31 July 2022
29 July 2022
28 July 2022
27 July 2022
26 July 2022
25 July 2022
24 July 2022
23 July 2022
22 July 2022
Um cheirinho de Novicoiso no gin-tonic?
(sequência daqui) Combat Rock iria ser o último álbum dos Clash (não contando com Cut The Crap, de 1985, extertor final que, dos Clash originais, apenas reteria Joe Strummer). Inicialmente pensado como um duplo intitulado Rat Patrol From Fort Bragg, nos estúdios Electric Lady de Nova Iorque acabaria por se afastar do plano original de um regresso ao rock’n’roll primordial e incluir diversas colagens sonoras, uma secção de "spoken word" pelo poeta beat Allen Ginsberg em “Ghetto Defendant” (“Starved in metropolis, hooked on necropolis, addict of metropolis, the worm on the acropolis, slam dance the cosmopolis, enlighten the populace (...) Guatemala, Honduras, Poland, 100 years war, TV re-run, invasion, death squad, Salvador, Afghanistan, meditation, old Chinese flu, kick junk, what else can a poor worker do?”) e outra pelo street artist Futura 2000 em “Overpowered by Funk” (“Car crashed, food for the hungry millions? Funk out! Home for the floating people? Funk out! Over-drunk on power, Funk out! The final game will be solitaire, over-drunk on power, funk out”). Mas, sobretudo, "Should I Stay Or Should I Go", "Rock The Casbah" (uma parábola acerca da proibição da música nos regimes islâmicos fundamentalistas) e "Straight To Hell" que Simon Reynolds descreveria como "around-the-world-at-war-in-five-verses guided tour of hell-zones where boy-soldiers had languished”. Jim Jarmusch, em declarações à “Uncut”, preferir-lhes-ia a faixa de abertura, "Know Your Rights": “É um dos meus momentos favoritos em toda a história do rock’n’roll. Joe Strummer é um autor muito inteligente: trata-se, na verdade, de um alerta disfarçado de proclamação. E fá-lo com aquela tonalidade vocal dele, vigorosa e insolente, carregada de indignação. Por estes dias, 1982 parece-nos um ponto muito longínquo no tempo. Mas esta canção, em 2022, ressoa ainda mais poderosamente com todo o autoritarismo que se vai expandindo sobre o globo como as sombras no pôr do sol. Vivam os Clash!” (segue para aqui)
21 July 2022
20 July 2022
19 July 2022
18 July 2022
A ÚNICA BANDA QUE IMPORTA
Ainda a invasão da Ucrânia pelos exércitos russos de Putin não tinha completado um mês e já Bohdan Hrynko, Oleg Hula e Andriy Zholob (o trio punk-hardcore ucraniano Beton) tinham corrido até um estúdio de Lviv para gravar a banda sonora e, logo a seguir, o vídeo do apelo à resistência e solidariedade anti-imperialistas. Qual cantiga seria essa arma? "London Calling" – canção-título do terceiro álbum de The Clash (1979), inspirada pelo indicativo da BBC nas emissões para a Europa acupada pelas tropas nazis durante a segunda guerra mundial – em versão adaptada às actuais circunstâncias e imediatamente abençoada pelos Clash sobreviventes: “Kyiv calling to the zombies of death, quit holding Putin up and draw another breath, Kyiv calling see we cannot retreat, we’re already home so Russia ships fuck you! Kyiv is rising, we live for resistance!” Zholob, o guitarrista, vocalista e ortopedista que, na frente de combate, se dedica ao tratamento de soldados feridos e vítimas civis, é, segundo ele, “apenas um entre muitos outros músicos que trocaram as guitarras pelas armas na defesa do território”. Não espanta, pois, que tenham optado por uma canção dos Clash que, tal como, décadas atrás, Woody Guthrie anunciava, sempre encararam as canções como armas de elevada precisão. (daqui; segue para aqui)