"Para um frequentador compulsivo de livrarias essa voz dos livros não é estranha, mas nunca me tinha perguntado sobre as suas razões e, em cada caso, há razões. Como quase tudo o que é interessante na vida é movido a curiosidade, o grande motor intelectual de sempre. Surpreende-me aliás o pouco que se escreve sobre a curiosidade, dado o papel que ela tem no modo como nos movemos pela cabeça e pelo corpo. Pode-se assistir a dezenas de colóquios e debates sobre o conhecimento, a inovação, a aprendizagem, a escola, as empresas, a arte, a literatura, e embora haja referências à curiosidade, de um modo geral está subvalorizada. Posso-me enganar, mas sem curiosidade é-se pouco mais do que um idiota especializado, com ênfase no idiota" (JPP)
22 March 2014
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8 comments:
Permito-me acrescentar um outro tipo de curiosidade, aquela que põe gente a mexer e a desmontar e a montar e a articular e a criar de outras formas, pessoas muito distantes da idiotia e que nunca leram um livro, fosse por não terem aprendido a ler, fosse por apresentarem um desinteresse/interesse secundário face às outras peças do mundo, como os livros.
O JPP consegue ser muito parcial quando quer, isto é, quando o alvo a abater precisa de ser desintegrado e que se lixem as vítimas dos estilhaços.
Já não é a primeira vez que me apetece fazer-me à estrada e ir à Marmeleira pregar-lhe meia dúzia de tabefes e obrigá-lo a comer a sopa toda. Por exemplo.
Esta coisa da cultura e das leituras tem muito que se lhe diga. Prefiro Zen.
... mas, por esse tipo de curiosidade - "aquela que põe gente a mexer e a desmontar e a montar e a articular e a criar de outras formas" - existir, isso não exclui necessariamente a outra.
Claro que não, chega a existir gente que leu um único livro durante toda a sua vida e tanto bastou para uma rara sageza.
O Pacheco é o exemplo mais perfeito da diferença entre saber e sabedoria.
Um homem culto mas muito fraco em sabedoria.
"Eu não gosto muito de ler. Meu irmão mais velho, de três em três meses, aparece em casa com vários livros, dizendo: "esse você precisa ler, Ian". Mas eu não tenho muita paciência. Acho que é porque a história dos livros nunca é a história real, por mais que tente ser.[...] Livros são muitas palavras e palavra por palavra eu prefiro palavras cruzadas".
Ian McCulloch
Fonte: http://www.screamyell.com.br/musica/ianinterviewmac.html
Salmos 42
versículo 7 Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas catadupas; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado sobre mim.
'para a vala comum, já!'
"Um abismo chama outro abismo"
Já anulei o voto com essa. Mas em latim - "abyssus abyssum invocat" - que é mais fino e sempre desorienta os escrutinadores.
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