemento literário da “Westmorland Gazette”, de Kendal, UK. Não é senão, no fundo, o eloquentíssimo porta-voz da mui profunda ânsia lusa de descobrir qualquer coisinha de português nos mais ínfimos recantos do cosmos que, por exemplo, recentemente, nos fez saber que, há 150 milhões de anos, o maior dinossauro carnívoro da Europa era português ou que, na medalha de bronze em saltos para a água dos Jogos Olímpicos de Londres, havia genes lusitanos (Meaghan Benfeito, a medalhada, tem antepassados açorianos mas nasceu em Montreal, os pais também, e só fala inglês e francês).
Sky Ferreira - Night Time, My Time
É, porém, de toda a conveniência não se deixar encandear pelo brilho fulgurante de tão heróicas sagas, como aconteceu, há pouco, com o Presidente Cavaco Silva – esse intrépido defensor dos valores da família – que, certamente por desleixo dos seus assessores, num encontro com a comunidade portuguesa do Canadá, atribuiu a comenda da Ordem do Infante D. Henrique a Nelly Furtado, autora e intérprete de "Promiscuous" (“Promiscuous girl, wherever you are I’m all alone and it's you that I want, promiscuous boy, you already know that I’m all yours, what you waiting for?”), intolerável atentado à moral e aos bons costumes (aliás, com pecaminoso vídeo a condizer). Seria bom que – atenção Professores Marcelo e Aníbal! –, o erro não voltasse a repetir-se, agora que o álbum de estreia da também luso-descendente Sky Ferreira (Night Time, My Time – só o título...) é publicado no Reino Unido: catraia com tamanha pinta de "heroin chic" e que, com tal impudicícia, exibe na capa de um disco o nada impante tórax, não deverá ser bem-vinda – os genes que se lixem! – na santíssima terra que acolheu de braços abertos a visitante da Cova da Iria.
18 March 2014
É tremendamente difícil decidir quem é mais idiota: se a seita de fãs de esquerda do Chico Fofinho, se o gang de fãs de direita do CEO da Vaticano S.A. (que, vendo bem, "et pour cause", até está bastante mais próximo da verdade) - a direita sociopata não conta
17 March 2014
Que seria de nós sem o Mestre? Não existisse Ele e alguma vez descobriríamos que "o tempo é superior ao espaço, a unidade prevalece sobre o conflito, a realidade é mais importante do que a ideia, o todo é superior à parte"? E, porque (citando outra grande filósofa contemporânea) não há coincidências, não será esse o significado oculto da mensagem deste profeta revolucionário que nos há-de guiar até à Luz?
Anticapitalista, antijacobino, federalista, girondino, cristão, social(ista), clownista e, muito provavelmente, cristianoronaldista... esqueci-me de alguma coisa?
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