19 March 2009

AH, PRONTO, ENTÃO ERA ISSO...



O bispo de Gap, em França, considera que as palavras do Papa foram mal interpretadas: “Sabemos que nem toda a gente tem possibilidade de obter preservativos e que, em alguns casos, o mesmo preservativo é utilizado várias vezes e por pessoas diferentes, mas é claro que o Papa não vai entrar nestes detalhes. Penso que é isto que queria dizer quando evocou o problema”. (aqui)

...de facto, os detalhes são um bocadinho badalhocos mas, se virmos bem, nada que se compare, em grau de badalhoquice, com a história da igreja católica. Por outro lado, há que reconhecer que o Sumo Patífice até pode ser o género de criatura com quem fica mal ser visto em público mas não deixa de ter sentido de humor:

"Bento XVI convidou a Igreja católica a 'defender vigorosamente os valores essenciais da família africana' * ante as consequências da 'modernidade e da secularização na sociedade tradicional'. Também enfatizou a formação dos fiéis para resistir à 'expansão das seitas e dos movimentos esotéricos e a influência crescente das formas de religião supersticiosas, ** assim como o relativismo'". (aqui)



* "Polygamy existed all over Africa as an aspect of culture or/and religion. Plural marriages have been more common than not in the history of Africa. Many African societies saw children as a form of wealth thus the more children a family had the more powerful it was. Thus polygamy was part of empire building. It was only during the colonial era that plural marriage was perceived as taboo. Esther Stanford, an African-focused lawyer, states that this decline was encouraged because the issues of property ownership conflicted with European colonial interest. It is very common in West Africa (Muslim and traditionalist)".

** apesar de, provavelmente, não ter um sentido de humor tão requintado como o do Sumo Patífice e não ser capaz de identificar um par de sinónimos (religião=superstição) mesmo que ele lhe salte da frigideira para o olho, a Dona Guilhermina deve ter sido das primeiras a aplaudir.

(2009)

4 comments:

Lolita of the Classics said...

I simply adore the man with a condom on his nose. Why didn't I think of that? Party trick!

João Lisboa said...

It's not "the man", Lolita, it's Satan Himself!!!

Anonymous said...

Sobre aquela questão teológica:

- Qual é a sua altura quando se endireita?
- Quase um metro e setenta e cinco. Mas é difícil uma pessoa erguer-se, direita, quando está no ponto mais baixo da sua vida.
- Também foi difícil quando fez o liceu não apenas com um metro e setenta e cinco, não apenas com um intelecto manifestamente activo, mas ainda por cima com um peito de tábua de engomar.
- Aleluia, um homem compreende-me.
- Não a si. A mamas. Entendo de mamas. Estudo mamas desde os treze anos. Não creio que haja qualquer órgão ou parte do corpo que evidencie tanta variação em tamanho como as mamas das mulheres.
- Eu sei – respondeu Madeleine, que se mostrou de súbito francamente divertida e começou a rir. E a que se deve isso? Porque permitiu Deus essa enorme variação no tamanho dos seios? Não é espantoso? Há mulheres cujos seios têm dez vezes o tamanho dos meus. Ou até mais. Não é verdade?
- É, é verdade.
- Há pessoas com o nariz grande. O meu é pequeno. Mas há alguém com o nariz dez vezes maior do que o meu? Quatro ou cinco vezes, no máximo. Não sei porque fez Deus isto às mulheres.
- Talvez a variação concilie uma vasta variedade de desejos. No entanto – acrescentou, pensando melhor-, os seios, como você lhes chama, não existem fundamentalmente para atrair os homens: existem para alimentar crianças.
- Mas eu não creio que o tamanho tenha que ver com a produção de leite. Não, isso não resolve o problema da serventia dessa enorme variação.
- Talvez Deus não se tenha simplesmente decidido. Isso acontece com frequência.

in Teatro de Sabbath de Philip Roth

João Lisboa said...

Lá está.